A ABO/PA realiza na sexta-feira
(28/04) mais uma ação do projeto “Sorrisos Ribeirinhos”, com atendimento
odontológico para moradores das ilhas próximas a Belém. Os voluntários
(dentistas e acadêmicos) do projeto “Sorrisos Ribeirinhos”, da Associação
Brasileira de Odontologia, normalmente prestam atendimento na sede da ABO, no
bairro da Pedreira, em Belém. Os voluntários vão até as ilhas, marcam as datas
e os ribeirinhos vêm a Belém. Mas neste mês, a Associação buscou parcerias e
viabilizou transporte para levar a equipe até a ilha do Combú, onde serão
feitas palestras sobre saúde bucal e o próprio tratamento odontológico básico
para os ribeirinhos. O esforço é para garantir atendimento a um número maior de
pessoas.
Nas ilhas do Combú e do Murucutum
vivem aproximadamente 650 habitantes sem acesso aos serviços de assistência
odontológica.
Os profissionais e acadêmicos de
odontologia farão o atendimento clínico dos pacientes do Combú. “O problema
mais comum entre os ribeirinhos é a grande incidência de cáries, o que acarreta
a perda precoce de dentes, tanto os decíduos (de leite) nas crianças, quanto os
dentes permanentes”, destaca a cirurgiã-dentista Tamea Lacerda, que coordena o
atendimento no projeto. “Além dos problemas causados pela perda dos dentes, que
prejudica a funcionalidade, desde a mastigação até a fala, também há um
problema social. O paciente sofre com a falha estética, tendo mais dificuldades
em se relacionar, seja na escola ou no mercado de trabalho”, avalia Tamea.
O presidente da ABO/PA, Marcelo
Folha, avalia que “isso é reflexo da exclusão social, onde falta atendimento,
orientação e prevenção em saúde bucal”. Em comunidades mais carentes não há
acesso a serviços odontológicos ou abastecimento com água fluoretada.
Ribeirinhos recebem atendimento - Foto: Agência Belém |
O atendimento é continuado.
Assim, os moradores das ilhas voltam à ABO quantas vezes necessário para
concluir o tratamento. O projeto Sorrisos Ribeirinhos,
no Pará, faz parte do programa Um Sorriso do Tamanho do Brasil, em que a ABO
Nacional reúne as ações sociais mantidas pelas regionais de todo o país.
Estatísticas - No Brasil, 11
milhões de pessoas já perderam todos os dentes e quase a metade (47%) dos
brasileiros não utiliza o trio indispensável para a saúde bucal: escova, pasta
de dente e fio dental. Os dados alarmantes fazem parte da Pesquisa Nacional de
Saúde, feita pelo IBGE em 2016.
Em 2014, o Conselho Federal de
Odontologia realizou um levantamento em parceria com o Datafolha com 2.085 entrevistados
em 133 municípios, e constatou que cerca de 10% da população nunca foram ao
dentista. 68% dos entrevistados disseram que vão ao dentista uma vez por ano,
mas 20% afirmaram não ter condições financeiras para procurar um consultório
odontológico e 46% consideram difícil o acesso ao atendimento público. A
pesquisa mostrou ainda que 68% da população não sabe que tem direito ao
atendimento em saúde bucal na rede pública.
Segundo a Associação Brasileira
de Cirurgiões-Dentistas (ABCD), a cárie é uma doença bucal que, se não tratada,
pode trazer inúmeros outros problemas graves para a saúde ao longo de toda a
vida. No Brasil, bebês com idades entre um ano e meio e três anos já têm em
média um dente cariado. Entre as crianças brasileiras em idade escolar, de 60%
a 90% já têm cáries. No grupo de adolescentes com idades entre 15 e 19 anos, a
média de dentes afetados é de 4,2, exatamente o dobro do número médio
encontrado no grupo de 12 anos, que é de 2,1. A incidência média mundial aos 12
anos, por exemplo, é de apenas 1,6.
Esta idade de 12 anos é a faixa
etária utilizada mundialmente para avaliar a situação em crianças em relação à
incidência de cáries.
Embora o Brasil tenha avançado
bastante com relação à melhora da saúde bucal da população, saindo de uma
condição de média prevalência de cárie (2,7 a 4,4) em 2003 para a de baixa
prevalência (1,2 a 2,6) em 2010, esses dados do Ministério da Saúde mostram uma
situação muito preocupante. E a cárie é uma doença que pode ser prevenida, ou
seja, evitável.
A Associação Brasileira de
Odontologia
A Associação Brasileira de
Odontologia é uma entidade sem fins lucrativos, voltada para a formação e
qualificação profissional e com atuação em todo o País. Reúne mais de cem mil
dentistas, com representação nas 27 unidades da Federação, em cerca de 300
municípios. Em suas 80 Escolas de Aperfeiçoamento Profissional, a ABO
desenvolve 70% de todos os cursos de especialização registrados no Conselho
Federal de Odontologia.
Em 2017, a ABO comemora cem anos
de atividades no Brasil. No Pará, onde está presente há 74 anos, a ABO é
referência na realização de cursos de atualização, aperfeiçoamento e
especialização. A alta qualificação do corpo docente, formado por mestres e
doutores, e a excelente estrutura física são diferenciais da ABO/PA.
Parceria com a comunidade - Ações
de responsabilidade social fazem parte da missão da ABO, considerada a maior
rede de capacitação e divulgação científica em odontologia do Brasil.
A ABO/PA possui o Departamento de
Projetos Odontológicos Sociais, que reúne dentistas, acadêmicos e técnicos em
saúde bucal. O Departamento desenvolve os projetos “Sorrisos Ribeirinhos”, que
viabiliza o atendimento odontológico de moradores das ilhas próximas a Belém, e
“Sorrisos Felizes”, voltado para a educação em saúde bucal de crianças de
escolas públicas e moradores da área no entorno da sede da ABO.