Cadê a mata que estava aqui? As
florestas estão mudando todos os dias. Algumas mudanças são maiores, como a
queimada de uma região, e outras tão minúsculas que são difíceis de perceber a
olho nu. É para acompanhar a dinâmica da
paisagem e auxiliar no gestão da conservação
dos recursos naturais, que o projeto "Mamirauá: Conservação e Uso
Sustentável da Biodiversidade em Unidades de Conservação", o BioREC,
realiza o monitoramento ambiental.
"Monitoramento Ambiental é o
acompanhamento e a observação ao longo do tempo das mudanças e variações
ambientais, influenciadas por um determinado fator, como neste caso, a
agricultura migratória", diz a pesquisadora do Instituto Mamirauá, Jéssica
dos Santos.
Essas variáveis vão apontar se o
nível de transformação da floresta em áreas de criação de gado ou de
agricultura, influenciam no estado de conservação, ou degradação desta região
estudada. O BioREC realiza o monitoramento ambiental na Reserva de
Desenvolvimento Sustentável Amanã, uma das maiores áreas protegidas das Américas,
localizada no estado do Amazonas.
No espaço e com os pés no chão -
os tipos de monitoramento
Não é fácil observar os 2.350.000
hectares da Reserva Amanã. Por isso, o projeto BioREC escolheu áreas da reserva
onde a agricultura e a pecuária são mais intensas. São dois tipos de
monitoramento ambiental: a observação em campo e por sensoriamento remoto.
A equipe do Insituto Mamirauá,
unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações, faz viagens peródicas à unidade de conservação para coletar e
analisar dados das transformações ocasionadas pela conversão florestal em áreas
agrícolas. A parceria que o Instituto cultiva com os comunitários da Reserva
Amanã, que agem como guardiões da terra, é fundamental na observação em campo.
Já os dados de sensoriamento
remoto vêm de muito mais longe. Do espaço, para ser mais específico. O projeto
BioREC usa imagens de satélite para essa etapa do Monitoramento Ambiental. As
imagens, com alta qualidade de detalhes, são produzidas com sensores óticos que
captam a energia refletida e emitida pela superfície, e permitem aos
pesquisadores extrair informações físicas que ajudam na análise como, por
exemplo, mapear a diferença entre áreas de florestas primárias (que tiveram
pouca alteração do homem), florestas secundárias (aquelas que se recuperam
depois de uma perturbação) e roçados.
No projeto BioREC, a observação
de campo não vive sem o sensoriamento remoto e vice-versa. "Os dois tipos de
Monitoramento trabalham juntos o tempo todo, porque um ajuda a validar a
informação do outro", explica Jéssica dos Santos. "A observação em
campo confirma dados que as imagens de satélite apontam e o sensoriamento
amplia em muito a área de monitoramento, que nós não conseguiríamos fazer
pessoalmente".
O BioREC e o monitoramento
ambiental
O monitoramento ambiental
contribui para entender e acompanhar o uso do solo e a dinâmica florestal nesta unidade de
conservação. Ele também ajuda a ver a contribuição da agricultura de pequena
escala para liberar ou estocar carbono nos solos e florestas, que é um dos
principais objtetivos do projeto BioREC. Todo esse trabalho vai gerar mapas de
apoio à pesquisa e gestão da Reserva Amanã.
Para reduzir e transformar práticas
que geram conversão florestal, degradação ambiental e emissões de gases de
efeito estufa, o Instituto Mamirauá desenvolve, desde 2013, o BioREC. O projeto
é financiado pelo Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), e tem duração de cinco anos. Saiba mais sobre o
Monitoramento Ambiental e outras linhas de atuação do projeto na Amazônia.