Nenhum político nega a importância da
educação, mas na prática menos da metade concluiu o ensino superior. Dos mais
de 27 mil políticos brasileiros na disputa por um cargo público nessas
eleições, 13 mil, ou 49,6%, têm na parede um diploma universitário. O levantamento
foi feito pelo Quero Bolsa, principal plataforma de inclusão de estudantes no
ensino superior brasileiro por meio de bolsas de estudo, ao apurar as
informações disponíveis no Repositório de Dados Eleitorais do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE).
O estado do Pará tem 45,5% dos
candidatos com diploma universitário. Já o Rio de Janeiro é o estado com a
menor proporção de candidatos com nível superior. Dos 3.494 políticos
registrados na disputa eleitoral, 1.419 (40,6%) fizeram faculdade. Acre (42,1%)
e Rondônia (43,9%), estados com uma rede de ensino superior muito menor do que
a do Rio de Janeiro, aparecem na sequência.
Fonte: Quero Bolsa, com dados do TSE |
Dos cargos em disputa, o de Deputado
Estadual reúne os candidatos com menor escolaridade. Dos mais de 17 mil
políticos que concorrem a cadeiras nas Assembleias Legislativas, 10,8% têm, no
máximo, o ensino fundamental completo, 3% não completaram o ensino médio e
31,8% têm nível médio completo. Candidatos com ensino superior completo somam
45,3%.
Entre os candidatos a Deputado Federal
há 7.986 inscritos nos tribunais eleitorais, sendo que 54,6% têm nível superior
completo, 25,3% concluíram o ensino médio e 7,9% têm, no máximo, o ensino
fundamental completo.
Dos candidatos ao Senado, 81,3% fizeram
faculdade. Já entre os que concorrem ao governo dos estados, 87,2% têm nível
superior. Os presidenciáveis são os candidatos com maior participação de
formados em faculdades. São 92,3%, ou seja, dos 13 candidatos, apenas um, João
Goulart Filho, do Partido Pátria Livre, informou não ter diploma de nível
superior.
De acordo com Marcelo Lima, diretor de
relações institucionais da plataforma Quero Bolsa, o resultado precisa ser
analisado sob dois aspectos. Primeiramente, a participação de políticos com
ensino superior completo é bem maior do que a média da população brasileira.
Enquanto apenas 15,3% dos brasileiros com mais de 25 anos concluíram faculdade,
entre os candidatos a cargos eletivos a média é mais de 3 vezes maior. “Por
outro lado, nos preocupa a capacidade de entendimento dos problemas nacionais
por parte destes políticos. Entender a estrutura do estado, os desafios do país
e propor soluções viáveis demanda conhecimento e cultura. Candidatos pouco
preparados certamente terão dificuldade em apresentar e avaliar propostas para
o País. É certo que um diploma universitário não é garantia para tanto, mas é
um bom indicador”, explica Lima.