Dois terços dos planos de manejo
florestal do Pará têm indícios de fraudes, é o que mostra o relatório “Árvores
Imaginárias, Destruição Real”, lançado hoje pelo Greenpeace. Os indícios de
irregularidades afetam a espécie mais valiosa, o ipê, sendo que a exploração
indiscriminada pode levá-la à extinção, causando danos irreversíveis à
floresta.
O levantamento, realizado sobre
586 planos de manejo florestais do Pará, no período de 2013-2017, aponta que
76,68% dos inventários para exploração de ipê no estado apresentam densidade
(quantidade de metros cúbicos por hectare) até 10 vezes superior ao que a
ciência diz ser possível.
“Estamos chamando esse tipo de
fraude de árvores imaginárias, pois só existem no papel, para gerar créditos de
movimentação de madeira. Contaminam toda a cadeia, chegando ao ponto de não
conseguirmos mais separar o que é madeira legal do que é ilegal”, afirma Rômulo
Batista, especialista do Greenpeace em Amazônia.
Após a denúncia, agentes do
Ibama, conjuntamente com o Greenpeace e Engenheiros Florestal da ESALQ/USP,
realizaram uma série de vistorias em Planos de Manejo Florestal Sustentável
(PMFS), onde foram constatadas estas e outras fraudes.
Para que mais vistorias assim
possam acontecer e para que os órgãos competentes saibam que os brasileiros não
aceitam a destruição da floresta, hoje o Greenpeace lança também a plataforma
“Crime na Floresta”. Por meio dela, qualquer cidadão pode analisar indícios de
fraudes em planos de manejo florestal, através de dados e imagens de satélite,
e alertar os órgãos oficiais.
“Estamos denunciando as falhas no
licenciamento dos planos de manejo florestais que se agravaram depois de uma
mudança na legislação, ao mesmo tempo em que os deputados querem flexibilizar o
licenciamento ambiental do país, por meio do PL 3729/2004. Isso enfraqueceria
os regramentos do licenciamento e deixaria o meio ambiente ainda mais
vulnerável”, complementa Batista.