Foto: Rodolfo Oliveira - Agência Pará |
“As mortes de macacos sinalizam os
locais onde o vírus pode estar circulando. Em um raio de dois quilômetros de
onde essas mortes foram registradas, independente do resultado ser positivo ou
não para febre amarela, estamos fazendo o bloqueio vacinal, isto é, imunizando
as pessoas que ainda não são imunizadas, conforme determina o protocolo do
Ministério da Saúde”, explica o diretor do Departamento de Controle de Endemias
da Sespa, Bernardo Cardoso.
Para garantir que a vacina chegue às
localidades mais distantes da cidade, agentes de saúde do Estado reforçam o
trabalho junto aos municípios, que também receberam novo aporte de vacinas.
Somente para o oeste do Pará, o governo já destinou cerca de 50 mil doses, para
imunizar, prioritariamente, as populações da zona rural, onde as mortes dos
macacos ocorrem. O maior reforço foi para os municípios de Alenquer, Curuá,
Monte Alegre, Óbidos e Oriximiná.
Sentinelas
Muitos relatos de mortes de macacos têm
chegado à Sespa nas últimas semanas. Em alguns casos, é possível coletar
material dos animais para envio ao Instituto Evandro Chagas, que faz a análise
para confirmar (ou não) a febre amarela; noutros, são encontradas apenas as
carcaças, já em decomposição. Em muitas comunidades rurais, encontrar primatas
sem vida é novidade.
O veterinário Fernando Esteves, que
coordena o Grupo de Trabalho de Zoonoses da Sespa, admite que muitos primatas
encontrados na zona rural – pelo menos 57 municípios já relataram essas
ocorrências – podem estar morrendo de febre amarela, mas é possível também que
alguns estejam sendo mortos por pessoas que, erroneamente, acreditam serem os
macacos os grandes vilões da febre amarela – um engano tão perigoso quanto
irresponsável.
O diretor do Controle de Endemias,
Bernardo Cardoso, afirma que é preciso alertar a população, sobretudo a que
mora nas áreas de floresta, que os macacos são sentinelas, não transmissores da
febre amarela. Eles cumprem a função de mostrar onde a vacinação deve ser feita
primeiro. “Não se deve matar o macaco, pois ele é tão vítima quanto nós, seres
humanos. O vírus da febre amarela é transmitido pelos mosquitos, não pelos
primatas”, reforça Bernardo Cardoso.
Os mitos e verdades envolvendo a febre
amarela serão abordados por campanha que será lançada na próxima semana nas
redes sociais pela Secretaria de Estado de Comunicação (Secom). Perguntas e
respostas serão ilustradas para ajudar a esclarecer a população sobre as particularidades
da doença, que não é registrada em centros urbanos no Brasil desde 1942. “É
importante que as pessoas saibam onde e como a endemia é transmitida e quais as
formas de prevenção, para que, junto do trabalho feito nos municípios, esse mal
possa ser controlado”, conclui o diretor.