Manter viva a tradição do Boi de
Máscaras de São Caetano de Odivelas é um dos objetivos do ciclo de oficinas que
a Secretaria de Cultura do município, em parceria com a Fundação Cultural do
Pará (FCP), está promovendo até esta terça-feira (30) no Centro Cultural da
cidade. As atividades incluem a confecção de máscaras, bois e bonecos
cabeçudos, elementos que identificam a centenária tradição do Boi de Máscaras
de São Caetano, município que fica a 100 quilômetros de Belém.
Dona Maria Raimunda, 65 anos, é
artesã, mas se inscreveu no curso para poder aprender mais um ofício. “Durante
a oficina aprendi a armar, modelar e fazer a cabeça do boizinho, talhando o
marupá”, conta.
O Centro Cultural de São Caetano
vem recebendo nas duas últimas semanas uma grande quantidade de crianças,
jovens e adultos interessados em saber um pouco mais sobre o processo de
produção dos elementos que compõem o Boi de Máscaras. A educadora Wal Guerreiro
explica que o propósito deste trabalho é manter o legado dos mestres
odivelenses. “Achei esta iniciativa fantástica. Sou filha da terra, educadora
social e psicopedagoga, e percebo a necessidade de ações como essa, que ajudem
a preservar e fortalecer a nossa cultura”, opina.
“Acho lindo ver as crianças
aprendendo essa arte. Espero que este projeto tenha continuidade para que
outras gerações também possam aprender sobre a cultura do Bois de Máscaras e
para que, no futuro, essa tradição não exista apenas como fonte de pesquisa na
internet”, pondera Wal Guerreiro.
Mestres – Edgar Júnior, José
Carlos e Ricardo Santos são alguns dos mestres que estão repassando o
conhecimento para os alunos, que vão desde crianças até idosos. Mestre Edgar,
que ensina a produzir os bois, ficou impressionado com o interesse das crianças
e adultos na oficina. “Como resultado dessa atividade vamos confeccionar quatro
'boizinhos' que serão expostos em Belém juntamente com o restante produzido
aqui”, explica.
Para o artesão José Carlos, mais
conhecido como 'Batucada', este momento propicia uma troca de conhecimento
muito salutar, principalmente para as crianças. “Elas passam o dia inteiro aqui
nas oficinas aprendendo um novo ofício, para manter viva a nossa arte e nossa
cultura. São elas a nossa garantia de que a tradição do Boi de Máscaras de São
Caetano não vai se acabar”, comemora.
Ricardo Santos ministra o curso
de máscaras e comemora o envolvimento dos alunos ao longo do processo. “Temos
pessoas de todas as idades participando das oficinas. E como resultado teremos
mais de 20 máscaras produzidas para a exposição em Belém”.
As peças produzidas serão
expostas no mês de março na Galeria Benedito Nunes, da FCP, um novo espaço
aberto no subsolo do Centur, com entrada pela avenida Rui Barbosa. A mostra, que
comemora os 80 anos do Boi Tinga, reunirá diversos elementos da cultura popular
de São Caetano de Odivelas.