 |
Crédito: Bruno Cecim / Arquivo Ag.Pará |
Com as altas temperaturas, a imunidade
baixa e abre as portas para inúmeras enfermidades que atingem, sobretudo, as
crianças. O clima tem provocado o aumento de quadros de infecções virais nos
consultórios pediátricos do Hospital Regional Dr. Abelardo Santos, em Icoaraci,
Belém, referência nestes atendimentos. Em junho, 49,34% dos atendimentos de
urgência da pediatria foram de queixas relacionadas a "viroses".
Das 2.270 crianças atendidas na unidade,
1.120 apresentaram doenças respiratórias, dermatológicas e gástricas, com
sintomas de febre, dor no corpo, diarreia e vômitos, recorrentes neste período
de calor excessivo, seguido por fortes chuvas.
A dona de casa Suziele Santos recorreu
ao pronto-socorro infantil do HRAS com o filho de oito meses. "Tive medo
quando a febre aumentou. Aos poucos, ele ficou mais quietinho, com o corpo
mole. Vi que surgiram manchas avermelhadas na pele e tosse por dois dias",
explicou. Para ela, a mudança de temperatura explica os sintomas. "De
manhã está fazendo muito sol, à tarde chove, mas continua quente. As crianças
não estão preparadas", comentou.
Há três dias com febre, tosse e coriza,
a pequena Beatriz Lima, de 3 anos, foi levada por sua mãe, a auxiliar
administrativa, Helena Lima, de 26, ao pronto-atendimento do Abelardo Santos.
Moradora do Outeiro, ela relata que, na região, diversas crianças têm
apresentado os mesmos sintomas. "Parece que passou um vento forte e
contaminou a meninada toda. São ao menos umas cinco crianças da rua que estão
com muita febre e tosse, como se tivessem gripadas. O médico disse que é uma
virose", afirmou.
Na casa da autônoma Raquel de Nazaré
Pinto, seus dois filhos apresentaram também os sintomas virais. "Eles
estão com muita tosse e febre de 38º. Reclamam de dor de cabeça, primeiro foi o
mais velho de 5 anos, e depois o bebê de 1 ano e três meses. Acredito que é
devido à temperatura", disse.
Alerta
As infecções virais são comuns entre
pessoas de todas as idades, no entanto, com mais frequência em bebês e
crianças. A maioria das infecções transmitidas por vírus da infância não é
grave e inclui doenças tão diversas quanto resfriados, vômitos, diarreia, febre
e manchas na pele, que surgem com a mudança de tempo, neste caso, com as
temperaturas passando da casa dos 34º.
"Devido à sazonalidade destacam-se
no momento os quadros virais de laringite (crises de tosse seca),
gastroenterite (diarréia líquida com ou sem vômito) e doenças exantemáticas
(manchas avermelhadas na pele sem coceira e geralmente com febre)",
explicou o pediatra do Abelardo Santos, Emmerson Franco.
O especialista garante que, para evitar
esse tipo de doença, são necessários cuidados redobrados. Por isso, a palavra
de ordem é prevenção. "Recomendamos evitar contato com pessoas
sintomáticas, manter ingestão adequada de líquido, ingerir alimentos não
processados. Para o tratamento, é recomendável fazer o uso de analgésico e
antitérmico, conforme a prescrição do pediatra", alertou o médico, que
também ressalta a importância de manter a caderneta de vacinação sempre
atualizada e seguir medidas de higiene pessoal e no ambiente familiar.
Atendimento
Por dia, o Hospital Abelardo Santos recebe,
em média, 90 crianças no seu pronto-atendimento. "Atendemos crianças desde
o seu nascimento até 12 anos, 11 meses e 29 dias. Em média, no mês, são quase
2.700 consultas de urgência e emergência com diversas queixas. Neste período,
identificamos muitas infecções virais que são características que o médico
consegue diagnosticá-las com base apenas nos sintomas, no entanto, temos
laboratório, que atende toda demanda do pronto-socorro pediátrico",
detalha o diretor técnico do HRAS, Paulo Henrique Ataíde.
DIcas dos Especialistas
- Lave sempre as mãos dos seus filhos,
principalmente antes da alimentação e após ir ao banheiro.
- Não compartilhe os copos e talheres
das crianças, sobretudo nas praias, clubes e balneários.
- Lave sempre os alimentos, dando atenção
especial àqueles que serão consumidos in natura.
- Mantenha os alimentos na geladeira ou
armazenados em ambientes térmicos.
- Nas praias, evite dar às crianças
alimentos expostos por muito tempo ao sol.
- Mantenha o calendário de vacinação das
crianças sempre atualizado.
- Evite expor as crianças sintomáticas
em locais de aglomeração.