Parte da estratégia é fazer com que os
homens vejam outros homens falando voluntariamente sobre o tema, além de
esclarecer dúvidas e desmistificar pontos considerados “sensíveis” para o
público masculino
No Brasil, o câncer de próstata é o
segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do tumor de pele não-melanoma.
Para que exista uma chance de reduzir o número de casos da doença, é preciso
que os homens busquem atendimento médico com mais frequência, o que é essencial
para garantir um diagnóstico precoce.
Por que, mesmo com uma possibilidade de
evitar a doença, o número de vítimas deste tipo de câncer aumenta?
Historicamente, o público masculino
tende a frequentar menos os consultórios para realização de exames preventivos,
fazendo com que muitas doenças sejam detectadas em estágios avançados, o que
dificulta o tratamento.
É nesse contexto que surge o Novembro
Azul, uma campanha que busca mobilizar as pessoas em torno da conscientização
da população sobre o câncer de próstata.
“Existe uma resistência cultural muito
grande do homem em procurar um diagnóstico, o que acredito ser o fator mais
relevante. Outro ponto está totalmente relacionado com o exame de próstata, que
é o toque retal”, observa Fernando Paragó, diretor corporativo Médico da
Pró-Saúde.
A Pró-Saúde, entidade filantrópica para
qual atua Paragó, gerencia 28 hospitais no Brasil, onde passam todos o meses
mais de 1 milhão de pessoas.
Um estudo realizado pelo Centro de
Referência da Saúde do Homem, órgão ligado ao governo paulista, aponta que 60%
dos pacientes só procuram o urologista quando a doença está em estágio
avançado.
“A cultura machista traz duas questões
principais. A primeira é de que o homem não busca proativamente nada
relacionado a beleza ou saúde. E a segunda é especificamente sobre o exame de
prevenção do câncer de próstata”, observa Paragó.
Por isso, ele acrescenta, “é importante
abordarmos esse assunto, principalmente nas redes sociais, onde os homens verão
outros que, voluntariamente, se propuseram a falar sobre o tema de forma
aberta”.
Campanha
Assim como no Outubro Rosa (que alerta
sobre o câncer de mama), a campanha do Novembro Azul da Pró-Saúde, será
totalmente digital.
O conteúdo será compartilhado nas redes
sociais da entidade, como Facebook, Instagram e Youtube, ao longo do mês. Por
meio de vídeos e posts, especialistas vão esclarecer dúvidas enviadas por
homens de diversas regiões do país sobre a doença.
A estratégia tem motivo específico. Os
usuários de redes sociais não param de crescer e a maioria acessa seus perfis
pelo celular.
O Brasil é o país que mais tem pessoas
conectadas nas redes, entre os seus vizinhos latino-americanos — conforme
estudo realizado em 2019 pela ComScore, a gigante mundial que analisa dados da
internet.
Já o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) aponta que 98% dos acessos à internet são feitos pelo
celular.
A doença
A próstata é uma glândula que só o homem
possui, localizada na parte baixa do abdômen. É um órgão pequeno, que tem a
forma de maçã, situada logo abaixo da bexiga e à frente do reto (parte final do
intestino grosso).
Seus fatores de riscos podem ser
considerados: a idade, que faz com que os números aumentem significativamente
após os 50 anos, fatores genéticos e ou excesso de gordura corporal.
A doença, quando em seu estado inicial,
é silenciosa. Alguns pacientes não possuem sintomas e, quando apresentam, eles
consistem em dificuldade para urinar ou necessidade de urinar mais vezes
durante o dia e à noite. Em seu estado avançado, o câncer de próstata pode
causar dor óssea, infecção generalizada ou insuficiência renal.
De acordo com dados do Instituto
Nacional de Câncer (INCA), em 2018, 15.576 pacientes faleceram em decorrência
da doença no país. O diagnóstico precoce do câncer de próstata é importante,
pois encontrar o tumor em fase inicial aumenta as chances de tratamento e
cura.
A detecção normalmente é feita por meio
do exame físico (toque retal) e de exames laboratoriais, para avaliar a dosagem
do PSA (antígeno prostático específico), que indicam o aprofundamento da
investigação com a realização de biópsias.