Nos 10 primeiros meses de 2017, a
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) realizou
diversas operações de combate ao desmatamento, o que gerou números altíssimos
de apreensões de madeira, embargos de áreas, fechamento de serrarias, entre
outras ações. Só de áreas embargadas foram aproximadamente 48 mil hectares.
Além disso, foram apreendidos 35
mil m³ de madeira em tora, o que corresponde a aproximadamente 1.800 caminhões
cheios e 4 mil m³ de madeira serrada (200 caminhões). Cinco serrarias foram
desmontadas, 20 empreendimentos fechados, 38 caminhões que faziam transporte
ilegal apreendidos, assim como quatro tratores, 12 balsas e sete rebocadores.
Para o sucesso das ações, a Semas vem empregando recursos logísticos, como
aeronaves, embarcações, lanchas e outros veículos e equipamentos, sempre com
apoio de outros órgãos como Secretaria da Fazenda (Sefa) e da Secretaria de
Segurança Pública e Defesa Social (Segup), por meio do Comando de Policiamento
Fluvial e Ambiental.
“Nosso trabalho inicia sempre com
a criação do Programa de Operações Anuais (POA), onde definimos as ações de
fiscalização que faremos, locais por onde as equipes passarão e de que forma
serão realizadas as abordagens. Além disso, atendemos também as denúncias que
chegam a qualquer instante, seja da sociedade civil ou de instituições como o
Ministério Público”, explicou Jorge Antônio Dias, diretor de fiscalização da
Semas.
Outro instrumento que ajudou
bastante nas fiscalizações durante este ano, foi o início das operações do
Centro Integrado de Monitoramento Ambiental do Pará (Cimam). O espaço foi
criado com o propósito de desenvolver novas metodologias para produção de conhecimentos
na esfera ambiental, e uma delas é o sistema automatizado de acompanhamento e
controle do desmatamento, que utiliza imagens de satélite com precisão de até
três metros. “Essa tecnologia serve de insumo para o trabalho de monitoramento,
que pode ser realizado em tempo real, possibilitando uma ação preventiva do
Estado quanto aos crimes ambientais”, complementou Jorge Antônio.
Destinação – O material
apreendido não fica guardado em galpões, pelo contrário, boa parte é
encaminhada a construção de pontes, reforma de escolas e outros locais, assim
como serve de ferramenta para a inclusão social.
De acordo com a legislação, o
material apreendido pode ter três destinações: alienação (venda por meio de
leilão, onde os recursos retornam para o Estado), doação (para associações,
autarquias, instituições sem fins lucrativos, prefeitura e outros órgãos do
Governo) e destruição, alternativa não aplicada pelo Governo do Pará. “Nossa
preocupação é dar um destino adequado a toda essa madeira, por isso nada é destruído.
Este ano, por exemplo, as prefeituras de Rondon do Pará, de Breves, Jacundá,
Tucuruí, Dom Eliseu, já receberam madeira apreendida por meio das doações”,
destacou.
A Organização Pará 2000,
responsável pela administração da Estação das Docas e do Parque Mangal das
Garças, ambos em Belém, também foi beneficiada, inclusive utilizou o material
para reformar diversas pontes do Mangal. A Escola Salesiana do Trabalho,
Fundação Pro Paz e a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do
Pará (Susipe) também são outros exemplos de instituições que receberam o
material.
No caso específico da Susipe, um
trabalho vem proporcionando novas oportunidades a diversos homens e mulheres
privados de liberdade. No Centro de Reabilitação do Coqueiro (CRC), dezenas de
internos trabalham com a transformação de madeira em objetos e,
consequentemente, trazendo esperança para suas vidas.
Um desses exemplos é Toni Max, de
31 anos. Preso há seis anos no CRC, hoje trabalha na marcenaria da cadeia e
transforma matéria bruta em objetos úteis. “É uma felicidade trabalhar na
marcenaria. Lá fora eu era pedreiro, encanador e eletricista, mas estou
aprendendo coisas diferentes. Está sendo ótimo ter uma nova profissão. Quando
sair daqui, quero fazer isso e sei que terei uma boa fonte de renda”,
comemorou.
Alexandre Santos, há cinco anos
na coordenação da marcenaria do CRC, comenta as possibilidades que os presos
têm de aprender uma nova função. “Para um detento iniciar qualquer trabalho
dentro do Centro de Recuperação é necessário que passe por entrevistas e
avaliações psicológicas, para saber de fato se ele quer e está apto a função,
só depois fazem os cursos e iniciam o trabalho de fato. Hoje, a maioria que
inicia na marcenaria nem conhece a função, mas sai construindo os mais diversos
tipos de objetos. Aqui produzimos mesas, cadeiras, armários, bancos, estantes e
tudo que se possa imaginar de objetos em madeira”, informou Alexandre.
Todo o material produzido pelos
presos são expostos em várias feiras de diversos órgãos do Estado como o Ibama
e a própria Susipe, onde são vendidos e uma parte dos recursos arrecadados
serve para manter a marcenaria e outra parte vira recursos para o Estado. “O
trabalho é muito gratificante para nós que estamos aqui, principalmente quando
eles abraçam a causa. Ficamos felizes de ver alguns que saem da cadeia tendo
aprendido um novo ofício, e mudando suas vidas. Esse trabalho aqui não é
benéfico só para o detento, mas também para as famílias, que ficam felizes com
a mudança dessas pessoas”, finalizou.