Palestra sobre combate ao fumo - Foto: Ascom |
Há quatro meses, Damares Coelho faz
tratamento para cuidar das sequelas de um acidente de trânsito. Fumante há 26
anos, ela conta que o hábito foi o motivo do fim do casamento e, hoje, pode ser
também um vilão em seu tratamento. A paciente percebeu isso nesta semana,
durante uma palestra no Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), em Belém
(PA), enquanto aguardava atendimento. A ação foi realizada em alusão ao Dia
Nacional de Combate ao Fumo, celebrado nesta quarta-feira, 29/8, com o objetivo
de alertar os usuários ambulatoriais sobre os malefícios do tabagismo.
“Meu marido foi embora de casa porque
não aguentava mais me ver fumando. Eu sei que isso foi ruim, e é ruim até para
o meu tratamento. Essa palestra mostrou que eu tenho que parar”, refletiu
Damares.
O cardiologista David Tozetto explica
que, de fato, é mais longo o tempo de recuperação do tabagista quando é
submetido a um tratamento de saúde. "Por exemplo, o paciente com uma
doença pulmonar provocada pelo cigarro, que interna em uma Unidade de Terapia
Intensiva, precisa de suporte ventilatório diferenciado e demora muito mais
tempo para se recuperar do que quem nunca fumou", explicou o médico que
atua no Hospital Regional do Sudeste do Pará - Dr. Geraldo Veloso (HRSP), em
Marabá (PA), unidade administrada pela Pró-Saúde Associação Beneficente de
Assistência Social e Hospitalar.
De acordo com um estudo da Universidade
da Filadélfia, publicado em 2013, os impactos do fumo são comprovados em
vítimas de trauma, que passam a ter mais chances de complicações no
pós-operatório e levam mais tempo para cicatrizar fraturas em relação a
pacientes não fumantes.
Efeitos
No Brasil, anualmente, mais de R$ 39
milhões são gastos com despesas médicas para tratar os efeitos do tabagismo. A
droga é a principal causa do câncer de pulmão e está associada a outros tipos
de tumores, como o de boca, pâncreas, laringe, bexiga e estômago. Ela também
pode provocar enfisema e bronquite crônica. Além disso, quem fuma tem quatro
vezes mais chances de sofrer um acidente vascular cerebral ou um infarto.
Porém, o cigarro não prejudica somente
os fumantes, ele atinge também as pessoas que ficam expostas à fumaça de
cigarro, charuto e cachimbo. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer
(Inca), a cada dia, sete pessoas morrem no Brasil devido ao tabagismo passivo.
Sensibilização
Para mostrar os benefícios de parar de
fumar, ao longo desta semana, o Hospital Regional de Marabá está promovendo uma
campanha de sensibilização na recepção ambulatorial da unidade, como o Hospital
Galileu, em Belém.
As orientações são repassadas pelos
integrantes da Comissão de Humanização, por meio do projeto "Saúde com
Educação e Humanização", uma estratégia do hospital para tornar a espera
por atendimento mais amena e, ao mesmo tempo, promover ações de saúde.
"O projeto ajuda a levar dicas de
saúde para os pacientes, aproveitando que eles ficam aguardando atendimento por
um tempo. Isso torna o ambiente mais humanizado, aproxima o hospital e o
paciente e ainda contribui para a melhoria da qualidade de vida na região",
explicou a analista de Humanização, Flávia Fernandes.