A polêmica sobre a liberação da
venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol deve terminar na próxima
terça-feira, 28, quando será votado o veto do prefeito de Belém, Zenaldo
Coutinho, ao projeto de lei de autoria
da vereadora Marinor Brito (PSOL) e do ex-vereador Pio Neto (PTB) aprovado pela
Câmara Municipal de Belém em novembro de 2015.
A decisão pela apreciação do veto
foi determinada após a sessão especial realizada na manhã desta
quinta-feira,23, pelo presidente da CMB, vereador Mauro Freitas (PSDC) que
chamou para o debate representantes dos principais times de futebol da capital,
bem como representantes da Federação
Paraense de Futebol, OAB-Pará,
Ministério Público e Secretaria de Segurança Pública do Estado, além dos
parlamentares que compõem a casa legislativa.
Como cidadão e torcedor que
frequenta estádios, Mauro Freitas avalia que com a proibição das bebidas dentro
das arenas esportivas, os torcedores ficaram ainda mais vulneráveis à violência
que ocorre no entorno desses locais. “O que se percebe é que o torcedor que
bebe, vai fazer isso de um jeito ou de outro e com essa proibição as pessoas
chegam cedo ao local e ficam consumindo as bebidas até poucos minutos antes de
entrar no estádio, o que acaba causando confusão e provocando tumultos, porque
em geral muitas delas já estão
embriagadas nesse momento”, disse o
vereador , satisfeito com a representatividade dos segmentos envolvidos presentes á sessão. ” Esse debate é
fundamental para que se chegue a um consenso sobre o que é melhor para o torcedor, que é quem está sempre presente e quem move toda a dinâmica
que envolve o futebol como entretenimento e lazer”, concluiu Freitas.
Para a autora do projeto que
permite a comercialização de bebidas alcoólicas nos estádios, o futebol não
gera violência. “Há estudos sérios que não comprovaram essa tese. Esses estudos
demonstram que não houve aumento de violência nos estádios onde a
comercialização de bebidas foi liberada, e que houve sim aumento de arrecadação
de impostos, ou seja, de geração de renda”, ressaltou a vereadora Marinor
Brito, que destacou o esforço em se debater o assunto com todos os segmentos
que compõem o futebol como espetáculo e elemento de cultura e cidadania. “A
recepção tem sido muito positiva, tanto na sociedade quanto entre os vereadores
de Belém e essa sessão especial é exemplo disso. Minha expectativa é que o veto
seja superado e a lei seja sancionada pela Câmara ainda este ano para que entre
em vigor já no campeonato paraense de 2018”.
Prévia
Com a participação dos vereadores
Adriano Coelho (PDT), Joaquim Campos (PMDB), Moa Moraes, Igor Andrade (PSB)
Gustavo Sefer (PSD), Sargento Silvano (PSD) e Toré Lima (PRB), a sessão
especial foi uma prévia da sessão ordinária que vai definir se o veto será ou
não mantido. Também presente, o
vice-presidente da Federação Paraense de Futebol, Mauricio Bororó, disse que a entidade vai
seguir o que for decidido por seus associados. Marcelo Venâncio, gerente de
segurança do Clube do Remo elogiou a iniciativa da CMB. ” O presidente Mauro Freitas
acertou em cheio ao promover esse debate hoje. Somos totalmente a favor da
liberação, porque em toso os eventos realizados em Belém existe o consumo de
bebidas alcoólicas e nenhum tem problema na entrada, mas em jogos de futebol
ocorre um verdadeiro caos, muito em função do comportamento das pessoas antes
do início dos jogos”, observa Venâncio.
A opinião é compartilhada pelo
presidente do Paysandu Sport Clube, Tony
Couceiro; “Essa discussão é muito importante, até porque a proibição de venda
de bebida alcoólica nos estádios não foi discutida com ninguém, chegou de
supetão e os clubes hoje têm a chance de
mostrar sua posição. O Paysandu é totalmente a favor da venda de bebidas alcoólicas. Futebol é
evento, é entretenimento e todo entretenimento tem cerveja, tem bebida
alcoólica. Essa medida tira o torcedor do estádio, e isso diminui o imposto
arrecadado pelo Estado, porque o consumo lá fora é de bebidas vendidas de forma
irregular”, alerta Couceiro. O dirigente está otimista em relação ao fim do veto.
” Acho que a gente não pode ir contra o que a sociedade quer e a sociedade quer
a volta das bebidas dentro do estádio.Esperamos que com essa discussão a gente
abra os olhos dos vereadores para que se consiga derrubar o veto e fazer o que
é o melhor para todos”, concluiu Couceiro.