Uma equipe médica de Belém realizou, com
pioneirismo na Região Norte, uma cirurgia que utilizou uma nova tecnologia para
reabilitação auditiva de um paciente de 34 anos, de Macapá (AP), que
apresentava perda auditiva unilateral total. O procedimento ocorreu no último
dia 14 de setembro, em um hospital particular de Belém.
“O diferencial dessa tecnologia para as
anteriores de condução óssea é que, além dela ser osteoancorada, ela é ativa e
transcutânea. Issos quer dizer que ela traz em seu sistema a pele do paciente
íntegra, com o implante osteoancorado ao osso temporal da pessoa, e o próprio
componente interno vibra e transmite o som. As tecnologias anteriores a essa
apresentam próteses passivas, ou seja, é o componente externo que transmite o
som para o implante.”, explica o médico Diego Farias.
A cirurgia foi realizada após o paciente
passar por testes de audição com aparelho auditivo convencional e testes com a
tecnologia de condução óssea. O paciente, então, optou pela segunda forma de
reabilitação, quando foi realizada a cirurgia osteoancorada, com a utilização
do implante de alta tecnologia (Osia
OSI200), que tem como característica enviar o som com clareza pelo osso da
cabeça, fazendo com que o paciente tenha a nítida sensação de ouvir do lado
surdo.
A equipe responsável pela cirurgia foi
composta pelos otorrinolaringologistas Rafael Carvalho e Diego Farias (Grupo de
Implante Coclear e Próteses Implantáveis) e contou ainda com uma equipe de
fonoaudiólogas: Izi Pardal (avaliação audiológica pré-cirúrgica) e Rachel Moço
e Cíntia Yamaguchi (equipe de reabilitação).
A nova tecnologia utiliza um transdutor
especial que expande e contrai para criar vibrações potentes. E uma das muitas
vantagens desse transdutor é a capacidade de vibrar em altas frequências, já
que é a área do espectro sonoro mais importante na compreensão da fala. O
implante é indicado para uma vasta gama de níveis de perda auditiva,
principalmente as causadas por atresia ou microtia, otite média crônica e
otosclerose. E continua eficiente mesmo que essa perda auditiva piore ao longo
do tempo.
O sistema foi testado em ensaios por
diversas clínicas em todo o mundo e, após um ano, as pessoas que receberam a
nova tecnologia demonstraram uma melhora significativa na audição, até mesmo em
ambientes com muito ruído. Vale ressaltar que, após a cirurgia, o paciente precisa
esperar cerca de 30 dias ou mais para a cicatrização da ferida operatória e
para a osteointegração do implante com o osso do paciente. Passada essa fase, o
aparelho poderá ser ativado.
“É importante salientar que a essa
cirurgia não é indicada para crianças abaixo de 5 anos porque é necessário
maturidade óssea para o implante, e também para pessoas que apresentem doença
no osso temporal.”, avisa Diego Farias. “E com a indicação da cirurgia, é
importante que o paciente passe por uma avaliação multiprofissional para que
ele esteja realmente preparado para receber a prótese, afinal, ela passará a
fazer parte do corpo dele dali pra frente.”, informa o médico.