Como parte do evento comemorativo pelos
129 anos de fundação da Imprensa Oficial (IOE), completados no último domingo
(14), será realizado nesta quarta-feira (17), às 9h30, no auditório da
autarquia, um debate sobre o papel do Estado no incentivo à leitura e a
produção literária. O evento vai reunir representantes de editoras locais, da
Academia Paraense de Letras, escritores, entre outros.
O objetivo é reunir subsídios para a
criação da Editora Pública. Em fase de elaboração, a proposta é que a editora
tenha uma política de publicações, com um conselho editorial formado por
especialistas no assunto, com regras claras de como serão publicados os livros
pelo Estado.
Segundo Rodrigo Moraes, responsável pela
montagem da editora, a IOE vem conversando com diversos segmentos do mercado
editorial, como as universidades públicas, na busca de critérios de seleção das
produções. “Será criado um edital para cada região, com critérios de avaliação
e publicação definidos pelo conselho editorial”, adiantou.
A editora terá, ainda, uma linha de
reedição de autores paraenses que estão fora de catálogo, e uma linha mais
comercial voltada para autores e seus diversos tipos de publicação. “Serão
obras infantis, poemas, crônicas, artigos científicos, entre outros”, esclarece
Moraes.
Dênis Girotto de Brito, da Pará.grafo
Editora, que vem realizando campanha de financiamento coletivo para reeditar as
obras do escritor marajoara Dalcídio Jurandir, diz que a produção editorial no
Pará é difícil e complexa. “Embora tenhamos grandes escritores no Estado, novos
e veteranos, produzir e vender livros aqui é um trabalho ousado. Acredito que
um dos maiores problemas para as editoras sediadas no Pará é a logística, tanto
no processo de produção do livro quanto na distribuição” pontua.
“A questão principal é que não existe um
mercado editorial. As poucas editoras existentes são microempresas que em
geral, devido aos altos custos das gráficas locais, imprimem em outros Estados”
acrescenta o escritor Alfredo Garcia.
Giroto cita o exemplo da Pará.grafo,
sediada em Bragança, nordeste paraense. “Os livros que editoramos são impressos
em São Paulo, transportados para Bragança e depois distribuídos para vários
estados. Num país continental como o nosso, esse processo encarece o livro e
torna a competitividade com as grandes editoras cada vez mais difícil. E ainda
tem o problema da distribuição. Há poucas livrarias no Pará, o que nos força a
optar e dar prioridade às vendas online. Além de tudo isso, ainda há a falta de
incentivos, por parte do poder público, para essas pequenas editoras regionais
que carregam a literatura paraense nas costas”, pondera.
Segundo ele, a criação de uma editora
pública “é uma ótima ideia, desde que essa editora tenha como objetivo a
produção e incentivo à literatura paraense, resgatando obras de autores
consagrados da nossa literatura e publicando também novos autores” pontua.
“Viria preencher uma lacuna no mercado
local, dependendo da forma que será constituída” acrescenta Alfredo Garcia.
Serviço:
Debate sobre mercado editorial no Pará
Data: 17/04/2019
Hora: 9h30
Local: Imprensa Oficial do Estado, na
Travessa do Chaco, 2271.
Contato: 4009- 7829