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Hematomas no corpo da vítima de violência doméstica foram provocados por golpes de barra de ferro Foto: Divulgação |
A promotora de Justiça Sintia Bibas
Maradei, atual responsável pela 5ª Promotoria de Justiça Criminal de Icoaraci,
ofereceu denúncia à Justiça contra Márcio Cruz da Conceição, que está preso sob
acusação de torturar, ameaçar e obrigar a sua ex-namorada a comer fezes de
animal. A vítima foi mantida em cárcere privado e submetida a cinco horas de
agressão. O caso gerou ampla repercussão pela crueldade do suposto agressor.
Na denúncia encaminhada nesta
quinta-feira (11) à vara criminal de Icoaraci, o Ministério Público do Estado
do Pará (MPPA) pede à Justiça que Márcio Cruz da Conceição seja condenado pela
prática dos crimes de tortura, lesão corporal e perigo à vida, com vários
agravantes, como causar deformidade permanente, se enquadrar como violência
doméstica, ter provocado lesão grave, ter ocorrido mediante sequestro e com
característica de estupro e ter como vítima uma mulher.
A somatória das penas pelos crimes
cometidos pode resultar em condenação à prisão por período próximo a 30 anos.
De acordo com a promotora Sintia Bibas
Maradei, o suposto agressor não foi denunciado por tentativa de feminicídio
pois, a princípio, a violência não motivada pelo fato de a vítima ser mulher.
“Mas se obtivermos outras provas, podemos fazer o aditamento da denúncia”,
explica.
Além de pedir a condenação de Márcio
Cruz pelos crimes citados, a promotora também requereu que a Justiça fixe um
valor mínimo para que o suposto agressor indenize a vítima a título de
reparação dos danos causados.
Relembre o caso
Márcio Cruz, de 19 anos, está preso
preventivamente em cadeia pública, a pedido do MPPA, desde o último dia 2 de
julho. Ele foi detido por uma equipe da Polícia Civil no bairro do Paar, em
Ananindeua, acusado de torturar e ameaçar a sua ex-namorada.
O pedido de prisão foi solicitado pelo
promotor de Justiça Mauro Mendes, titular da Promotoria de Justiça de Icoaraci,
local onde ocorreu o crime. A motivação da agressão, segundo denúncia feita
pela vítima, foi a insatisfação com o término do relacionamento.
No pedido de prisão, o promotor Mauro
Mendes detalhou que no último dia 23 de junho, Márcio Cruz convidou a vítima
para almoçar em sua residência. Chegando lá, o homem estava sozinho e mandou a
vítima entrar. Na entrada, ele disse, textuais: “eu te avisei que o fim era
triste”. Na sequência, começou a agredir a ex-namorada com uma barra de ferro,
provocando vários hematomas pelo corpo. Em seguida, segurando uma faca para que
não fugisse, raspou sua cabeça com uma navalha, cortando a região supraciliar
esquerda e ocasionando múltiplos ferimentos na região do couro cabeludo.
Ainda com a faca, Márcio cortou
superficialmente o rosto da vítima no formato da letra “M” em sua testa, jogou
sabão em seus olhos, urinou em sua boca, fez a referida comer fezes de
cachorro, jogou água sanitária em seu rosto e gravou um vídeo após realizar as
lesões. O vídeo foi enviado aos familiares da mulher agredida.
O acusado também gravou mensagens de
áudio ameaçando a ex-namorada. Em alguns trechos, Márcio diz que “eu só não te
matei mesmo, vagabund*, porque tua vida vale menos que merd* e minha liberdade,
sua rata”.
Informações contidas no inquérito
policial registram que a tortura durou cerca de cinco horas, cessando somente
após a vítima ter conseguido escapar por uma janela da residência.
Márcio Cruz é suspeito de ter
envolvimento com o tráfico de drogas e de ser integrante da organização
criminosa Comando Vermelho.