O autônomo Luís Alberto Feitosa
de Araújo, 44, pilotava uma motocicleta ao retornar de sua chácara, quando em
sua direção surgiu um veículo desgovernado. Para impedir o choque, freou
bruscamente, não conseguindo evitar a queda. Ele sofreu uma fratura exposta na
perna direita. Por conta disso, Luis teve que ser transferido para o Hospital
Regional Público da Transamazônica (HRPT), localizado em Altamira (PA), onde
foi submetido na manhã de sábado, 3, à cirurgia de reconstrução e alongamento
ósseo.
O procedimento foi realizado por
meio de uma parceria entre o Hospital Regional Público da Transamazônica e o
Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), que funciona em Belém. Ambos os
hospitais são gerenciados pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência
Social e Hospitalar, sob contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde
Pública. Sendo o Hospital Galileu, o único hospital da região Norte a realizar
a cirurgia de reconstrução e alongamento ósseo pelo Sistema Único de Saúde
(SUS), com a parceria, agora são realizadas geralmente duas cirurgias por mês
fazendo uso da técnica em Altamira.
Nesse procedimento, o osso é
fixado com fios ou pinos ligados através de barras num “fixador externo”, com o
mínimo de agressão local. Após a fixação, é feito um corte no tecido ósseo.
Então, aguarda-se um tempo para obter-se um novo tecido, regenerado, no local
da intervenção. Ele surge após o distanciamento gradual das extremidades ósseas
remanescentes, com ajuda da fixação externa. “Foi um dos momentos mais tristes
que já passei. Aqui fui muito bem atendido. Só tenho o que agradecer”, conta
Luís. Ele está ansioso para retornar às suas atividades. “De repente você acha
que as coisas vão acabar mal, mas tem uma luz no final de tudo. Estou muito bem
agora”, desabafa.
Técnica
A técnica usada em Luís Araújo é
indicada tanto para pacientes com fraturas complexas quanto para aqueles que
não evoluíram com intervenções convencionais. O tratamento também tem bons
resultados em casos de deformidades ósseas congênitas, como a hemimelia
fibular, ou adquiridas ao longo da vida, como na paralisia infantil. “O grande
benefício dessa técnica é que o usuário no dia seguinte já está de pé, já
começa a caminhar e sua alta é precoce. Ele retorna logo para sua vida ativa,
sua vida familiar, tendo um retorno precoce ao trabalho”, diz o cirurgião
responsável, que coordena o serviço no HPEG e também é presidente da Sociedade
Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT-PA) no Pará, Marcus Aurélio
Preti. O tempo de recuperação varia de quatro a seis meses.
O tratamento de reconstrução e
alongamento ósseo é recomendado para a correção das distorções de tamanhos de
pernas e braços, problemas ortopédicos que podem ser motivados por diversos
fatores. A técnica é hoje uma grande alternativa para pacientes que antes
recebiam indicação de amputação. Com o uso de fixadores externos – instrumentos
cirúrgicos ortopédicos que tratam fraturas ou deformidades congênitas –, a
medicina ganhou eficiência para resolver casos com diferentes complexidades
nesse campo. “O método serve para reconstruir fraturas graves ou aquelas
fraturas que se complicaram com infecção óssea, ou ainda alongar o osso nas
patologias congênitas, proporcionando aos nossos usuários uma melhor resolução
dos seus casos”.