IBGE divulga dados sobre o Pará em novo volume publicado da Pesquisa Nacional de Saúde

 

Realizada pelo IBGE, em parceria com o Ministério da Saúde, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) é um dos mais completos diagnósticos da saúde da população do Brasil. No volume 6 da PNS 2019, que acaba de ser divulgado, foram oferecidos dados para todos os estados, em vários temas, como “pessoas com deficiência”; “saúde das pessoas com 60 anos ou mais de idade”; “saúde da mulher”; entre outros.

 A PNS 2019 teve sua coleta realizada em todas as unidades da federação, de forma presencial, entre os meses de agosto de 2019 até meados de fevereiro de 2020. A amostra contou com 108 mil domicílios investigados em todo o país. No Pará, foram realizadas 4.077 entrevistas em domicílios situados em diversos municípios.

 No Pará, em 2019, a proporção de pessoas com deficiência (de dois anos ou mais de idade) em pelo menos uma de suas funções (visual; auditiva; motora de membros superiores ou inferiores; e mental ou intelectual) era de 8,2%, o que corresponde a aproximadamente 680 mil pessoas.

 Sobre as pessoas com deficiência (de dois anos ou mais de idade) que informaram ter recebido algum cuidado regular do SUS para sua reabilitação, a pesquisa informa que, no Pará, a proporção foi de 58,3% (acima da proporção para região Norte, que foi de 57,9%, e para o Brasil: 51,4%). Em números absolutos, foram aproximadamente 121 mil pessoas com alguma deficiência que receberam atendimento regular do SUS para sua reabilitação, no Pará.

 Na divisão por sexo, verificou-se que a proporção de pessoas com deficiência, no Pará, era maior na população feminina: 9%, enquanto na população masculina era de 7,4%. Na divisão por cor ou raça, a proporção maior de pessoas com deficiência foi sobre a população preta, com 10,1%, seguida da população branca (8%) e parda (7,9%).

 Na divisão por idades, a proporção maior foi no grupo de pessoas com 60 anos ou mais: 29,5% da população do Pará, em 2019, vivia com algum tipo de deficiência física, mental ou intelectual. Em seguida, o grupo com idades dos 40 aos 59 anos, no qual 12% do total no estado tinha alguma deficiência. O grupo de 30 a 39 anos de idade aparece em terceiro, com 4,2% do total apresentando alguma deficiência. O grupo de menor proporção foi o de pessoas com idades entre 2 e 9 anos, em que 1,5% tinha alguma deficiência.

 Quanto ao nível de instrução, a proporção de pessoas com deficiência teve maior percentual no grupo “sem instrução ou com fundamental incompleto”: 19,7%, isso porque a maior incidência de pessoas com deficiência ocorre na faixa etária de 60 anos ou mais, onde o percentual de pessoas sem ou com baixa instrução é maior.

 Quanto ao rendimento médio per capita, o grupo com maior proporção de pessoas com deficiência foi o de rendimento entre “mais de meio a 1 salário mínimo”, com 10,9%. 

Quanto à condição das pessoas (de 14 anos ou mais) com deficiência no Pará em relação à força de trabalho, a pesquisa revelou que 5,8% era a proporção de “ocupadas”; 4,4% era a de “desocupadas”; e 16% estava “fora da força de trabalho”. Quanto à condição das pessoas com deficiência em relação à força de trabalho, 34,3% participavam da força de trabalho e 65,7% estavam fora. Comparando esses números com os do total da população de 14 ou mais no quarto trimestre de 2019 (dados da PNAD Contínua) – 58,4% e 41,6%, respectivamente dentro e fora da força de trabalho – percebe-se a grande dificuldade das pessoas com deficiência de se inserirem no mercado de trabalho, o que representa mais um desafio às políticas de inclusão social.

Em 2019, no Pará, a proporção de pessoas que referiam ter deficiência visual era de 4,3%. Em números absolutos isso representaria cerca de 357 mil pessoas vivendo com alguma. Sendo que a proporção de mulheres (4,8%) com deficiência visual era maior do que a de homens (3,8%). Em números absolutos, estima-se que seriam 202 mil mulheres e 155 mil homens com deficiência visual no Pará.

