O março amarelo é o mês dedicado à conscientização
sobre a endometriose. A Endometriose é uma doença ginecológica em que
células da camada que reveste o útero, o chamado Endométrio, cresce fora da
cavidade uterina, podendo acometer outros orgãos presentes no abdome. Como
resultado tem-se uma reação inflamatória crônica que, por sua vez, pode
ocasionar cólicas menstruais intensas; dor crônica na região pélvica, na
vagina, durante relações sexuais e ao urinar; inchaço; náuseas e vômitos e em
casos mais graves até a infertilidade.
A Endometriose é muito comum no Brasil.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 15% das mulheres, ou seja,
aproximadamente 7 milhões, sofrem com a doença no país. A causa para o
surgimento da doença ainda é objetivo de estudos, cientistas apontam que na
verdade pode ser algo multifatorial com associação de fatores genéticos,
anormalidades imunológicas e disfunção endometrial.
Estudos científicos realizados nos
últimos anos verificaram que pacientes com endometriose apresentavam uma queda
nos receptores do sistema endocanabinóide, responsável por equilibrar o
organismo para que este realize suas funções corretamente. Este sistema contém
neurotransmissores que se ligam a receptores canabinoides produzidos pelo corpo
ou adquiridos externamente, como no caso das substâncias da planta Cannabis. A
Journal of Molecular Endocrinology, periódico oficial da Sociedade de
Endocrinologia Europeia, publicou uma pesquisa de 2013, constatou que o
canabidiol (CBD) – canabinoide extraído da Cannabis – desenvolve ações
importantes nos órgãos reprodutores femininos. Segundo a publicação, estas
substâncias podem regular algumas funções tais como a migração e a proliferação
de células do endométrio.
Ainda que sejam necessários mais estudos
sobre a relação dos canabinoides com o aparelho reprodutor feminino, sabe-se
que o CBD tem propriedade analgésica e anti-inflamatória, e, portanto, poderia
ser utilizado para o alívio de alguns dos sintomas para endometriose. O seu uso
tem aliviado as dores crônicas da inflamação, os espasmos, as náuseas e
vômitos, proporcionando aos pacientes mais qualidade de vida.
Outro ponto importante a favor do uso de
CBD para os casos de endometriose, é a sua capacidade de impedir o crescimento
e a migração das células que causam a inflamação. O canabidiol bloqueia a
ativação do receptor GPR 18 (responsável pelo deslocamento das células
danificadas).
As propriedades do CBD têm contribuído
para o combate aos sintomas da endometriose, para uma melhora no quadro clínico
e na qualidade de vida dos pacientes. Mas vale reforçar que trata-se do uso
medicinal da planta e, que, assim como qualquer outro tratamento, o canabidiol
deve ser prescrito e acompanhado por médicos.
Gabriela Gonçalves,
Diretora médica da Ease Labs