Seringas e materiais hospitalares são encontrados misturados ao lixo domiciliar



Seringas, agulhas e materiais infectantes foram encontrados misturados ao lixo domiciliar, por equipes da Prefeitura de Belém, no Tenoné e na Pedreira, na semana passada. As ocorrências apontam para uma prática irregular e criminosa, que põe em risco a saúde da população e dos profissionais da limpeza urbana.

O material encontrado na última sexta-feira, 20, pelo agente de serviços urbanos Maurício Macedo, 48 anos, no Residencial Safira, Tenoné, incluía um dreno toráxico, utilizado para drenagem de gases ou secreções do pós-operatório de uma cirurgia torácica ou cardíaca.

No bairro da Pedreira, seringas, agulhas e gazes foram encontradas na quarta-feira, 18,  misturadas ao lixo comum na travessa Barão do Triunfo, entre as avenidas Visconde de Inhaúma e Marquês de Herval, por outra equipe de limpeza da prefeitura.

Nas duas ocorrências, as equipes da Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) efetuaram o recolhimento e encaminharam os produtos para serem incinerados. A situação está sendo acompanhada pela Divisão de Drogas e Medicamentos da Vigilância Sanitária de Belém, que tenta identificar a procedência desses materiais.

Maurício, que trabalha na limpeza urbana há mais de onze anos, conta que é comum encontrar materiais cortantes e perfurantes, como vidro e agulha, no meio do lixo das residências. “Mas é a primeira vez que encontro uma bolsa cheia de sangue. Conheço os riscos deste tipo de material e já sofri acidente um tempo atrás quando me furei com uma agulha que estava no meio do lixo. Procurei atendimento, tomei remédio e fiz vários exames. Graças a Deus, não tive problemas nem peguei doenças”, lembra.

O trabalhador pede para que as pessoas tomem mais cuidado com a forma de descartar esse tipo de material. “Quem tiver que jogar vidro no lixo deve enrolar no papelão ou colocar dentro de uma caixa fechada. Assim evita de machucar quem estiver recolhendo”, orientou.

O coordenador da Divisão de Drogas e Medicamentos da Vigilância Sanitária de Belém, Randolfo Coelho, explica que o descarte irregular de produtos hospitalares incorre em risco de contaminação à população ou para quem manipular o material. “Essa prática também prevê multa e processo administrativo, com interdição em casos de clínicas ou estabelecimentos hospitalares, sendo encaminhado à Divisão do Controle de Exercício Profissional, que pode interditar o estabelecimento”, explicou.

O risco é maior quando se considera que, além dos hospitais, outros estabelecimentos podem ser fontes geradoras deste tipo de resíduo, tais como os estúdios de tatuagem, distribuidores de produtos farmacêuticos, clínicas de acupuntura. Até mesmo um ambiente doméstico pode gerar lixo que não deve ser considerado comum, como as agulhas e seringas.

Muitos portadores de diabetes fazem o uso de medicamentos injetáveis e monitoramento da glicemia em casa, gerando resíduos perfurocortantes, biológicos e químicos, que não devem ser descartados nos sacos de lixo comuns. Uma alternativa seria armazenar em embalagens rígidas, como, por exemplo, garrafas pets e levar ao Posto de Saúde para a devida destinação.

A legislação vigente prevê que materiais infecto contagiantes, compostos por agulhas, seringas e medicamentos, devem ser descartados e acondicionados em caixas apropriadas e que são, semanalmente, recolhidas por empresa incineradora. “Existe um cuidado redobrado no recolhimento e transporte destes materiais até sua incineração em um forno especifico para destruição”, detalhou o coordenador.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), o despejo de lixo infectante em local irregular pode gerar multas de R$ 74 a R$ 185 mil. O valor varia de acordo com a quantidade, o local de descarte e o tipo de resíduo. Mas, para que a notificação seja aplicada, é preciso identificar o autor da infração.

Denúncias podem ser feitas presencialmente na Sesma, que fica na av. Gov. José Malcher, 2821 – São Brás, no Departamento de Vigilância Sanitária, das 8h às 16h.

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