Tapioca, goma e farinha são produtos
importantes para a economia, culinária e cultura paraenses e que têm a mesma
origem: a raiz da mandioca. O estado do Pará é o maior produtor de mandioca do
Brasil, com produção média anual de 25 milhões de toneladas. Porém, esse
reinado vive sob a sombra da baixa produtividade, que, em média, é de 14
toneladas por hectare.
É que em solo paraense, uma farta
colheita está ligada ao uso de grandes áreas e ao reduzido uso de tecnologia
para sua produção. Por isso, como forma de contribuir no aumento da
produtividade e reverter esta realidade produtiva, alguns professores da
Universidade Federal do Pará-UFPA, em parceria com produtores rurais de Altamira-PA,
conduzirão em campo de produção uma pesquisa que terá como objetivo geral
determinar o melhor momento para realizar a colheita dessa cultura.
Visão de “raio-x” – Em uma aeronave
remotamente pilotada, também conhecida como VANT ou Drone, será embarcada uma
câmera digital especial capaz de captar e registrar faixas da radiação
eletromagnética refletidas pela vegetação. A partir destas informações serão
efetuadas correlações destas com a produtividade da mesma. Com isso, espera-se
determinar o momento exato para se realizar a colheita da raiz. A iniciativa é
dos professores/ pesquisadores do Laboratório de Mecanização Agrícola e
Agricultura de Precisão da Faculdade de Engenharia Agronômica da UFPA em
Altamira, na região do Xingu.
“A planta da mandioca cresce e acumula
amido em sua raiz, mas em um determinado período do ciclo vegetativo ela para
de crescer e de acumular amido. Um tempo depois, parte deste material de
reserva acumulado é consumido pela planta. Portanto, agronomicamente, isso é um
indicativo de que existe um momento em que se realizada a colheita, a raiz terá
mais amido acumulado, traduzindo-se em maior produtividade”, explica o doutor
Ronilson Santos, professor pesquisador da Faculdade de Engenharia Agronômica do
campus da UFPA em Altamira. Há alguns anos ele desenvolve pesquisas voltadas
para o sistema de produção de mandioca.
O pesquisador reforça a ideia de que,
uma vez estabelecido, exatamente, o intervalo entre o ponto máximo de acúmulo
de amido e a redução máxima não significativa desse material nas raízes, se
permitirá que os produtores da cultura possam saber até quando manter a cultura
no campo sem grandes prejuízos econômicos, decidindo a partir das flutuações do
preço pago pelo produto, qual é o momento econômico mais vantajoso de
comercializar sua produção”, aponta o pesquisador da UFPA.
Coleta de dados começa em agosto – O
professor Ronilson Santos reforça, ainda, que a pesquisa poderá beneficiar do
pequeno ao grande produtor da cultura, contribuindo para que a mandiocultura
paraense torne-se mais eficiente, obtendo mais com menor esforço e com melhor
preço. Mas para isso, há a necessidade de se adotar práticas agronômicas mais
modernas para condução da cultura, tornando toda a produção mais eficiente.
Entre os meses de agosto de novembro
serão iniciadas as coletas de dados em uma propriedade rural produtora de
mandioca na região de Altamira, e os primeiros resultados devem ser divulgados
no final de dezembro ou início de janeiro de 2019.
A inicitiva faz parte do projeto
“Período Ótimo de colheita de mandioca: comportamento agronômico e econômico
definido a partir de informações de sensor embarcado em VANT”, que foi aprovado
no edital do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic)
2018, da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da UFPA (Propesp).
· Colaboração: Assessoria
de Comunicação da UFPA