A Secretaria de Estado de Saúde Pública
(Sespa) realiza desta quarta-feira (20) até 4 de fevereiro, a programação
alusiva ao Janeiro Roxo, com o objetivo de combater o estigma, a discriminação,
o preconceito e a exclusão social contra as pessoas acometidas pela hanseníase.
A programação começou na manhã desta quarta-feira com uma videoconferência destinada aos profissionais de Saúde de todo o Estado, com apoio do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems), que disponibilizará o link para todos os municípios paraenses.
Com o tema "Hanseníase", o
evento abordou manifestações clínicas, diagnóstico diferencial, diagnóstico
clínico, prevenção de incapacidades e controle dos comunicantes, tendo como
palestrantes a dermatologista Andressa Bocalon e a fisioterapeuta Terezinha
Araújo (URE Dr. Marcello Cândia), e a dermatologista Carla Pires (Uepa).
"Vamos enfatizar que existe tratamento e cura, que basta a pessoa procurar a unidade básica de saúde logo que surgirem os primeiros sinais ou sintomas da hanseníase para confirmar o diagnóstico precocemente e evitar danos físicos. Essa também é uma forma de evitar o preconceito, que traz um dano pessoal, social e emocional muito grande", afirmou Jovina Malcher.
Endemia - Embora seja uma doença de registro milenar, a hanseníase ainda é considerada um problema de saúde pública e é endêmica no Pará. Conforme dados da Sespa, foram registrados 2.512 casos novos em 2019 e 1.535 casos até o momento em 2020, pois os dados ainda são parciais e só serão fechados após 31 de março deste ano, quando o Ministério da Saúde encerra o ano epidemiológico.
O médico dermatologista e hansenologista
da Unidade de Referência Especializada Marcello Cândia, Carlos Cruz, acredita
que haverá uma redução de casos da doença entre 2019 e 2020 em função da
pandemia, pois que as pessoas deixaram de comparecer às Unidades de Saúde com
medo de ser contaminadas pelo novo coronavírus.
Carlos Cruz também acredita que em dois
a cinco anos poderá haver mudança nesse cenário com uma redução de casos de
hanseníase motivada pelo uso da máscara nesses ambientes durante a pandemia
porque o período de incubação da doença é de cinco anos.
Quando a hanseníase não é diagnosticada precocemente, ela pode levar a incapacidades físicas daí a importância de procurar ajuda médica logo ao primeiro sinal da doença. Segundo Carlos Cruz, cerca de 6% dos pacientes já apresentam incapacidades no momento do diagnóstico, o que reflete um diagnóstico tardio e é preocupante.
Ele ressaltou que o primeiro atendimento
tem que ser na unidade básica de saúde, que é a porta de entrada do SUS,
ficando a URE Marcelo Cândia, em Marituba, destinada ao atendimento de casos
que apresentem complicações.
"Tomou seis meses recebeu alta por cura", afirmou o doutor Cruz. Já as formas multibacilares, que transmitem a doença, requerem um tratamento normalmente de 12 doses. "Mas existem situações excepcionais em que o paciente, ao final de 12 doses, ainda não está curado precisa fazer mais 12, assim poderá ir até dois anos", explicou Carlos Cruz.
É importante informar, por fim, que os
medicamentos usados no SUS vêm da Fundação Novartis por meio de doação à
Organização Mundial de Saúde (OMS), que, por sua vez, doa a todos os países
onde a hanseníase ainda é uma doença endêmica. Portanto, o Pará aguarda o
repasse do Ministério da Saúde para o atendimento de pacientes no primeiro
trimestre de 2021.