Conquistar uma vaga em uma
universidade pública é, possivelmente, uma das maiores alegrias que um jovem
pode ter. Agora, imagine ser aprovado em três universidades públicas, aos 17
anos de idade. Foi isso o que viveu, nesta terça-feira, 30, Willian Bruno Barbosa.
Natural de Cachoeira do Arari, localizado na Ilha do Marajó, prestou o ensino
médio na Escola Estadual Magalhães Barata, em Belém. Ele fez questão de ir até
o Centro de Ciências Sociais e Educação da Universidade do Estado do Pará
(Uepa), no bairro do Telégrafo, para conferir, de perto, a divulgação do listão
dos aprovados no Processo Seletivo (Prosel) da instituição, considerada como
uma das mais importantes do Estado.
Acompanhado pela tia, que é
professora de Ensino Religioso na rede pública estadual, William viu o seu nome
entre os selecionados para o curso de Licenciatura em Geografia. Na
Universidade Federal do Pará (UFPA), ele já tinha sido aprovado em Geologia e,
na Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), em Agronomia. “Tive um grande
apoio dos meus professores, fiz muitos exercícios, muitas redações, e estudei
bastante em casa. Felizmente, o resultado foi melhor do que o esperado”, disse
o rapaz, que prestou vestibular pela primeira vez e estudou a vida inteira em
escolas públicas.
Segundo a tia de Willian, que
também é ex-aluna da Uepa, Elna Gusmão, o rapaz é um grande orgulho para a
família. “Ele sempre foi muito estudioso, muito esforçado, e é a prova viva de
que as escolas públicas, mesmo com todas as dificuldades, podem gerar bons
frutos”, ressaltou.
Outro tricampeão, também da
Escola Estadual Magalhães Barata, é o jovem Rui Trindade, de 19 anos. Já
aprovado na UFPA (Licenciatura em Teatro) e na Ufra (Letras), ele constatou,
pessoalmente, a conquista da vaga na Uepa, também no curso de Letras. “Estou
muito feliz e realizado. Agradeço a minha tia que me deu muita força e à escola
onde estudei, que nos deu todo o apoio necessário”, comemorou.
Já na Escola Estadual Augusto
Meira, no bairro de São Brás, a direção e os professores decidiram colocar uma
caixa de som no pátio da escola, para que os alunos pudessem acompanhar, pelas
rádios da cidade, a divulgação do listão. E eles não demoraram a aparecer.
Muitos já haviam sido selecionados também em outras universidades e faculdades
e fizeram questão de ir até a escola para celebrar a vitória.
Foi assim com Pedro Souza, já
aprovado na UFPA, no curso de Matemática; Paulo Jobson Monteiro, duplamente
vitorioso no curso de Filosofia (UFPA e Uepa); Vinícius Costa, outro que
conquistou vaga duas vezes no curso de Matemática (UFPA e Uepa) e Victor
Hierro, primeiro colocado no curso de Engenharia de Controle e Automação no
Instituto Federal do Pará (IFPA) e aprovado no curso de Matemática, na Uepa.
“Sem dúvida, a equipe de professores nos ajudou muito, nos deu uma grande
motivação e conseguiu extrair o melhor de nós. Eu escolhi fazer Matemática
muito em função do trio de professores que eu tive, essa foi a melhor forma que
encontrei de agradecer a eles”, comentou Vinícius.
A professora de Língua Portuguesa
da Escola, Rita Castro, era uma das mais animadas. Ela atribuiu tantos
resultados positivos dos alunos, sobretudo, ao trabalho em equipe desenvolvido
na Escola e ao projeto do Tempo Integral, no qual a Augusto Meira é considerada
pioneira. “Aqui, o aluno estuda o dia inteiro e leva a sério; somos uma escola
pública que está mostrando resultados”, destacou.
A mesma visão tem a diretora da
Escola, Catarina Miranda. Segundo a profissional, o Ensino Integral foi
implantado na instituição ainda em 2012, de maneira experimental. O trabalho
começou com seis turmas e, no ano passado, encerrou-se com 16 turmas. “A
maioria dos nossos alunos está sendo aprovada nos vestibulares, principalmente
na UFPA, e todos nós estamos muito felizes, porque isso é fruto do trabalho dos
professores, dos funcionários, da direção e vice-direção, todos empenhados no
mesmo objetivo”, enfatizou a diretora, acrescentando que, hoje, a Escola conta
com uma média de 480 alunos, entre Tempo Integral e projeto Mundiar.