Aos seis anos de idade, o
advogado Renan Figueiredo brincava com os amigos durante uma festa junina, no
conjunto onde residia, e foi soltar um foguete sozinho. Fez um movimento brusco
com os braços para atirar a bomba, e ela caiu em suas costas. A queimadura foi
superficial, mas deixou uma lição. Hoje, aos 30 anos, o advogado está sempre
atento ao manuseio de fogos, principalmente entre as crianças.
“Sempre recomendo às crianças
para não soltarem fogos, e aos adultos para manterem a distância de seus
corpos. Se não fosse o pai do meu amigo, que na época me socorreu a tempo, a
queimadura poderia ter sido grave”, contou Renan Figueiredo.
Com o objetivo de evitar esse
tipo de acidente, desde maio o Corpo de Bombeiros Militar do Pará intensifica
as vistorias nos estabelecimentos que comercializam fogos de artifício em
Belém, para prevenir problemas desde a venda. Durante as festas juninas, uma em
cada 10 pessoas que soltam fogos sofre algum acidente, segundo dados do Corpo
de Bombeiros.
“Todo local precisa estar com a
liberação do Corpo de Bombeiros em dia, assim como a certificação do Exército
Brasileiro. Verificamos se as saídas de emergência estão bem localizadas, as
formas de armazenamento dos fogos, que precisam estar longe do chão, em
prateleiras de no máximo 2 metros. Os corredores precisam ter pelo menos um
metro de largura para facilitar a retirada do material sem causar nenhum dano”,
explicou o capitão Raimundo Nonato Moura, coordenador do Centro de Atividades
Técnicas da corporação.
Atendimento imediato - Em caso de
queimaduras, a vítima deve solicitar uma viatura-resgate pelo número 190. Para
aliviar a dor, deve-se mergulhar a parte queimada em água corrente e não
utilizar produtos caseiros, como creme dental e manteiga. O auxílio médico tem
de ser solicitado com urgência.
“Algumas dessas substâncias podem
aprofundar as lesões e atrapalham o diagnóstico inicial. A pasta tem a sensação
de refrescância, mas acaba mascarando a sensação de dor, e possui produtos
químicos que podem piorar a lesão. Esses produtos caseiros, como pasta dental, café
ou manteiga, têm que ser evitados”, orientou Milvio Neto, coordenador do Centro
de Tratamento de Queimados (CTQ), do Hospital Metropolitano de Urgência e
Emergência (HMUE).
O centro é referência na Região
Norte no tratamento de vítimas de queimaduras, e dispõe de 22 leitos, sendo
dois na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), dois na urgência e 18 para
internação, além de bloco cirúrgico com duas salas.
Os pacientes que passam pelo CTQ
recebem tratamento multiprofissional, incluindo o trabalho de psicólogos,
terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, nutricionistas e de outras
especialidades.
Em 2016, o CTQ atendeu 533
pacientes, e 563 no ano anterior. Em 11 anos de funcionamento, de março de 2006
a maio de 2017, já passaram pelo centro 6.308 pacientes. “Não temos dados
específicos sobre vítimas de fogos juninos, mas elas aumentam nessa época do
ano. A maioria é formada por homens, que normalmente estão sob o efeito de
álcool”, esclareceu Milvio Neto.
Cuidados para evitar acidentes:
- Ler as instruções impressas na
caixa, pois cada fogo de artifício tem uma forma diferente de manuseio, que o
próprio fabricante informa na embalagem;
- De forma alguma usar/soltar
rojão com as mãos. Na embalagem vem o suporte para o uso do foguete.
- Deixar o rojão fixo na base,
para evitar queda e um grave acidente. É bom se certificar que a base do rojão
esteja firme.
- Não soltar qualquer tipo de
fogos em lugares fechados, embaixo de árvores e fiações elétricas ou perto de
animais.
- Crianças não devem soltar
quaisquer tipos de rojões. No caso de bombinhas, a compra e o manuseio devem
ser realizados por um responsável.