Ana Paula Bittencourt |
A inserção de mulheres ainda é tímida no
mercado de trabalho brasileiro. Segundo dados da Relação Anual de Informações
Sociais (Rais) do Ministério da Economia, de 2009 a 2018, a presença feminina
aumentou apenas 2%, passando de 40% para 42%. Diante deste contexto desafiador,
determinação é uma característica que marca protagonistas da representatividade
feminina na indústria do Pará com destaque para os múltiplos papéis assumidos
em distintas áreas: elas conduzem cargos de liderança estratégica e operacionais
que até então eram associados ao gênero masculino.
Em todo o país, as mulheres ocupam 43,8%
dos cargos de chefia, de acordo com números mais recentes da Rais. Apesar do
desafio de promover a igualdade de salários entre homens e mulheres, que ainda
têm diferença de 30%, os números são melhores a cada ano - o que mostra uma
evolução do mercado de trabalho na equidade de gênero neste nível hierárquico.
Como signatária do Pacto Global das
Nações Unidas, a Alubar, empresa líder de mercado na América Latina que oferece
soluções em condutores elétricos de alumínio e cobre, está comprometida com o
Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5: Igualdade de Gênero. Por isso,
a empresa proporciona oportunidades iguais para pessoas que se dedicam e
mostram competência no trabalho - inclusive no acesso a cargos de chefia.
Ana Paula Bittencourt é uma das gestoras
da Alubar. Há seis anos como colaboradora, ela entrou como Coordenadora de
Controladoria na unidade de Barcarena, no nordeste do Pará, e cresceu conforme
as oportunidades surgiam na empresa. No final de 2019, ela assumiu o cargo de
Gerente Geral da unidade Alubar Montenegro, no Rio Grande do Sul, com a missão
de levar a cultura Alubar desenvolvida no Pará para a nova unidade, que entrou
em operação em janeiro deste ano. “As empresas precisam de um tripé de bom
senso, justiça e respeito. Quando uma organização incorpora isso no dia a dia,
ela consegue promover a igualdade. Vejo a Alubar como um ambiente muito
empoderador, que favorece a todos que se dedicam em suas funções, independente
de gênero”, relata Ana Paula.
Pioneira - Primeira mulher a participar
da Brigada Profissional de Emergência da Mineração Rio do Norte (MRN) no
distrito de Porto Trombetas, município de Oriximiná, Oeste do Pará, Waldeíla
Leal Martins, 31 anos, foi recebida em janeiro deste ano pelos seus 40 novos
colegas de trabalho e está ansiosa pelos desafios diários da profissão. “Entrar
na Brigada Profissional de Emergência da MRN é gratificante, porque é uma área
observada como profissão apenas para homens. Mas não me senti intimidada por
ser a única mulher, porque também já tenho conhecimento da minha experiência
anterior como Bombeira Civil e porque todos foram bem atenciosos e generosos”,
declara.
Nascida em Faro (PA), Waldeíla morou 11
anos em Manaus (AM) e mudou-se para Porto Trombetas em janeiro após conquistar
a vaga num processo seletivo, iniciado em outubro de 2019. A conquista é
resultado de três anos de formação e de experiências como Bombeira Civil e
Técnica de Segurança do Trabalho em Manaus. Também é a oportunidade para
Waldeíla retornar ao Pará e ficar próxima de seus familiares, que vivem em
Faro: “Conseguir essa vaga é uma realização para mim, que vou ficar mais perto
da minha família. Valeu a pena todo o sacrifício pela minha formação, que está
me dando frutos”.
Entre as missões do dia a dia, Waldeíla
somará no trabalho preventivo, para traçar e administrar cenários prévios de
análise de riscos. Também ficará em alerta para emergências como acidentes,
princípio ou incêndio em si, entre outras situações. Ela espera que a
representatividade feminina pioneira na Brigada da MRN abra portas para outras
mulheres também se candidatarem a futuras vagas de Brigadista. “Minha vontade é
inspirar outras mulheres, mostrando que a gente pode sair da nossa zona de
conforto, fazer algo que dizem que não é pra mulher fazer. Se a mulher se
empenhar, ela vai estar na profissão que ela quiser estar”, conclui.
Em busca da zero discriminação
Conscientizar e mobilizar ações para a
promoção da igualdade e do empoderamento de mulheres é o objetivo do Dia
Mundial de Zero Discriminação 2020, celebrado no dia 1º de março. A reflexão é
necessária uma vez que o Brasil ocupa o 37º lugar em uma lista de 120 países,
divulgada em 2018 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE). A lista mede o nível de discriminação contra as mullheres e
quanto mais perto do topo menor a discriminação de gênero.
Comprometido com a igualdade de gênero,
o Grupo Imerys, que trabalha com caulim no Pará, realizará uma semana de
programação para todos os colaboradores, unindo o Dia de Zero Discriminação e o
Dia Internacional da Mulher, de 9 a 13 de março. Serão realizadas palestras
sobre os desafios das mulheres no mercado de trabalho e como o mercado
internacional exige que as empresas pensem mais em diversidade e inclusão em
todos os níveis hierárquicos.
Maura Cerqueira, técnica de laboratório
da Imerys, em Ipixuna do Pará, vem conquistando seu espaço nesta empresa, onde
trabalha há 12 anos. Ela começou como auxiliar de produção, passou para
operadora de produção e agora trabalha no laboratório. “As mulheres vêm subindo
no mercado de trabalho, se mostrando muito presentes. Nós estamos lutando e
conseguindo nos manter no mercado de trabalho em funções que antes eram
ocupadas somente por homens. Deixamos de ser somente do lar e estamos buscando
novos horizontes”, afirmou Maura.
Conciliar para conquistar
Ser mulher no Brasil inclui diversas
realidades. Uma delas é o equilíbrio entre maternidade e carreira. Um
levantamento da Catho feito em 2018 concluiu que 30% das mulheres acabam
deixando o trabalho ao dar luz. Não foi o caso de Jorgeane Almeida, supervisora
de Meio Ambiente na Alcoa, em Juruti, oeste do Pará. “Procuro gerenciar meu
tempo no trabalho para não precisar trabalhar em casa e me dedicar a minha
família. Me preparei e me planejei durante a minha licença maternidade para
quando esse momento chegasse, mas, além disso, tenho recebido apoio total da
minha gestora e equipe. A Alcoa é uma empresa sensível a esse momento que é a
maternidade”, afirma ela, que é a mãe da Valentina, de sete meses, e acabou de
retornar da licença maternidade estendida e pode contar com uma sala de apoio à
amamentação na mina. As razões para o número elevado apontado pela pesquisa são
muitas: 48% das mães, por exemplo, apontam que já tiveram problemas no trabalho
ao se ausentarem porque um filho passou mal.
Jorgeane é engenheira florestal, natural
de Oriximiná, entrou na Alcoa no programa de jovens engenheiros e vem
progredindo em sua carreira, sendo atualmente responsável por toda a gestão dos
temas ambientais e de licenciamento da Alcoa em Juruti. Ela entende que a
presença feminina na sua área de atuação é equilibrada em relação aos homens,
mas o foco pela equidade precisa ser mantido, buscando, cada vez mais,
representatividade, inclusive, em cargos de liderança. Para ela, o preconceito
que as mulheres, inconscientemente, têm em relação a si próprias é o maior
desafio. “Por questões culturais, não imaginamos o quão somos capazes de
atingir outros níveis dentro da organização. Ainda temos muito medo e
precisamos superar isso. A mudança precisa começar por nós”, declara Jorgeane.