Nascem as primeiras gêmeas da Unidade Materno Infantil da Susipe

Raimunda dos Santos Magno, de 41 anos - Foto Ascom/Susipe

A detenta Raimunda dos Santos Magno, de 41 anos, deu à luz as primeiras gêmeas da Unidade Materno Infantil (UMI), da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe). Radassa Vitória e Rarumi Vitória nasceram na madrugada de segunda-feira, 20, na Santa Casa de Misericórdia, de parto cesárea, pesando 2,210 kg e 1,590 kg respectivamente, foram levadas nesta quarta-feira, 29, para a UMI, porque Rarumi precisou ficar na UTI Neonatal para ganhar peso.

A mãe das bebês, emocionada com as duas filhas no colo, descreveu a emoção de ter as gêmeas aos 41 anos de idade. “É como recomeçar. Não sou mãe de primeira viagem, mas ver elas duas no meu colo é como se a vida estivesse agora começando do zero, quero fazer tudo certo e dar o melhor para as minhas filhas, quero que elas tenham a oportunidade de ter o que eu não tive”, disse Raimunda.

Raimunda já entrou grávida na UMI, em janeiro deste ano, e segundo a assistente social da unidade, Cynthia Vasconcelos, passou por momentos difíceis durante a gestação das gêmeas, por conta da idade avançada e também pela ausência da família. “A Raimunda foi acompanhada desde o momento que entrou na UMI. Sempre que precisou de atendimento de urgência, ela foi levada para a Santa Casa, onde fez exames e recebeu a atenção e avaliação necessárias. A família dela mora longe, então ela não recebe visitas e por isso também a psicóloga e a enfermeira da UMI, sempre que podiam, davam apoio no que ela precisava. Agora os nossos cuidados vão ser com as duas bebês, iremos registrá-las e acompanhar gradativamente o desenvolvimento delas. Esse período pós parto é muito importante e na UMI ela e as crianças terão todo o atendimento necessário”, explicou Cythia.

A gravidez de gêmeos, em qualquer idade, apresenta riscos e as chances de desenvolver patologias como hipertensão e diabetes gestacional são maiores. “A partir dos 35 anos certamente a mulher encontrará mais dificuldades na gravidez, sendo uma gestação jamelar a atenção precisa ser redobrada com a paciente, para evitar as intercorrências. Precisa ser uma gravidez muito bem acompanhada e com um pré-natal rigoroso, como foi o caso da Raimunda. Agora a atenção dela tem que ser voltada toda para as bebês, pois uma nasceu com baixo peso e precisará de mais cuidado”, destacou a obstetra da Santa Casa, Adriana Vaz.

Após receber alta, Raimunda voltou para a Unidade Materno Infantil, onde poderá ficar com as filhas até elas completarem um ano de idade. “Eu estou muito feliz com a chegada delas, poder carregar as duas no colo é um benção de Deus. Meu sonho agora é ficar pertinho delas e não separar nunca mais. Já estou planejando montar meu restaurante quando sair, para poder dar uma vida digna para elas. Quero que elas estudem e sejam alguém na vida”, disse Raimunda.

A Unidade Materno Infantil funciona próximo ao presídio feminino e tem capacidade para atender 14 presas grávidas que estejam no período de gestação e detentas que deram à luz aos bebês ainda durante a prisão. As internas recebem atendimento biopsicossocial da equipe interdisciplinar composta por médicos (clínica geral e pediatra), enfermeiros, assistente social, psicóloga, professora de artesanato e terapeuta ocupacional. A UMI dispõe de ambulância 24 horas para atendimentos de emergência no Hospital Santa Casa de Misericórdia do Pará, referência estadual à saúde da mulher e da criança.

Atualmente, a UMI tem três lactantes e outras três detentas grávidas. Desde 2013, cerca de 120 mulheres já passaram pela unidade materno-infantil, que, em 2016, alcançou o recorde de 37 mulheres grávidas atendidas. Todas tiveram acompanhamento para cuidar dos bebês ainda dentro do espaço. Sete nasceram na unidade.