O Estado trabalha para
identificar os líderes das duas facções criminosas envolvidas no confronto que
resultou na morte de 52 presos no Centro de Recuperação Regional de Altamira,
ocorrido na manhã desta segunda-feira (29). Ficou definido, em tratativa do
governador Helder Barbalho com o ministro da Justiça e Segurança Pública,
Sergio Moro, que os responsáveis serão transferidos para presídios federais.
Representantes dos
órgãos de segurança pública do Pará seguiram para Altamira, no sudoeste do
Pará, no início desta tarde, para acompanhar de perto as investigações. A
Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe) confirmou que os
crimes foram resultado de um confronto entre duas facções criminosas que
disputam território dentro da unidade prisional, Comando Classe A (CCA) e
Comando Vermelho (CV).
Os líderes do CCA
colocaram fogo em uma cela que pertence a um dos pavilhões do presídio, onde
ficavam integrantes do CV. De acordo com o superintendente da Susipe, Jarbas
Vasconcelos, devido à unidade ser mais antiga, construída de forma adaptada a
partir de um contâiner, com alvenaria, o fogo se alastrou rapidamente e alguns
dos internos morreram por asfixia. Nenhum servidor do órgão foi morto.
"Foi um ato
dirigido. Os presos chegaram a fazer dois agentes reféns, mas logo foram
libertados, porque o objetivo era mostrar que se tratava de um acerto de contas
entre as duas facções, e não um protesto ou rebelião dirigido ao sistema
prisional", afirmou Jarbas Vasconcelos. Não foram encontradas armas de
fogo, apenas estoques - facas improvisadas com material precário.
Ainda de acordo com a
Susipe, nenhum relatório da inteligência do órgão reportou o ataque e que
brigas entre facções ocorrem no sistema prisional, por isso, presos são
transferidos diariamente. "Temos protocolos para a maioria dos casos, mas
neste específico, não tínhamos informações sobre um ataque dessa
magnitude", destacou.
Seguiram com o
superintendente da Susipe para o município o titular da Secretaria de Estado de
Segurança Pública e Defesa Social (Segup), Ualame Machado; o comandante geral da
Polícia Militar, coronel Dilson Júnior; e o delegado geral de Polícia Civil,
Alberto Teixeira.
Presídio - Em Altamira,
o Centro de Recuperação Regional abriga 311 presos. "Não há superlotação
carcerária na unidade, mas estamos aguardando a entrega de uma nova prisão pela
Norte Energia, que deve ficar pronta até dezembro. Os contâiners não são
improvisados, existem há algum tempo, mas com a entrega do noxo complexo como
compensação ambiental da empresa, teremos capacidade para 306 internos e ainda
uma unidade feminina. Esperamos, assim, ter um espaço mais seguro e moderno na
região da Transamazônica", pontuou.
Em agosto, 485 novos
agentes prisionais serão nomeados pela Susipe, os primeiros concursados da
história do órgão. Os novos servidores poderão portar armas, o que Jarbas
acredita que será uma importante mudança no panorama da gestão dos presídios do
Estado do Pará.
Confronto - O incidente
aconteceu no início da manhã, por volta de 7h, na hora da destranca. A ação e o
fogo foram contidos logo cedo e os envolvidos estão no pátio da unidade
prisional. Entre os mortos, 16 presos foram encontrados decapitados. Dos
asfixiados, ainda não foi possível remover todos os corpos devido à unidade ser
parte de um contâiner, ou seja, as dependências ainda estão quentes por conta
do incêndio causado pelos internos.