Brenda Vianna com sua bebê - Foto: Ascom |
"Vamos, Miguel; vamos, meu filho.
Ajuda a mamãe...", clamava ao filho, Vitória Assunção, 19 anos, nas horas
finais de seu trabalho de parto na ala de Pré-parto, Parto e Puerpério (PPP) da
maior maternidade pública do Pará: a Santa Casa.
Nos momentos em que a dor aumentava e a
jovem precisava cada vez mais de apoio para enfrentar as contrações e o medo,
enfermeiros, técnicos e médicos se desdobravam para atender, além de Vitória,
todas as mulheres que chegavam. A Santa Casa realiza, em média, 900 partos por
mês, a metade é feita pelos profissionais de saúde que atuam no PPP.
Um trabalho vital que exige a capacidade
técnica, experiência na assistência a partos e a equipe do PPP da Santa Casa
vai além, ao oferecer a humanização do atendimento, por meio de técnicas que
dispensam o uso de drogas para o alívio da dor.
Enfermeira obstetra, Cristiane Monteiro
fala do atendimento especializado. "Os métodos não farmacológicos vão
ajudar a mulher a suportar o processo de dor. Durante o trabalho de parto, a
mulher vai sentir uma série de dores, desde o peso do bebê descendo aos ossos
da bacia se afastando, as dores das contrações, que são as dores mais fortes. E
nesse processo o fazer exercício minimiza algumas dessas dores, fazendo com que
ela suporte".
Cristiane Monteiro também frisou a
importância da garantia do apoio emocional. "O fato de ter alguém
presente, alguém da equipe junto à ela, faz com que ela se sinta segura".
E quem estava ao lado de Vitória
Assunção, eram a mãe Erica Assunção, a enfermeira residente Tays Freitas e a
experiente enfermeira obstetra Conceição Barros, que garantiu o apoio técnico,
além do apoio emocional.
Vitória, enfrentou uma pré-eclâmpsia
durante a gestação. Ela foi encaminhada às pressas para a Santa Casa, onde foi
internada, passou por vários exames e teve finalmente a pressão estabilizada,
podendo dar à luz ao Miguel, de parto normal. Para alívio de sua mãe Érica
Asunção.
"Ela veio para Santa Casa com a
pressão muito alta e eu achava que iam fazer cesariana. Mas foi muito bom o
atendimento, foi tudo maravilhoso, principalmente, as técnicas do exercício, e
graças a Deus isso fez com que ela tivesse um bom parto, mesmo sendo
considerado um parto de risco, por causa da pressão dela. Tudo deu certo e o
parto foi normal.", revelou a avó.
A enfermeira Conceição Barros integra o
grupo de profissionais que foi precursor na implantação do parto humanizado, na
Santa Casa, e até hoje é uma incentivadora da aplicação das técnicas.
Conceição Barros contou que as técnicas
começaram a ser implantadas desde 2013 quando a equipe do hospital fez um curso
de aprimoramento na cidade do Rio de Janeiro em duas maternidades da rede
cegonha, a maternidade Mariska Ribeiro e maternidade Maria Amélia Buarque de
Holanda.
"Esse conhecimento foi sendo
repassado para os residentes da época, que hoje compõem a equipe e que hoje
compartilham com outros residentes, garantindo que esse apoio permaneça sendo
dado às gestantes durante o trabalho de parto" conta a enfermeira
Conceição Barros, que também é preceptora dos residentes de enfermagem.
Entre as tecnologias não invasivas de
cuidado de enfermagem obstétrica indicadas às mulheres em trabalho de parto no
PPP da Santa Casa estão o direito a um acompanhante, o que ajuda no bem estar e
segurança da mulher.
Também, são consideradas as técnicas de
deambulação - que é possibilitar que a mulher caminhe e não fique apenas
deitada no leito durante o trabalho de parto, o que também acelera o trabalho
de parto e o alívio da dor -; a bola, que ajuda aliviar as tensões, realizando
uma massagem no períneo e contribuindo para a descida do feto; a massagem, que
pode ser feita pelo companheiro, acompanhante ou profissional de saúde e que
acelera o trabalho de parto; o banho de chuveiro, que pode aliviar a dor e
acelerar o trabalho de parto; e o acesso a alimentos e líquidos, que são fontes
de energia.
Letícia Moura, foi residente da Santa
Casa em 2015 e hoje atua como enfermeira obstetra da equipe do PPP. Para ela,
esse é um trabalho que exige dedicação e persistência, principalmente, por
conta do grande volume de partos realizados na maternidade.
"A gente inicia um plantão agitado
e às vezes ele continua agitado até o final, mas na medida do possível, a gente
tentar fazer com que elas (as mães) não se sintam sós, passando algumas vezes
durante o plantão no quarto com elas, fazendo o trabalho do alívio da dor, com
o apoio dos residentes e fisioterapeutas'', disse a residente Letícia Moura.
Ela acrescentou que a Santa Casa tem
equipe multiprofissional que também dá apoio às mulheres em outros aspectos, a
exemplo do apoio psicológico, de avaliação médica e de assistência social, o
que torna o atendimento humanizado possível.
Um suporte que garantiu a outra jovem
mãe, a técnica em estética Brenda Vianna, de 23 anos, uma emocionante
experiência. Ela estudou muito os tipos de parto e ao completar 41 semanas
estava decidida que queria o parto natural e não queria ter o bebê na maca e
sim sentada na banqueta.
A médica que acompanhou o pré-natal de
Brenda Vianna recomendou que ela procurasse a Santa Casa. "As enfermeiras
foram maravilhosas, me explicaram tudo direitinho e graças a Deus eu tive a
minha filha com essa equipe. O parto natural é o melhor jeito, a gente participa
de tudo e na verdade elas assistem o nosso parto, mas nós é que somos
protagonistas e fazemos tudo acontecer''.
Brenda recordou que teve todo o apoio
necessário. "Apesar de eu já estar com 10 centímetros de dilatação a minha
filha ainda não tinha descido e eu tive que fazer agachamentos a cada contração
e as enfermeiras estavam ali, a cada contração, fazendo massagem na minha
lombar, sempre com um sorriso no rosto e graças a Deus correu tudo bem e eu
tive minha filha na banqueta, que foi a posição que eu escolhi, e ela nasceu
direitinho e eu estou para completar 40 dias e estou super recuperada e é o que
eu recomendo às grávidas, que elas optem pelo parto natural".
"A gente tem muito medo da dor, mas
não é uma dor de doença, não é uma dor de coisa ruim. É uma dor de nascimento,
de vida, de você estar trazendo o seu filho ao mundo.", disse Brenda.