Mudança de clima e temperatura é sempre
uma porta aberta para doenças oportunistas. Agora, que a chuva deu lugar ao
calor quase insuportável, em Belém, começam a aumentar os casos conjuntivite.
Segundo o oftalmologista Lauro Barata, é preciso cuidado para prevenir a doença
que provoca uma inflamação da conjuntiva, a membrana transparente que recobre a
parte branca do olho.
“O calor excessivo baixa a imunidade das
pessoas. Por isso, a transmissão de doenças oportunistas, como a conjuntivite,
aumenta”, explica o oftalmologista. “Nesse período, a queixa mais comum nos
consultórios oftalmológicos, de pessoas das mais variadas idades e de ambos os
sexos, é irritação nos olhos e olhos vermelhos”, diz Lauro Barata.
O radialista Carlos Estácio, de 76 anos,
conhece bem o incômodo causado pela conjuntivite. Ele acaba de retornar ao
trabalho depois de passar uma semana afastado do trabalho para tratar a
irritação nos olhos.
“Sentia os olhos coçarem, lagrimava
muito e tinha dificuldades para ler. O incômodo só melhorou com o uso de
colírio e compressas de água gelada, recomendados pelo oftalmologista”, conta
Carlos Estácio. “Consultar um especialista foi muito importante para não deixar
o quadro se agravar e evitar que outras pessoas em casa tivessem a doença. Além
de separar os objetos de uso pessoal, minha mulher até trocou de quarto para
evitar o contágio”, explica o radialista.
O médico lembra que a conjuntivite pode
ter várias causas. Existem vários tipos de conjuntivite. “Pode ser alérgica,
pode ser causada por vírus, bactérias ou fungos, resultar de um trauma no olho
ou até mesmo do contato com alguma substância química”, enumera. As mais comuns
são as conjuntivites virais e as bacterianas, que podem vir associadas – ou
seja, as duas causas afetam a visão juntas.
As virais começam com um quadro de olhos
lacrimejantes. Já as bacterianas apresentam secreções amareladas. É importante
ressaltar que os dois tipos são muito contagiosos e a disseminação da doença
ocorre em larga escala. “O contágio acontece por contato, seja direto, como no
cumprimento de mãos, ou indireto, pelo compartilhamento de objetos. Por isso é
tão importante que os pacientes evitem apertar as mãos de outras pessoas que
apresentem os sintomas, utilizem papel descartável para a limpeza dos olhos e
separem talheres, toalhas e outros objetos de uso pessoal, além de higienizar
frequentemente as mãos. É preciso ficar atento para tentar minimizar esse
contato, seja em casa, com a família, na rua ou no trabalho”, alerta Lauro
Barata.
Tratamento - A conjuntivite é uma doença de ciclo curto, geralmente desaparece em duas semanas, mas é muito importante procurar um oftalmologista para avaliar e acompanhar o quadro, porque o tratamento adequado depende da causa do problema. O oftalmologista poderá prescrever, além de colírios, outros medicamentos anti-inflamatórios, antialérgicos e compressas frias. “Assim como o resfriado comum, a conjuntivite viral não tem cura, porém os sintomas podem ser aliviados. O mais importante é não recorrer às receitas caseiras. Apenas o médico pode receitar a medicação adequada”, destaca.
Normalmente, a conjuntivite não deixa
sequelas, “mas a conjuntivite viral pode levar a uma baixa de visão, porque
provoca pequenas opacidades no eixo de visão. Esse quadro pode levar de seis
meses até dois anos para desaparecer. Já a conjuntivite bacteriana, dependendo
do tipo de bactéria, pode ocasionar perfurações do olho e levar até a perda
total da visão. Por isso o acompanhamento de um especialista é fundamental”,
conclui o oftalmologista Lauro Barata.