A Secretaria de Estado de Meio
Ambiente e Sustentabilidade (Semas) doou 100 pacotes de leite para o filhote
fêmea de peixe-boi resgatado pela própria secretaria, com o apoio de outros
órgãos, no início desta semana. A doação foi uma ação coordenada pela
secretária adjunta de Gestão Administrativa e Tecnologia, Socorro Colares.
"Nós fizemos todo o processo de resgate, após a comunidade informar que o
animal estava com dificuldades. E agora, seguimos atentas, contribuindo e
fazendo nossa parte pela saúde dela", frisou Socorro.
O animal está na Universidade
Federal Rural da Amazônia (Ufra), aos cuidados de profissionais do Grupo
Biologia e Conservação de Mamíferos Aquáticos da Amazônia (Bioma). Aceita-se
doação de leite em soja (em pequena quantidade), leite em pó integral e óleo de
canola, para contribuir com a alimentação da peixe-boi.
Em média, ela se alimenta cinco
vezes ao dia usando uma mamadeira dada por um dos profissionais, sendo que a
alimentação é intercalada com leite e água de coco. O trabalho é feito por
veterinários e biólogos. Em um segundo momento, já como parte de um processo de
readaptação da peixe-boi à natureza, a ideia é usar uma mamadeira subterrânea,
para não acostumá-la com a ação do homem.
O pesquisador e biólogo do Bioma,
Gabriel Melo, explicou a fase de cuidados. "O período de desmame do
peixe-boi é de dois anos. Nesse período ela toma leite, então vai ter que ficar
em um cativeiro. Depois ela poderá ir para o semicativeiro, que é algo mais
similar ao local natural", disse. "O ideal é que depois ela seja
solta no local de onde veio, já que ela tem a informação genética de lá",
completa.
Como o filhote estava encalhado,
biólogos do Bioma pediram auxílio ao Instituto Evandro Chagas para a realização
de uma análise contaminante, o que verificará com precisão o estado de saúde do
animal.
Características
Estima-se que a filhote de
peixe-boi tenha, no máximo, três meses de vida. Já pesa 14 quilos e,
eventualmente, pode ultrapassar 400 quilos já no período de vida adulta. Ela é
da espécie chamada de peixe-boi amazônico, caracterizado por falta de unha,
rosto esguio - não voltado para baixo, como as outras espécies.
O rosto esguio é uma adaptação ao
fato de se alimentar também com a vegetação flutuante. Esta espécie é menor que
o peixe boi marinho. Ainda tem manchas espalhadas pelo corpo. Está ameaçado de
extinção, daí a necessidade de retornar para o seu habitat natural.
Para a bióloga do Bioma, Angélica
Rodrigues, "A Neguinha (como está sendo chamada) vem para catalisar algo
que é importantíssimo, que é unir os órgãos de pesquisa, ambientais, para um
esforço de conservação das espécies ameaçadas".
Histórico
A fêmea de peixe-boi foi
resgatada depois de encalhar em uma praia na ilha dos Pombos e levada, pela
pescadora que a encontrou, para a ilha da Conceição, no município de Limoeiro
do Ajuru, na região Tocantins. A moradora acionou o Batalhão de Polícia
Ambiental de Belém, que comunicou o fato à Semas. A partir daí, um trabalho
interinstitucional foi desenvolvido para o salvamento do animal, liderado pela Semas,
com parceria da Polícia Militar, por meio do Grupamento Fluvial de Segurança
Pública, Fluvial de Abaetetuba, Instituto Chico Mendes para a Biodiversidade
(ICMBio) e Bioma.
O animal foi resgatado na ilha da
Conceição, em lancha da PM, e encaminhado via rodoviária para o fiel
depositário do animal, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da
Biodiversidade Marinha da Costa Norte do Brasil (Cepnor), do ICMBio, que
funciona em instalações dentro da Universidade Federal Rural da Amazônia
(Ufra), em Belém.
Angélica, que também é
coordenadora de Educação Ambiental e Interação com as Comunidades, ressalta a
importância do trabalho em conjunto entre os órgãos, baseados em uma informação
da comunidade. "Eles (moradores do local) tiveram essa urgência em nos informar
e o cuidado e a sensibilidade de cuidar desse animal por cinco dias,
alimentá-lo inclusive, então pra gente foi essencial essa parceria com a
comunidade", disse.
"Ela veio de barco, depois
de carro, e sempre com o cuidado de trazer em toalhas úmidas, para não sofrer
choques mecânicos, abraçar o animal com cuidado", elogiou, a respeito do
trabalho desenvolvido pela Semas.
A gerente de Fiscalização da
Fauna e Recursos Pesqueiros da Semas, Solange Chaves, classificou o trabalho
como de grande esforço interinstitucional, para manter vivo um indivíduo de uma
espécie ameaçada de extinção. “Todo o esforço da Semas está relacionado com a
conservação da espécie”, avalia.
Serviço:
Para doações de leite em pó
integral, leite de soja ou óleo de canola ligar para a Universidade Federal
Rural da Amazônia: 99203-9281 ou 992503113.