“A Música no Belle Époque” é o tema da
palestra que o músico e maestro Jonas Arraes ministrará nesta sexta-feira, 31,
no Espaço Criança do Castanheira Shopping, a partir das 17 horas. O evento tem
entrada franca e faz parte da programação em homenagem aos 404 anos de Belém,
promovida pelo shopping, composta ainda pela exposição de fotografias “Belém,
Viva Belém”, que mostra como era a capital paraense na virada do século XIX
para o XX.
Jonas Arraes é professor aposentado do
Instituto Estadual Carlos Gomes (hoje Conservatório Carlos Gomes). Durante mais
de 35 anos atuou como contrabaixista de orquestras sinfônicas em São Paulo,
Paraíba e Bahia, tendo encerrado a carreira em 2009 na Orquestra Sinfônica do
Theatro da Paz. Atualmente, é docente do Departamento de Artes da Universidade
do Estado do Pará, onde leciona no Curso de Licenciatura em Música. É graduado
em Contrabaixo, mestre em Musicologia e doutorando na UNICAMP.
Sobre a música que circulava em Belém
antes do advento da Belle Époque, Jonas Arraes explica que a igreja católica
era quem mais promovia a música de tradição europeia, porém, a música feita
pelas populações tradicionais já estava na região há muitos séculos. “Com a
chegado dos negros escravizados, uma nova forma de manifestação musical surgiu
trazida por eles, através da oralidade e do reavivamento de suas tradições.”,
ressalta.
Após o movimento da Cabanagem, a Belle
Époque se fez presente na região, favorecida pelos recursos novos advindos do
período áureo da borracha. “Muitos músicos, companhias líricas, eventos,
instrumentos musicais, vieram para a Amazônia. Com a inauguração do Theatro da
Paz, em 1878, o mercado musical se ampliou, assim como, diversos grupos de
origem europeia ou tradicionais passaram a ocupar outros palcos criados para
alimentar a dinâmica musical crescente, ampliando o público e os negócios
ligados a esta atividade artística.”, relata o maestro.
Contudo, as riquezas produzidas naquele
período concentraram-se em uma só classe, representada por uma elite
intelectual e econômica que estabelecia a produção musical para deleite dela
própria e de um público que possuía recursos para absorver tais produtos
artísticos. “Boa parte da população ficava alienada das produções musicais
caras, no entanto, esta mesma população, vivente nos bairros mais afastados do
belo centro, desenvolvia seus gêneros musicais, deixando para a posteridade um
valioso legado.”, destaca o maestro.
Ele cita Gama Malcher, Meneleu Campos,
Henrique Gurjão, Paulino Chaves, José Domingues Brandão e Julia Carvalho como
alguns dos compositores que se destacaram na época. Durante a palestra desta
sexta-feira, Jonas Arraes falará sobre a circulação de diversos produtos relacionados
à música, como instrumentos e partituras, e a inda a relação da música com a
educação e o canto orfeônico.
Sobre o legado deixado na cidade pela
Belle Époque e que até hoje faz parte do cotidiano da população, o maestro
aponta, entre outros, o Conservatório Carlos Gomes, as escolas de ensino de
canto e piano, a formação de bandas de música no interior e capital e de
orquestra sinfônica.
Serviço: Palestra “A música no Belle
Époque”, com o maestro Jonas Arraes, nesta sexta-feira, 31, no Espaço Criança
(3º piso) do Castanheira Shopping (BR -316, Km 01 – s/n), a partir das 17
horas, com entrada franca. Contato:(91) 4008-8100.