Estado mantém em Porto de Moz estrutura para investigação e apoio aos familiares





A estrutura montada pelo governo do Estado no município de Porto de Moz, no oeste do Pará, vai continuar garantindo as buscas, investigação e acolhida às famílias das vítimas do naufrágio do barco Capitão Ribeiro. Segundo o secretário adjunto de Segurança Pública e Defesa Social, André Cunha, 24 horas após o acidente as buscas se concentraram na superfície, mobilizando homens do Corpo de Bombeiros Militar e o apoio aéreo. As buscas continuam na sexta-feira (25), logo ao amanhecer.

“Vamos estabelecer um quadrante de buscas a partir da direção e da velocidade da corrente predominante nesta área do Rio Xingu”, explicou o secretário. Nesta quinta-feira (24), as buscas recomeçaram assim que o dia amanheceu, e terminaram no início a noite. “Temos confirmados 23 sobreviventes, identificados, localizados, relacionados e atendidos pelo serviço de saúde e de assistência psicossocial. Dez corpos já foram periciados e liberados para o sepultamento”, informou André Cunha.

Também há 16 pessoas reclamadas por familiares, que procuraram a estrutura de segurança pública. “Somando reclamados com sobreviventes e mortos, temos um total de 49 pessoas”, detalhou o secretário adjunto da Segup.

Esse número, segundo ele, bate com o número de redes encontradas na embarcação e com a quantidade de refeições que estavam sendo servidas aos passageiros. “O governo do Estado vem atuando em várias frentes, entre elas o socorro às vítimas, a investigação do fato, realizada pela Polícia Civil, a frente de identificação a cargo do CPC (Centro de Perícias Científicas) Renato Chaves, uma frente de Comunicação Social, da Secretaria de Estado de Comunicação (Secom), e a frente de busca realizada pelo Corpo de Bombeiros”, explicou.

Atendimento humanizado – A secretária de Estado de Trabalho, Emprego e Renda, Ana Cunha, disse que o trabalho realizado pelas equipes do Estado nesta quinta-feira esteve em perfeita sintonia com o município. “Demos apoio total a todas as famílias em um momento em que elas se encontravam altamente fragilizadas. Todo o trabalho foi realizado com o objetivo de reduzir o tempo de um momento tão traumático para estas pessoas”, ressaltou Ana Cunha.

A secretária informou que todo o atendimento foi realizado para tentar diminuir a dor dos familiares. “Foi garantido um enterro digno para as vítimas, com muita solidariedade, um espaço com enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, medicamentos e alimentos para as famílias, já que muitas vieram da zona rural do município”, acrescentou.

Luto – Com uma população de aproximadamente 38 mil habitantes, Porto de Moz está tendo que conviver com a dor e a saudade das vítimas do naufrágio da embarcação Capitão Ribeiro, ocorrido por volta das 22 h da última terça-feira (22).

Na manhã desta quinta-feira, sete corpos foram velados na quadra da Escola Dom Pedro I. O cortejo fúnebre reuniu mais de 5 mil pessoas pelas ruas da sede municipal. Enquanto as primeiras vítimas encontradas eram levadas para sepultamento, mais corpos chegavam ao Porto Hidroviário, diante do olhar comovido dos moradores.

Até a tarde desta quinta-feira, o acidente já contabilizava 21 mortos e 16 desaparecidos. “Eu falei com ele pela última vez por volta das 17 h, momentos antes dele embarcar”, contou a pescadora Belaia Pereira, 26 anos, que havia acabado de reconhecer o corpo do irmão, Leomir Pereira, 29 anos, levado por mergulhadores do Corpo de Bombeiros Militar. Ele morreu junto com a filha, Letícia Pereira, de 4 anos. Leomir saiu de Porto de Moz com destino a Vitória de Xingu para fazer exames médicos.

O microscopista Damião Romano, 50 anos, perdeu a filha Neiva Romano, 18 anos, velada no culto ecumênico, ao lado de outras seis vítimas. “Antes de viajar ela passou na minha casa, para tomar a bênção. Ela me abraçou e me beijou, e disse que me amava. Eu falei que pedia a Deus pra que ela retornasse bem. Infelizmente, prevaleceu a vontade Dele, e não a minha”, lamentou.

No meio do cortejo, o comerciante Getúlio Xavier, 53 anos, que viajaria na mesma embarcação com o filho Lucas Caíque, 23 anos, agradeceu a Deus por ter poupado sua vida e de seu filho, em meio à tristeza pela morte de muitos amigos. “Meu filho tinha que fazer um tratamento em Altamira, mas felizmente faltaram uns documentos e nós cancelamos a viagem”, contou.

A embarcação Capitão Ribeiro, com capacidade para 95 passageiros, passava por Porto de Moz toda terça-feira, com destino a Vitória do Xingu. A 25 milhas de distância, entre os municípios de Porto de Moz e Senador José Porfírio, a embarcação naufragou. “A cidade está coberta de luto”, declarou o prefeito de Porto de Moz, Rosibergue Torres Campos, que decretou luto oficial e participa das buscas às vítimas. “Toda a região está chocada e solidária. Nossa missão, agora, é trazer estes corpos para as famílias poderem se despedir”, disse o prefeito.

Gabinete de crise - O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil estadual coordenam as ações de busca, salvamento e atendimento social na sede da Câmara Municipal de Porto de Moz, onde foi instalado um gabinete de crise, com a presença das forças de segurança estaduais, Executivo Municipal e demais órgãos envolvidos na operação de resgate às vítimas.

A identificação dos mortos está sendo feita no ginásio municipal Chico Cruz. Uma equipe de oito profissionais - entre peritos, médico e auxiliares - do Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves” de Belém e Altamira, é responsável pelo trabalho. Com o apoio da Prefeitura de Porto de Moz foi montado um atendimento padrão para “desastres em massa”.

Os mortos já identificados são Luciana Pires, 28 anos; Neiva Romano, 18; Maria Duarte, 57; Aurilene Sampaio, 36; Lucivalda Marques Oliveira, 41; Roseane dos Santos Leite, 25; W.L.O., 56, de Santarém; Orismar Miranda, 61, e  S.H.S.S (1 ano), oriundos da cidade de Altamira. O CPC liberou os corpos com a expedição da declaração de óbito para os familiares. O corpo de um homem, conhecido como Sebastião, a décima vítima, ainda aguarda o reconhecimento oficial da família.

“Fizemos entrevistas com os familiares a fim de identificar características das vítimas, para ajudar no reconhecimento. Contudo, a liberação está sendo agilizada”, disse o perito Felipe Sá, coordenador das unidades regionais do Centro de Perícias.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) deslocou três aeronaves do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp) para a cidade de Porto de Moz, sendo dois aviões e um helicóptero (EC 145). As equipes enviadas são compostas por mergulhadores do Corpo de Bombeiros, integrantes dos Grupamentos Aéreo e Fluvial (GFlu), além de peritos e representantes da Defesa Civil estadual e municipal. Uma balsa e embarcações da Prefeitura de Porto Moz, além de lanchas do Corpo de Bombeiros, estão sendo utilizadas na operação.

A Segup também oferece aos familiares dos desaparecidos o número da sala de situação montada em Porto de Moz - (093) 3793-1504 (Com a colaboração de Sérgio Chêne).

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