 A proporção de pessoas com deficiência visual no Pará era maior nos grupos “de 60 anos ou mais” (14,9%), “pessoas pretas” (4,8%); “sem instrução a ensino fundamental incompleto” (10,6%); rendimento familiar per capita de “mais de meio a 1 salário mínimo” (5,7%); e das “pessoas fora da força de trabalho” (7,5%).

 A proporção de pessoas que usavam óculos ou outro aparelho de auxílio para lidar com problemas de visão era de 27,2%, sendo que os grupos de maior percentual eram “mulheres” (34,2%, enquanto o de homens tinha 20%), “pessoas com 60 anos ou mais” (59,8%), “pessoas brancas” (34,4%, enquanto pessoas pretas tinham 29% e pardas, 25,5%); “pessoas com instrução de nível superior completo” (58,5%); rendimento domiciliar per capita de “mais de 5 salários mínimos” (61,4%); e “pessoas fora da força de trabalho” (35,2%).

 Idosos

 A proporção de pessoas de 60 anos ou mais de idade que faziam uso regular ou contínuo de algum medicamento receitado por um médico era de 59,9%, no Pará, em 2019 (em números absolutos, seriam 611 mil pessoas). Dentro desse tema, a população feminina tinham maior proporção (67,6% ou 377 mil idosas) frente a população masculina (50,7% ou 234 mil idosos). Além disso, a proporção aumenta à medida em que aumenta a faixa etária da população: 50,9% para o grupo de 60 a 64 anos; 58,1% para o grupo de 65 a 74 anos; e 72,7% para o grupo de 75 anos ou mais.

 A proporção de idosos fazendo uso de medicação é maior entre os que tinham nível de instrução de “fundamental completo a mais” (63,6%); cor ou raça branca (67,6%); e nos grupos de rendimento familiar per capita de “mais de 2 a 3 salários mínimos” (75,9%) e “mais de 5 salários mínimos” (75.9%).

 A proporção de idosos com diagnóstico de catarata (em uma ou ambas as vistas) foi de 39,6%, sendo mais relevante no grupo de mulheres (46,6%) do que no dos homens (31,1%). A proporção de idosos com catarata é maior no grupo com nível de instrução em “fundamental incompleto” (41,7%); de cor ou raça “preta” (41,6%); e rendimento domiciliar per capita de “mais de 3 a 5 salários mínimos” (56,5%).

 Dentre os idosos que foram diagnosticados, a proporção do que fizeram cirurgia de catarata foi de 66,6% (231 mil pessoas), com maior relevância entre as mulheres (68,3% ou 156 mil idosas) do que entre os homens (63,6% ou 79 mil idosos). As maiores proporções de ocorrência de cirurgias de catarata foram nos seguintes grupos: pessoas com “70 anos ou mais” (80,2%); com nível de instrução “fundamental completo ou mais” (71,7%); e cor ou raça “branca” (74,9%).

 Os idosos que fizeram cirurgia de catarata pelo SUS tiveram proporção de 55,2% (128 mil idosos), sendo que, dessa vez, a maior proporção foi entre os homens (56,8%) frente ao grupo das mulheres (54,4%). Apesar da proporção de mulheres nesse quesito ter sido menor do que a dos homens, em números absolutos elas ficaram na frente, com 83 mil idosas, enquanto o número de idosos foi 45 mil, em razão de que, na maioria dos estados brasileiros, a exemplo do Pará, o número de mulheres com 60 anos ou mais é maior do que o de homens. 

Dentro do universo de idosos que fizeram cirurgia de catarata pelo SUS, a pesquisa aponta maiores proporções para “pessoas com idades de 65 a 74 anos” (57,4%); nível de escolaridade “sem instrução” (71,8%); e cor ou raça “preta” (63,4%).

 A proporção de idosos vacinados contra a gripe foi de 73,2% (746 mil idosos), com população de idosas vacinadas maior (75,6% ou 421 mil idosas) do que de idosos (70,2% ou 324 mil). As maiores proporções foram as de faixa etária de “75 anos ou mais” (77%); idosos com nível de instrução de “fundamental completo ou mais” (76,1%); pessoas pretas (78,8%); e com rendimento domiciliar per capita de “mais de 3 a 5 salários mínimos” (82,6%).

