O Sistema de Segurança Pública do Pará
divulgou na tarde desta sexta-feira (24), em entrevista coletiva em Belém, que
as investigações realizadas pela Polícia Civil já desvendaram as 11 mortes
ocorridas no bairro do Guamá, no último domingo (19). Oito pessoas estão
envolvidas no crime, entre elas quatro policiais militares. Um dos militares
foi preso hoje durante a Operação Kratos (na mitologia grega, um semideus que
personifica a força e o poder), deflagrada pela Polícia Civil em parceria com a
Polícia Militar, para cumprir mandados de prisão decretados pela Justiça. No
final da tarde, outro policial militar acusado de envolvimento no crime se
entregou na sede da Delegacia-Geral, em Belém.
As investigações já definiram duas
possíveis motivações do crime. O inquérito agora tem dez dias de prazo legal
para ser concluído e remetido ao Poder Judiciário. Até o momento, foram presos
Edivaldo dos Santos Santana; Aguinaldo Torres Pinto; Jaisson Costa Serra, e dos
policiais militares Wellington Almeida Oliveira e Pedro Josimar Nogueira da
Silva. Continuam foragidos um homem identificado apenas como Diel, e os
policiais militares Fernandes de Lima e José Maria da Silva Nogueira. Durante a
Operação Kratos foi preso o cabo Wellington Almeida Oliveira, que já estava com
ordem judicial de prisão preventiva. No final da tarde, o cabo Pedro Josimar
Nogueira da Silva se entregou na Delegacia-Geral.
A coletiva foi presidida pelo secretário
de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Uálame Machado, e contou com as
presenças do delegado-geral de Polícia Civil, Alberto Teixeira; do
comandante-geral da PM, coronel Dilson Júnior, e do secretário Extraordinário
de Estado para Assuntos Penitenciários, Jarbas Vasconcelos.
Exemplo - O secretário Uálame Machado
destacou o compromisso assumido pelo Sistema de Segurança Pública de desvendar
o crime o mais rápido possível, assim como todos os crimes ocorridos este ano.
"A gente trabalha firmemente, e vêm reduzindo os índices de violência
durante estes primeiros meses de gestão, para que os crimes não ocorram.
Obviamente, um ou outro crime vai ocorrer, e a gente tem que dar uma resposta
célere e eficaz, para que possamos dar o exemplo da não impunidade",
ressaltou.
Ele destacou ainda a atuação integrada
das polícias Civil e Militar, do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves e
do Sistema Penitenciário, e também do Serviço de Inteligência.
"Conseguimos que um fato gravíssimo, uma das maiores chacinas do Estado do
Pará, fosse esclarecido em cinco dias. Isso é um fato inédito na história da
Polícia Judiciária paraense. Vocês lembram que muitos fatos como esse ocorreram
no Estado, e infelizmente, por diversas vezes, esses crimes ficaram sem
elucidação", destacou.
Uálame Machado informou que, em menos de
48 horas, duas pessoas foram identificadas por envolvimento nos crimes -
Edivaldo dos Santos Santana e Aguinaldo Torres Pinto -, e no dia seguinte mais
uma pessoa foi identificada. O secretário destacou que uma equipe da Perícia Criminal
do Pará está no Estado da Bahia, para onde materiais apreendidos durante as
investigações foram levados, a fim de agilizar a apuração do caso, visto que,
naquele Estado, há um equipamento de precisão que está sendo utilizado no
trabalho. O secretário disse ainda que os três homens presos nos primeiros dias
estão com as prisões preventivas decretadas pela Justiça.
Ele esclareceu que nem todos os presos
estão envolvidos diretamente na ação criminal, mas têm participação no suporte,
na logística e no acompanhamento dos possíveis alvos do crime. "Cada um
teve sua participação, e todos eles contribuíram de alguma forma para a
chacina", afirmou Uálame Machado. Em relação à motivação do crime, o
secretário informou que manterá o sigilo até o final do inquérito.
Segundo ele, até o prazo final das
investigações, a meta é localizar os foragidos, considerados os principais
envolvidos no crime, para que sejam ouvidos em depoimento e confirmem uma das
duas hipóteses de motivação do crime investigadas no inquérito.
Trabalho integrado - O delegado-geral de
Polícia Civil, Alberto Teixeira, destacou a parceria com o Sistema
Penitenciário e a Corregedoria da PM no suporte de informações para auxiliar as
investigações do caso, que resultou na identificação dos autores.
Segundo ele, as oito pessoas
identificadas nas investigações têm participação efetiva no crime e no apoio à
execução da chacina, mas salientou que pode haver mais de um mandante das
mortes. "Isso será apurado ao longo dos próximos dez dias de investigações,
para total esclarecimento dos fatos", acrescentou, reforçando que o
Sistema de Segurança Pública não vai admitir ações criminosas de milicianos ou
de membros de facções.
Envolvimento de PMs - O coronel Dilson
Júnior informou que os policiais militares acusados dos crimes são quatro cabos
da ativa da PM e outro da reserva. Em relação aos foragidos, caso não sejam
encontrados, explicou o coronel, começará o período de deserção. "No prazo
de oito dias serão considerados desertores e terão seus vencidos bloqueados",
afirmou Dilson Júnior.
Ainda de acordo com o comandante-geral
da PM, a corporação vai continuar atuando com rigor na punição. O Código de
Ética da PM prevê a exclusão, a bem da disciplina. O coronel Dilson Júnior
informou que no dia seguinte às mortes no domingo, a Corregedoria da PM iniciou
a apuração, por meio de inquérito policial militar, de informações sobre
possível associação de policiais militares na prática dos crimes.