O Museu do Marajó Padre Giovani Gallo
completa nesta quinta-feira (12) 32 anos de fundação, e com motivo para dupla
comemoração. Em outubro deste ano foram acordados os detalhes do Termo de
Comodato que passa a administração do Museu para o Governo do Pará, por meio da
Secretaria de Estado de Cultura (Secult), pelo período de 36 meses (três anos).
A gestão será realizada em parceria com a associação que leva o nome do museu,
atual gestora do espaço, e também da Prefeitura de Cachoeira do Arari,
município onde está localizado o Museu, no Arquipélago do Marajó.
Depois de diversas tentativas, os termos
do acordo foram definidos em Cachoeira do Arari, durante reunião com
representantes da Associação, da Secult, do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan), Universidade do Estado do Pará (Uepa) e do
Ministério Público do Estado do Pará (MPPA). Só falta definir a data de
assinatura do documento, pois depende do inventário do acervo do Museu, que já
está sendo preparado por técnicos da Secult.
O museólogo Emanuel Fernandes de
Oliveira Júnior, coordenador de Documentação e Pesquisa do Sistema Integrado de
Museus (SIM), esteve em Cachoeira do Arari para articular a participação da
comunidade na gestão do Museu do Marajó. O objetivo era iniciar um Arrolamento
Museológico - quantificação geral dos objetos do acervo, que é
multicomponencial e representa o desejo do padre Giovanni Gallo de retratar o
ecossistema marajoara com material arqueológico, biológico, paleontológico,
histórico e etnográfico, composto por várias coleções que se encontram com a
conservação comprometida.
Peculiaridade - "Padre Giovanni
Gallo era museólogo e tinha uma imaginação museal muito peculiar. Ele criou os
computadores caipiras por entender que o caboclo - público imediato do Museu -
tinha os olhos nas pontas dos dedos, portanto deveria tocar no acervo exposto.
Essa característica acabou dando origem a uma instituição de cunho exploratório
diferente do museu mais tradicional/ortodoxo. Estamos empenhados em fazer o
melhor pelo Museu e seu acervo, patrimônio do povo marajoara", afirmou
Emanuel Júnior, que também é antropólogo.
Como o Museu do Marajó está ligado à
vida dos moradores de Cachoeira do Arari, o levantamento do acervo será feito
pela própria comunidade. Antes, haverá uma preparação, no período de 16 a 19 de
dezembro (segunda a quinta-feira). Em janeiro de 2020, uma ação de educação
patrimonial será realizada pelo Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico
e Cultural (Dphac). A direção do SIM espera que, até março de 2020, toda a
catalogação dos objetos esteja concluída, para dar início à limpeza e
acondicionamento do acervo para retirada do local, já que o prédio do Museu
entrará em reforma estrutural e será adaptado.
Para a secretária de Estado de Cultura,
Ursula Vidal, a recuperação do Museu do Marajó é fundamental para a preservação
do patrimônio material e imaterial da Amazônia. "Esse museu é uma herança
do padre Giovanni Gallo, que foi um visionário ao coletar e abrigar materiais
que contam a história milenar da ocupação da nossa região. Estamos muito
felizes em celebrar o aniversário do Museu do Marajó valorizando essa
iniciativa, que partiu da própria sociedade e que tem gigantesco valor cultural
e patrimonial. Juntos, demos o primeiro passo para salvar o Museu do
Marajó", disse a titular da Secult.
História - Concebido pelo padre italiano
Giovanni Gallo, e criado de modo informal em 1972, o Museu do Marajó foi aberto
ao público em 1984, durante as obras de recuperação e instalação, sendo
inaugurado oficialmente em dezembro de 1987.
O Museu tem um acervo com cerca de 5 mil
peças de cerâmica, sobretudo fragmentos, como pedaços de vasilhas e pratos. Boa
parte desse material está catalogada no livro "Motivos ornamentais da
cerâmica marajoara". Além de salvaguardar esse patrimônio arqueológico, o
Museu foi criado para se tornar um polo de desenvolvimento por meio da cultura,
oferecendo à comunidade cursos e oficinas, e estimulando o turismo na região.