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Juliana Gonçalves |
A relação entre o excesso de peso e um
organismo doente, é algo construído socialmente e nem sempre condiz com a
realidade, explica a nutricionista e docente da Estácio, Juliana da Silveira
Gonçalves: “Hoje a gente usa o termo ‘obeso metabolicamente saudável’ para
designar pessoas que apresentam um excesso de peso através da avaliação
corporal, mas olhando a alimentação e os exames o paciente não tem nada
alterado”.
Tudo depende dos processos metabólicos
de cada pessoa, quem possui um corpo magro, mas passa o dia comendo fasts foods
ou ultraprocessados, provavelmente apresentará problemas de saúde, enquanto uma
pessoa com maior gordura corporal, com uma alimentação balanceada e a prática
de exercícios, pode ser ter um organismo saudável.
Juliana comenta que o culto ao corpo
magro é, antes um padrão de beleza social e imposto, principalmente às
mulheres, do que propriamente algo relacionado à saúde. E que não desmistificar
essas ideias é também colaborar para uma cultura da gordofobia, que em vez de
ajudar as pessoas que buscam sair da obesidade, pode prejudicá-las impondo-lhes
culpa.
“Se você está saudável, se sente bem,
não tem nenhuma doença, mas o teu peso não é considerado o padrão de hoje, está
tudo bem. É da pessoa se aceitar e as outras pessoas entenderem que a gente
deve aceitar o próximo com ele é”, orienta a profissional. A nutricionista
defende que o caminho para combater a obesidade é a conscientização sem a
culpabilização do indivíduo, proporcionando acolhimento e informação para que ele
não se sinta pressionado, mas sim motivado a buscar hábitos mais saudáveis.
Gordofobia - O termo “gordofobia” se
refere ao preconceito contra pessoas gordas. É uma discriminação que vai muito
além de comentários de mal gosto, afeta inclusive o direito ao acesso, pois
muitos lugares não são acessíveis para pessoas acima do peso. Cadeiras
pequenas, bancos de aviões e roletas de ônibus passam a ser um problema. Além
disso, as lojas não possuem diversidade de tamanho e a mídia representa o corpo
magro como o ideal. Não conseguir fazer as tarefas do cotidiano sem passar
constrangimento, aumenta os níveis de ansiedade e depressão em pessoas gordas,
o que dificulta ainda mais o processo de emagrecimento ou a procura por
tratamentos de saúde.