![]() |
Oncologista clínica Daniele Feio |
O ano do desemprego recorde e da maior
crise econômica da história do País certamente foi o mais difícil da vida de
dezenas de milhões de brasileiros. Mas pelo menos duas mulheres, de Belém, vão
lembrar de 2017, para sempre, como o ano em que conquistaram as maiores
vitórias de suas vidas, o ano em que nasceram de novo.
A costureira Rosângela Sodré, de 36 anos,
ainda enfrenta o tratamento contra um câncer de mama, mas a esperança agora tem
nome: Aruna Vitória, de apenas um mês de vida. Rosângela percebeu um nódulo no
seio no início de 2017, em janeiro. Ela assistia a um programa de TV que falava
do autoexame, apalpou as mamas e descobriu um nódulo. Rosângela nunca havia
feito mamografia, já que não estava ainda na faixa etária recomendada.
![]() |
Rosângela na festa do Jaleco |
Apesar da preocupação, ela só conseguiu
fazer os exames de imagem dois meses depois. “Fiz os exames em uma clínica
particular porque não consegui logo no serviço público”, lembra. O mastologista
recomendou que Rosângela procurasse o hospital Ophir Loyola e foi assim que ela
conseguiu o diagnóstico, após fazer uma biópsia.
E Rosângela, que já tinha uma filha -
Raíssa, de 14 anos – descobriu, logo após o diagnóstico, que estava grávida
novamente. “Foram dois sustos muito grandes, ao mesmo tempo. O câncer e a
gravidez”, lembra Rosângela, que chegou a pensar que precisaria interromper a
gestação.
Depois de uma avaliação cuidadosa, com o
apoio de outros profissionais de saúde, a oncologista Danielle Feio, do Centro
de Tratamento Oncológico, deu a boa notícia: era possível manter a gravidez e
fazer o tratamento. Rosângela fez acompanhamento pré-natal
na URE Materno Infantil (Alcindo Cacela), com consultas a cada 15 dias, e só
iniciou a quimioterapia quando completou cinco meses de gravidez, em 20 de
julho. Nesse período, o tumor, que era pequeno quando descoberto, teve um
crescimento acentuado e já estava com 6 centímetros em junho.
“Foi uma gravidez de risco, claro, mas
junto com o obstetra, acompanhamos cada passo e o nascimento da criança,
saudável, foi uma grande vitória” destaca a médica Danielle Feio. O marido de
Rosângela, André Brasil, que acompanhou todas as consultas, exames e sessões
que quimioterapia, diz que a filha, Aruna Vitória é a grande força da família
para continuarem o tratamento em 2018. “Graças a Deus, minha filha está bem e
agora é pensar no futuro, continuar o tratamento e ficar boa”, diz Rosângela,
confiante.
![]() |
Rosângela e a família |
O enorme sentimento de vitória, no final
de 2017, liga a costureira Rosângela à estudante Ana Gabriela Araújo, de apenas
17 anos. Diagnosticada com um osteossarcoma no joelho esquerdo, que causou a
amputação da perna e metástases nos dois pulmões, Ana Gabriela teve o ano mais
duro da vida, ainda tão curta. Foram dezenas de sessões de quimioterapia e
várias internações. Em outubro, logo depois de fazer a última sessão do
tratamento, Ana Gabriela, com a resistência baixa, foi internada na UTI, em
estado grave. Mas a recuperação surpreendeu até os médicos. E os últimos exames
comprovaram a cura do câncer. A jovem recebeu alta e agora só precisa fazer o
acompanhamento, a cada três meses.
“Eu sempre tive fé e essa notícia era
tudo o que eu esperava. Agora só coisas boas virão em 2018”, comemora a
estudante. “Este ano foi difícil, mas me fez superar todos os meus medos, me
tornou uma pessoa mais forte e capaz de enfrentar qualquer dificuldade, com
Deus e a minha família”, garante ela.
Para o ano novo, os planos são se
dedicar aos estudos. Apesar de todas as dificuldades em 2017, Ana Gabriela
conseguiu passar no vestibular. Vai cursar enfermagem. “Escolhi o curso depois
de passar por esse tratamento. Quero ajudar outras pessoas como fui ajudada
pelas pessoas que cuidaram de mim”, explica. “Acho que 2018 será o ano de
renovar as esperanças. De mostrar que somos capazes de vencer. Eu consegui e
sei que outras pessoas também podem superar todas as dificuldades”, conclui Ana
Gabriela.