Vítimas de escalpelamento devem receber implantes de orelhas

Agricultor Otoniel de Souza e a filha Iwandala Negrão, 13 anos - Foto Agência Pará

A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará realiza nesta sexta-feira, (5), as duas primeiras cirurgias com implantação de próteses auriculares (implantes de orelhas) em duas pacientes vítimas de escalpelamento. Os procedimentos serão feitos em mulheres que tiveram as orelhas amputadas, juntamente com o couro cabeludo, em decorrência de acidentes com eixo de motor de embarcações do Pará. Na ocasião, será lançado o Projeto de Implante de Prótese Auricular, com assinatura do Termo de Cooperação entre a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) e a Fundação. A iniciativa, inédita no país para este tipo de ocorrência, foi possível após a avaliação das vítimas pela equipe de cirurgiões plásticos e cirurgião buco-maxilo-facial, na qual foi constatada a possibilidade de realização de implantes de orelha em um total de 58 vítimas. 

A meta é fazer 66 implantes, visto que em alguns pacientes, o implante é das duas orelhas e, em outros apenas de uma. "Recuperar a estética e as funções perdidas pela mutilação é proporcionar às vítimas de escalpelamento um novo recomeço de vida. O desafio é grande, considerando que o projeto atenderá 58 mulheres e um homem, que também foi vítima desse tipo de acidente. Isso nos leva a refletir sobre a fundamental necessidade de união coletiva de forças para a realização desse sonho de reabilitação das vítimas, que culminará com o resgate de sua cidadania e reinserção no meio social", ressaltou a coordenadora estadual de Mobilização Social, Socorro Silva. 

Segundo levantamento referente aos anos de 1997 a 2012, 85% dos acidentados são do sexo feminino - e desses, 65% são crianças que habitam a bacia fluvial amazônica. Em 2015 foram registrados 11 casos de escalpelamento em todo Estado e neste ano, até o momento, há três registros. "Vale ressaltar que normalmente há maior registro de ocorrência no mês de julho, e graças às ações de sensibilização, neste ano não tivemos nenhum caso registrado", observou Socorro Silva.