 A proporção de pessoas idosas que sofreram queda (nos últimos 12 meses anteriores à data da entrevista) foi de 16,5% (168 mil pessoas), com percentual maior entre mulheres (19,6% ou 109 mil) do que entre homens (12,8% ou 59 mil idosos). Os grupos de maior ocorrência de quedas foram “75 anos ou mais” (23,1%); “sem instrução” (18,9%); e pessoas “pretas” (16,9%).

 Mulheres

 No Pará, em 2019, a proporção de mulheres que realizaram o exame preventivo para câncer de colo de útero há menos de 3 anos da data da entrevista (mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos) foi de 76,5%. Dentre as mulheres que realizaram o exame preventivo, a proporção das que receberam o resultado em menos de 3 meses foi de 88,3%. 

Em números absolutos, o Pará foi o primeiro a região Norte na quantidade de mulheres que se realizaram o exame, com aproximadamente 1,7 milhões de mulheres. A proporção foi maior entre mulheres com maiores níveis de instrução, chegando a 89,3% (293 mil mulheres estimadas, em números absolutos) entre mulheres com nível “superior completo” e 65,6% (486 mil) entre mulheres “sem instrução”.

 Na divisão por cor ou raça das mulheres que haviam realizado exame preventivo, a proporção foi de 80,6% dentro da população de mulheres brancas do Pará (296 mil mulheres); 79,1% para as mulheres pretas (150 mil); e 75,3% para mulheres pardas (1,2 milhão). 

Na divisão da população feminina do estado por rendimento domiciliar per capita também se verificou diferenças na proporção de mulheres que fizeram preventivo. Nos grupos daquelas que viviam em famílias "Sem rendimento até 1/4 do salário mínimo"; "Mais de 1/4 a 1/2 do salário mínimo"; e "Mais de 1/2 a 1 salário mínimo" a proporção ficou entre 72,5% e 73,5%. Já no grupo “Mais de 5 salários mínimos” a proporção foi de 95,9%.

 A proporção de mulheres com 50 a 69 anos de idade que realizaram mamografia há menos de 2 anos da data da entrevista foi de 40,6% (287 mil mulheres residentes no Pará), sendo a maior proporção entre aquelas com nível de instrução “superior completo” (60,9% ou, em número absolutos, 48 mil mulheres) e a menor no grupo de mulheres “sem instrução a fundamental incompleto” (30% ou 118 mil). Na divisão por cor ou raça, fizeram mamografia 50,7% das brancas; 47,3% das pretas; e 37% das pardas. Quanto ao rendimento domiciliar, a maior proporção foi no grupo das mulheres em domicílios com “mais de 5 salários mínimos” (88,8%) e a menor nos de “mais de 1/4 a meio do salário mínimo" (28%). A exemplo do percentual de mulheres que realizarem exame preventivo, os resultados da pesquisa apontam que o nível de renda interfere de forma significativa nos resultados das que fizeram mamografia. 

A proporção de mulheres que já haviam ficado grávidas (de 15 a 49 anos) foi de 70,4% (1.675 milhão de mulheres foi a estimativa em números absolutos), sendo a proporção entre as pardas a maior: 74,1% (1.301 milhão), enquanto para as pretas a proporção foi de 69,1% (138 mil) e para as brancas foi de 56% (230 mil). Tais resultados podem ser explicados pelo fato de que a renda média das mulheres brancas é maior do que as das demais categorias de cor/raça e porque as famílias de rendas maiores tendem a ter menos filhos.

 Sobre a pesquisa 

A PNS é uma pesquisa amostral (semelhante às pesquisas de intenção de voto, em períodos de eleição). Por isso, seus valores absolutos e percentuais não são precisos, mas sujeitos a uma margem de erro, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%, ou seja, se mesma pesquisa fosse realizada muitas vezes, 19 vezes em cada 20 pesquisas feitas os resultados ficariam dentro da margem de erro.

 O material completo da pesquisa está disponível à imprensa e ao público em geral no site do IBGE (www.ibge.gov.br) ou pelo link www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/saude/9160-pesquisa-nacional-de-saude.html.

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