O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou, no início da noite deste domingo (5), que o tráfego de caminhões foi normalizado na BR-163, que liga o Pará ao Mato Grosso. Nos últimos dias, a chuva provocou atoleiros ao longo de um trecho que não é pavimentado, localizado entre as comunidades de Santa Luzia e Bela Vista do Caracol, no sudoeste do Pará. Segundo o Dnit, todas as carretas já foram liberadas para seguir viagem após receberem apoio de equipes do Exército, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e de servidores do órgão, que foram enviados ao local para ajudar na liberação do trânsito. De acordo com o Dnit, a Defesa Civil local disponibilizou 3 mil cestas de alimentos e mais 3 mil galões de água para as pessoas que não conseguiram seguir viagem e ficaram retidas na estrada. A BR-163, conhecida como Rodovia Cuiabá-Santarém, é a principal ligação entre a maior região produtora de grãos do país, em Mato Grosso, e os portos da Região Norte, principalmente em Miritituba e Santarém, no Pará.
Estado vai recuperar Transgarimpeira
Depois de uma trégua de dois dias, as
chuvas intensas de sábado (4) e domingo (5) na região cortada pela rodovia
BR-163, no município de Trairão, provocaram novo atoleiro no trecho onde o
Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT) mantém homens e
máquinas trabalhando na pista, que ficou intrafegável por quase 20 dias. Se não
bastasse o retorno das chuvas, uma carreta deslizou, tombou e ficou atravessada
na estrada. Na manhã desta segunda-feira (6), a Polícia Rodoviária Federal
conseguiu ordenar o tráfego, que ainda flui lentamente, entre as comunidades de
Santa Luzia e Bela Vista do Caracol.
Em Itaituba, município vizinho a
Trairão, o problema vem afetando a principal atividade econômica daquela área.
Os temporais, as enxurradas, a erosão e a precária condição das pontes de
madeira na rodovia estadual conhecida como Transgarimpeira deixaram quase dez
mil pessoas isoladas. A Transgarimpeira começa na BR-163, em Moraes de Almeida,
e atravessa dezenas de pequenos e grandes garimpos para acabar na beira do rio,
na comunidade de Creporizão, onde vivem cerca de cinco mil moradores.
Mas se na BR a situação ainda é incerta,
na PA uma decisão já foi tomada e comunicada aos representantes das comunidades
existentes ao longo dos quase 200 quilômetros da Transgarimpeira. O engenheiro
Kleber Menezes, secretário de Transportes do Pará, já está tratando da
licitação para a contratação da obra que acabará com o isolamento daquelas
áreas de garimpo, que respondem pela produção de 300 quilos de ouro por mês.
Defesa Civil
Tanto a BR-163 como a Transgarimpeira
têm papeis importantes, embora distintos, na economia daquela região e do
Estado inteiro. A primeira é a rota da soja, cujos produtores buscam um caminho
mais curto (e barato) para alcançar o mercado internacional. A segunda é a rota
do ouro, cujos produtores ficam isolados a cada temporada de chuvas,
fragilizando-se o comércio informal do produto, que, mesmo sem o cerco fiscal,
ainda é o maior ativo financeiro de Itaituba e corresponde a 60% da economia do
município de mais de 100 mil habitantes.
O acordo dos usuários do Porto de
Miritituba com o Ministério dos Transportes, para que fosse suspenso o tráfego
de carretas até que o DNIT concluísse a obra, estava sendo cumprido até sábado,
mas pelo menos uma empresa já não o obedece – o que piora a situação.
A Defesa Civil do Pará e equipes do
Corpo de Bombeiros sediadas em Itaituba colaboram com o DNIT nas obras da
BR-163. Além disso, garantem ajuda humanitária às localidades prejudicadas pelo
problema. Os agentes cadastraram os moradores de uma área que abrange cinco
localidades, onde se concentra a distribuição de cestas básicas e de garrafões
de água e onde é feito o monitoramento das dificuldades.
O desabastecimento é a principal
preocupação. No domingo (5), 110 cestas foram destinadas para os caminhoneiros
que ficaram retidos no novo ponto de engarrafamento criado pelo tombamento da
carreta, com foco na comunidade de Santa Luzia.
O Exército transportou para Itaituba, em
um avião Hércules, e de lá para as áreas atingidas, em caminhões de campanha,
mais de 730 cestas básicas. É a quarta remessa de um total de quase quatro mil.
Também foram levados para os locais críticos e para os caminhoneiros mais de
2.500 garrafões de água.
No Quartel do Corpo de Bombeiros em
Belém, permanece montada uma sala de situação, que monitora as chuvas e as
consequências do mau tempo naquela região.