Dia do Radialista: Ary Barroso é considerado o “patrono”

 


Ary Barroso (1903-1964) foi um compositor brasileiro, autor de "Aquarela do Brasil", música que consolidou o estilo samba-exaltação, com versos ufanistas que ajudou a elevar o gênero samba à categoria de símbolo musical nacional.

 João Evangelista Barroso, conhecido como Ary Barroso, nasceu em Ubá, em Minas Gerais, no dia 7 de novembro de 1903. Filho do advogado João Evangelista Barroso e de Angelina de Resende Barroso, ficou órfão com 6 anos de idade.

 Ary foi criado pela tia avó, a professora de piano Ritinha, que o introduziu na música. Com 12 anos de idade já trabalhava como pianista auxiliar no Cinema Ideal de Ubá, acompanhando os filmes mudos. Com 15 anos começou a compor.

 Juventude

Com 18 anos, Ary Barroso ganhou uma herança do tio Sabino Barroso, ex-ministro da Fazenda, e partiu para estudar Direito no Rio de Janeiro. Morava em uma pensão de luxo, frequentava os melhores restaurantes e comprava as melhores roupas.

 Quando o dinheiro acabou, Ary passou a tocar piano em cinemas e cabarés, para se sustentar. Acabou gostando da boemia carioca. Em 1923, passou a tocar na orquestra do maestro Sebastião Cirino, na sala de espera do teatro Carlos Gomes.

 Em 1928, foi contratado pela orquestra do maestro Spina, de São Paulo, para uma temporada de oito meses em Santos e em Poço de Caldas.

 Casamento

Em 1929, Ary voltou para o Rio de Janeiro. De pensão em Pensão, foi parar na Rua André Cavalcanti, 50. Gostou das acomodações e da filha da dona da pensão, Ivone Belfort de Arantes. A família não concordava com o casamento de Ivone e o pianista boêmio.

 Depois de ganhar um concurso de música carnavalesca com a marchinha “Dá Nela”, Ary pode pagar as despesas com o diploma de bacharel em direito e em 26 de fevereiro de 1930 se casa com Ivone. Ainda morando na pensão, nasceram os filhos Flávio Rubens e Mariúzia.

 De Pianista a Apresentador

Em 1932, Ary Barroso ingressou na Rádio Philips a convite de Renato Murse. Além de pianista foi locutor, humorista, animador e locutor esportivo.

 Depois da Philips, Ary foi para a Mayrink Veiga, e de lá, em 1934 foi para a Cosmos, em São Paulo, onde criou o programa “Hora H”. Exigia que os calouros cantassem apenas músicas brasileiras e exigia que citassem o nome do compositor.

 Seus programas de calouro ficaram famosos e em 1937 inovou com um sino para eliminar os calouros na Rádio Cruzeiro do Sul, no Rio de Janeiro. Quando foi para Tupi, institui o gongo.

 Preocupado em defender a música brasileira, não gostava quando o calouro cantava fox e tango. Os cantores Ângela Maria e Lúcio Alves começaram a carreira se apresentando em seu programa na TV Tupi,

 Aquarela do Brasil

Em uma noite chuvosa de 1939, Ary Barroso resolve fazer uma música “cheia de inovações”, e meia hora depois a letra e a música estavam prontas. A música, que exaltava o bom e o belo do Brasil, foi levada para uma peça de Edmundo Lyz, porém passou despercebida.

 Voltou ao teatro em Joyoux e Balangandans, de Henrique Pongetti, interpretada por Cândido Botelho. Desta vez, foi muito bem recebida pelo público. Em outubro de 1939 a música foi gravada por Francisco Alves e logo se tornou um sucesso.

 Aquarela do Brasil

 

Brasil, meu Brasil brasileiro

Meu mulato inzoneiro

Vou cantar-te nos meus versos

 

O Brasil, samba que dá

Bamboleio que faz gingar

O Brasil do meu amor

Terra de Nosso Senhor

 

Brasil pra mim

Pra mim, pra mim

 

Ah! Abre a cortina do passado

Tira a mãe preta do cerrado

Bota o rei congo no congado

Brasil, pra mim...

 

Walt Disney e Hollywood

Carmem Miranda foi uma de suas principais interpretes e também grande amiga, com quem Ary passeava nas ruas do Rio. O sucesso de Aquarela do Brasil na voz da cantora, fez com que Ary se transformasse em compositor e arranjador de filmes de Hollywood.

 Ary Barroso foi convidado para fazer o fundo musical das aventuras de Zé Carioca em “Alô Amigos”, em 1942, com a música Aquarela do Brasil. Mais tarde, incluiu Tabuleiro da Baiana e Os Quindins de Iaiá no desenho “Os Três Cavaleiros”.

 Ary Barroso ganhou notoriedade internacional e foi chamado três vezes para Hollywood para musicar outros filmes, entre eles, “Três Garotas de Azul”.

 Vida Política

Em 1946 Ary Barroso se candidatou a vereador na Guanabara, pela União Democrática Nacional e teve a maior votação da Câmara. Participava ativamente da escolha do local onde será construído o estádio do Maracanã.

 Em defesa do direito autoral, participou da fundação da União Brasileira de Compositores, da qual foi o primeiro presidente.

 Homenagens

Em 1955, Ary Barroso, junto com Heitor Villa-Lobos, recebe, no Palácio do Catete, a Ordem do Mérito, concedida pelo presidente Café Filho.

 Em 1957, Carlos Machado montou na boate Night and Day, no Rio de Janeiro, o espetáculo “Mr. Samba”, para homenagear Ary. O roteiro apresenta a biografia de Ary seguindo suas próprias canções.

 Foram 264 músicas, entre elas: Na Batucada da Vida, Inquietação, Na Baixa do Sapateiro, Como Vai Você? e No Tabuleiro da Baiana (as três gravadas por Carmem Miranda), Risque e Camisa Amarela.

 Doença e Morte

Em 1961 Ary Barroso adoece de cirrose hepática e retira-se para um sítio em Araras, no Rio. Quando restabelecido, voltou ao programa “Encontro com Ary”, na TV Tupi. Em 1963 é internado com nova crise de cirrose.

 Ary Barroso faleceu no Rio de Janeiro, no dia 9 de fevereiro de 1964, em consequência de uma pneumonia, em um domingo de Carnaval, no dia em que a escola de samba Império Serrano lhe prestava uma homenagem com o enredo “Aquarela do Brasil”.

Em 2008, a Academia Brasileira de Letras incluiu a música “Aquarela do Brasil” entre as 17 composições “inquestionáveis do cancioneiro brasileiro”.

 Por Dilva Frazão

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