Em dois anos, o trabalho de apuração
criminal desenvolvido pela Força-Tarefa Amazônia (FT Amazônia) do Ministério
Público Federal (MPF), concentrada nos estados do Amazonas e de Rondônia,
resultou no cumprimento de 516 medidas de investigação em 15 operações, além do
ajuizamento de 18 ações penais. A força-tarefa foi oficialmente instituída em
agosto de 2018 e prorrogada em fevereiro de 2020 por mais um ano. Nesse
período, foram reveladas práticas criminosas baseadas na destruição de recursos
naturais que movimentavam quantias milionárias. O total de denunciados é de
105, entre pessoas físicas e jurídicas.
Entre os casos de destaque está a
Operação Elemento 79, que descortinou um complexo esquema de utilização de ouro
proveniente de garimpos ilegais na Amazônia em uma indústria joalheira sediada
em Manaus. Em pouco mais de dois anos, a indústria recebeu 316 quilogramas de
ouro de origem ilícita, vindos de garimpos em Roraima, Rondônia e interior do
Amazonas, para transformação em joias e barras de ouro. Segundo parecer
produzido pelo setor pericial do MPF, cada quilograma de ouro extraído
ilegalmente na Amazônia produz, minimamente, R$ 1,7 milhão de danos ambientais.
Isso significa que, nessa operação, os danos ambientais superam a casa dos R$
500 milhões.
Outra operação que demonstra as vultosas
quantias obtidas pelos infratores a partir dos crimes ambientais na Amazônia é
a Ojuara. As investigações revelaram o envolvimento de servidores do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Acre
em esquema de corrupção que favorecia grileiros e pecuaristas ligados a desmatamento
na região. Um dos denunciados por lavagem de dinheiro usava a esposa como
“laranja”, registrando em nome dela bens e valores decorrentes da atividade
criminosa, para ocultar a origem dos recursos, que foram calculados em mais de
R$ 3,6 milhões, movimentados entre 2011 e 2019.