Deputado Carlos Bordalo - Foto Divulgação |
Em
pronunciamento feito na manhã desta quarta-feira (05/04), na Assembleia
Legislativa do Estado do Pará (Alepa), o deputado Carlos Bordalo (PT) denunciou
que está sendo ameaçado de morte. De acordo com o parlamentar, as ameaças estão
sendo feitas de diversas formas e são direcionadas também aos seus filhos e
familiares. “Na época em que fui relator da Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) das Milícias, eu recebi ameaças de morte, mas depois de um tempo elas
pararam de ser feitas. Mas, mais recentemente, principalmente envolvendo esse
período do julgamento de dois comandantes de milícias da chacina ocorrida no
Guamá (em novembro de 2014) – e que estão sendo condenados – que foram
apontados no relatório da CPI das Milícias como sendo os principais comandantes
da principal milícia da cidade, nós começamos a receber de novo os recados,
ameaças, até que recentemente uma pessoa anônima foi até o meu gabinete pedindo
para não ser revelado o seu nome, dizendo que teve acesso a informações de
reuniões desses grupos em Belém, que decretaram a minha morte e que se não me
matarem vão matar filhos, namorada e quem estiver ao meu redor”, denunciou na
tribuna do plenário Newton Miranda, o deputado Carlos Bordalo.
O
parlamentar petista, que foi o relator da CPI das Milícias e é presidente da
Comissão de Direitos Humanos da Alepa, acredita que o Governo precisa tomar
providências para conter a atuação das milícias no Estado. “E eu acho que isso
é revelador do estado de descontrole que chegamos na segurança pública, do
poder desses grupos de extermínio e de milícias no Estado e de que perderam
completamente o respeito por autoridade porque quando lançam uma ameaça destas
a um parlamentar no exercício do mandato e presidente da Comissão de Direitos
Humanos do Poder Legislativo é um recado claro de que não respeitam mais
ninguém: nem polícia, nem justiça. Eu acho que é preciso que o Estado tome uma
providência imediata, não só para proteger a vida do deputado, mas é preciso um
esforço para proteger a vida da sociedade”, avaliou o parlamentar durante seu
pronunciamento no período do Pequeno Expediente.
Durante
o período do horário de lideranças, Bordalo continuou o seu pronunciamento
defendendo ações mais efetivas para a área da segurança pública, em especial em
relação ao assassinato de defensores de direitos humanos. De acordo com o
presidente da Comissão de Direitos Humanos, “há uma escalada de assassinatos de
ativistas ambientais no mundo inteiro”. “O relatório da ONG internacional
Global Witness destaca que o Brasil e Camboja são os países mais afetados pelo
problema. A entidade estima que aproximadamente mil pessoas foram assassinadas
por essa razão na década passada. O Brasil tem uma liderança vergonhosa nessa
estatística, com uma estimativa de 365 casos de assassinatos de líderes
conservacionistas no período”, destacou o parlamentar, lembrando os
assassinatos de Chico Mendes (há 28 anos), Irmã Dorothy Stang (há 12 anos) e
dos extrativistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo (há seis
anos). Segundo o relatório, menos de 1% dos casos tenha se chegado a punir os
responsáveis.
O
pronunciamento do deputado Bordalo destacou o assassinato do líder sindical do
município de Moju, Virgílio Serrão Sacramento, assassinado há 30 anos (1987)
por sua luta em defesa da terra e dos direitos dos pequenos agricultores. Os
mandantes e assassinos nunca foram condenados. Em relação às ameaças de morte
que está sofrendo, pessoalmente, o deputado Bordalo disse que não solicitará proteção
policial. “Eu não vou solicitar proteção policial, já fiz a denúncia em
plenário e já comuniquei o caso ao Poder Legislativo para que todos tomem
conhecimento das ameaças que eu e minha família estamos sofrendo”, concluiu o
deputado, que deixará a critério do Poder Público a tomada de providências para
o caso. O deputado informa ainda que vai registrar um boletim de ocorrência
para que o caso seja oficialmente denunciado à polícia.
CHACINA
DO GUAMÁ - O cabo Antônio Figueiredo tinha 43 anos quando foi morto no bairro
do Guamá, em Belém, no dia 4 de novembro de 2014. Na época do crime, ele estava
afastado da corporação. Em decorrência da morte do policial, outras dez pessoas foram assassinadas em cinco bairros de
Belém durante a noite e madrugada do dia 5. A décima vítima foi Allesson
Carvalho, de 37 anos. A polícia prendeu sete pessoas, quatro acusadas de
participar da chacina e as demais teriam envolvimento na morte do cabo da
Polícia Militar. A Promotoria de Justiça Militar indiciou 14 PMs por participação
na chacina. A corporação abriu investigação contra nove policiais. Os processos
não foram concluídos.
O
caso resultou na instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das
Milícias, em 2014, a partir de requerimento do então deputado estadual Edmilson
Rodrigues (PSOL), atualmente deputado federal, na qual o deputado Carlos
Bordalo (PT) foi o relator. No dia 21 de março deste ano, o Tribunal do Júri da
3ª Vara Criminal de Belém sentenciou o ex-policial militar Otacílio José
Queiroz Gonçalves a 29 anos de reclusão por milícia privada e pelo assassinato
o adolescente Eduardo Galúcio Chaves, de 16 anos, uma das vítimas da série de
assassinatos ocorrida em vários bairros da capital, em novembro de 2014, após a
morte do cabo Antônio Figueiredo.
* ASSESSORIA
DE IMPRENSA E DIVULGAÇÃO