A Superintendência do Sistema
Penitenciário do Estado (Susipe) desenvolve o projeto “Receita do Futuro”, no
qual 66 internos trabalham produzindo as refeições que são servidas diariamente
nas unidades prisionais paraenses. A iniciativa está presente nas casas penais
dos municípios de Ananindeua, Bragança, Santarém, Altamira, Paragominas,
Marituba, Salinas, Itaituba, Abaetetuba, Capanema, Belém e nos distritos de
Mosqueiro e Icoaraci. Nessas unidades são produzidos o café da manhã, almoço e
jantar que são servidos aos internos. O projeto “Receita do Futuro” é
desenvolvido em parceria com a empresa CIAL Restaurantes Empresariais desde
2014.
No Presídio Estadual
Metropolitano I (PEM I) são feitos diariamente nove mil pães que abastecem as
unidades penais de toda a região metropolitana de Belém, incluindo o Complexo
de Santa Izabel - o maior do Estado, onde estão localizadas nove unidades prisionais.
Para atender toda a demanda, o
processo para a produção dos pães inicia pela manhã e a última fornada sai por
volta de 19h. Entre os funcionários que lidam com o processo da panificação
estão sete internos do regime fechado.
Aílton Rodrigues é quem gerencia
a panificadora e explica como funciona o processo. “Para fazer pão não tem
muitos segredos, mas ainda assim realizamos treinamento com todos que chegam
para trabalhar conosco e fazemos questão que eles acompanhem todo o processo,
desde a limpeza das formas, pesagem do material químico - como o açúcar e o
fermento biológico - até os cuidados na hora de assar”. O PEM I conta com todos
os equipamentos de uma panificadora industrial. São três fornos, dois
modeladores de pão e um cilindro, todos de uso industrial.
Ao participar do projeto, os
detentos recebem uma remuneração correspondente a ¾ do salário mínimo, de
acordo com a Lei de Execução Penal. Além disso, a cada três dias trabalhados, o
preso tem um reduzido da sua pena.
Alimentação - Custodiado no
Centro de Recuperação Regional de Paragominas (CRRPA), Weliton da Silva Lima,
de 25 anos é o responsável pela escolha do feijão, por cortar e tratar os
temperos usados na alimentação e por preparar os 22 quilos de arroz servidos
aos 272 internos custodiados na unidade.
Para ele, como todo trabalho
realizado, cozinhar tem o seu diferencial e por isso procura fazer tudo com
muita dedicação. “Pra muita gente pode ser coisa besta, mas pra mim é um
aprendizado. E o dinheiro que ganho ajuda a minha família, inclusive minha
filha, de apenas dois anos. É muito gratificante saber que daqui de dentro
estou ajudando a minha família lá fora”, disse.
Além de criar oportunidade de
trabalho, o projeto possibilita ainda o preenchimento do tempo ocioso. Há
apenas três meses no “Receita do Futuro”, Antônio Ferreira, interno do Centro
de Recuperação Regional de Bragança (CRRB), já percebe a diferença que o
projeto trouxe para a sua vida. “Quanto mais o preso estiver ocupado melhor.
Evita que a gente fique pensando em coisas ruins. Aqui eu me distraio, converso
com as pessoas, aprendo, estou pegando a base de como fazer pra quando sair
montar um negócio próprio com a venda de refeição”, planeja o detento.
A redução das despesas no sistema
penal também é outro benefício do projeto. De acordo com a coordenadora de
Educação e Trabalho da Susipe, Isabel Ponçadilha, a implementação do projeto
trouxe vários ganhos.
"Além de possibilitar a
qualificação profissional aos internos das unidades contempladas, o projeto
contribuiu para a redução de custos na gestão penitenciária. Com ele ampliamos
o número de internos que estão se qualificando na área alimentícia e reduzimos
os gastos com a alimentação. Conhecemos o caso de um interno que quando
alcançou a liberdade foi selecionado para trabalhar em um grande restaurante de
Belém, graças ao projeto. O que estamos proporcionando não é só uma ocupação
enquanto estão presos, mas a tão solicitada experiência no mercado de
trabalho”, finalizou.