108 ANOS DE LUTAS E CONQUISTAS




Hoje, sexta-feira 08 de março de 2019, esta sendo comemorado mais uma vez no Pará, no Brasil e em todo o Mundo o Dia Internacional da Mulher. Esta data tem sido celebrada desde o início do Século XX. É um dia de celebração dos feitos econômicos, políticos e sociais alcançados pelas mulheres do mundo inteiro. Entretanto, poucos lembram os motivos que levaram à definição desta data para a comemoração, e infelizmente ela não é uma data especialmente feliz, já que corresponde a uma homenagem póstuma a 129 trabalhadoras da Fábrica Cotton, uma indústria têxtil localizada em Nova York que foi cenário de uma tragédia que se iniciou com um protesto de trabalhadoras contra as más condições de trabalho e os baixos salários em 8 de Março de 1857.

As participantes foram trancadas no interior da fábrica pelos patrões e pela polícia, que atearam fogo no prédio.
Entretanto, esse não foi o único massacre de trabalhadoras ocorrido naquela época. No dia 25 de março de 1911, outra tragédia envolvendo mulheres trabalhadoras aconteceu em Nova York. Foi o incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist, onde mais 140 mulheres perderam a vida. Este incêndio contribuiu para a aceleração da implantação de critérios rigorosos sobre as condições de segurança no trabalho e para o crescimento dos sindicatos que se organizavam como conseqüência da revolução industrial.

A Triangle Company ocupava os três últimos andares do edifício Asch, de dez andares, que fazia esquina com as ruas Greene Street e Washington Place, e empregava cerca de 600 trabalhadores, a maioria constituída por mulheres imigrantes, que trabalhavam 14 horas por dia, em semanas de trabalho de 60 a 72 horas, costurando vestuário por modestos salários entre 6 e 10 dólares por semana.

A empresa já era conhecida desde 1909 por ter sido palco de uma grande greve de mulheres costureiras coordenadas pelo seu sindicato (International Ladies' Garment Workers' Union), que tentou negociar um acordo coletivo. A Triangle se recusou a negociar e assinar o acordo.

As condições da fábrica eram as típicas da época: têxteis inflamáveis guardados em toda a fábrica, fumar era freqüente, a iluminação era a gás e não existiam extintores de incêndio. Durante a tarde de 25 de Março de 1911 iniciou-se um incêndio. Os operários do décimo e oitavo andares foram notificados e a maioria salvou-se. No entanto, o alerta para o nono andar tardou a chegar.

O nono andar dispunha de apenas duas saídas. Uma delas, a escadaria, já estava cheia de fumaça e chamas quando as operárias se deram conta do incêndio. A outra porta estava fechada, ostensivamente para evitar que as operárias roubassem materiais ou fizessem pausas. A única saída de emergência para o exterior caiu pelo peso das operárias que tentavam escapar. O elevador também apresentou defeito.

Percebendo-se de que estavam sem saída, e devido ao calor intenso, algumas trabalhadoras lançaram-se das janelas do nono andar. Outras forçaram as portas do elevador, lançando-se pelo fosso. Poucas sobreviveram a estas quedas. As restantes morreram carbonizadas. Os bombeiros chegaram rápido, mas não haviam escadas disponíveis para levá-los além do sexto andar. Um único sobrevivente foi encontrado. O total de mortos foi de 146: 92 no incêndio e 54 nas quedas.

Essas e outras situações reforçaram a idéia da existência de um Dia Internacional da Mulher, proposto desde a virada do século XX, no bojo do rápido processo de industrialização e expansão econômica que levava a frequentes protestos sobre as condições de trabalho.

Muitos outros protestos aconteceram nos anos seguintes ao episódio de 8 de Março de 1857, destacando-se um outro em 1908, onde 15.000 mulheres marcharam sobre a cidade de Nova Iorque exigindo a redução de horário, melhores salários, e o direito ao voto. Assim, o primeiro Dia Internacional da Mulher foi comemorado no dia 28 de Fevereiro de 1909 nos Estados Unidos, após mobilização do Partido Socialista da América. Em 1910, a primeira conferência internacional sobre a mulher ocorreu em Copenhagen - Dinamarca, dirigida pela Internacional Socialista, quando o Dia Internacional da Mulher foi estabelecido. No ano seguinte, esse dia foi celebrado por mais de um milhão de pessoas na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça, no dia 19 de Março. No entanto, logo depois do incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist, decidiu-se recuperar a data das trabalhadoras assassinadas em 1857 em defesa de melhores condições de trabalho.  Infelizmente, decorridos 108 anos  do triste episodio e mesmo  com muitos avanços e conquistas, a luta  das mulheres por melhores condições de vida  ainda tem um longo caminho a ser percorrido.

*Informações Dieese/PA

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