Com o nome inspirado na
professora Margarida Schivasappa, o teatro tem 505 assentos, com 481 lugares na
plateia, 28 camarotes e 30 lugares no mezanino destinados aos cadeirantes e
quatro poltronas para demais portadores de necessidades especiais.
Segundo a coordenadora do teatro,
Claudia Pinheiro, o palco do Schivasappa dialoga com todas as linguagens.
“Dentro da caixa cênica se tem uma excelente visão de qualquer lugar da
plateia. Converso com muitos artistas e produtores que têm nos procurado
justamente pela acústica, a agradabilidade de estar na casa”, afirma.
Atualmente, o teatro recebe cerca
de 20 atividades culturais por mês, como shows musicais, espetáculos de teatro
e dança. “Nós temos eventos específicos que atendem artistas locais por meio do
Edital Pauta Livre da FCP. Nesse dia o teatro acolhe o artista e dá
visibilidade”, ressalta.
Edital Pauta Livre
O artista Reginaldo Viana foi um
dos contemplados no certame oferecido pela FCP na edição do ano passado e
apresentou seu espetáculo “Radiofônico” no palco do Margarida Schivasappa, em
novembro.
O espetáculo valorizou as músicas
dos anos 80 e 90, como baladas, rock e bregas, que estão no inconsciente
coletivo do público, com arranjos contemporâneos, misturando teatro e música.
O artista, que já se apresentou
mais de 10 vezes no teatro, elogia o espaço, considerado referência por ele. “O
Margarida oferece condições para explorar as artes cênicas. Tem uma estrutura
maravilhosa que faz o espetáculo ficar mais rico quando vamos apresentar. É uma
estrutura com grande liberdade, nos sentimos perto do público e vice-versa”,
elogia.
Público fiel
A produtora cultural Léa Moreno
começou a frequentar o Margarida Schivasappa na década de 80, logo após sua
inauguração, tanto como público quanto como produtora cultural. O que mais
atrai a produtora são os espetáculos nacionais ou locais com boas fichas
técnicas, bem produzidos e dirigidos, entre outros aspectos.
Para ela, o teatro sempre foi e
continua sendo um espaço dinamizador na área cultural, capaz de reunir vários
segmentos, como o teatro, a música, a dança e outras expressões artísticas. “A
ampla convivência democrática privilegia seus conteúdos, sempre visando o
objetivo de proporcionar ao público seu compromisso com o desenvolvimento
cultural da cidade”, comenta.
Léa Moreno afirma também que o
Margarida Schivasappa tem uma ótima estrutura operacional e compatível para a
realização dos eventos, com sala de espetáculos confortável para o público e
equipamentos técnicos modernos. “As necessidades das produções e dos artistas
são atendidas. O teatro conta com uma boa equipe técnica, bastante
especializada em suas diversas funções, se equiparando aos melhores teatros
modernos do país”, finaliza.
Quem também se faz presente com
frequência no teatro é o fotógrafo Manoel Pantoja, de 61 anos. Ele, assim como
Léa Moreno, também vai ao espaço desde sua inauguração. Por trabalhar com foto
e vídeo, sempre gostou de teatro e centros que apresentam arte de um modo
geral. “É um local que indico por ter um aconchego para todos. Tenho um bom
relacionamento com o pessoal do Margarida”, afirma.
Em uma das atividades promovidas
pela administração do teatro, entre oficinas e workshops, Manoel Pantoja já
teve a oportunidade de conhecer as estruturas de perto. “É uma estrutura muito
boa. O considero como o melhor palco de teatro aqui de Belém. É um teatro
projetado que tem dimensões boas para qualquer espetáculo. É de grande
importância para a arte, sendo referência”, avalia.
Amor pelo teatro
Elias Hosana, de 62 anos,
trabalha desde a inauguração do Margarida Schivasappa como porteiro e o
considera como sua segunda casa. Entre espetáculos e shows, Elias manteve
contato com inúmeros artistas, como Ari Toledo e Lia Sophia. “Por aqui passam
espetáculos muito bons. Temos a oportunidade de conversar um pouco com os
artistas e acabamos nos identificando”, revela.
Para o funcionário da FCP,
receber o público e ver que saíram satisfeitos do teatro não tem preço. “É uma
maravilha receber o público, o pessoal entra e sai feliz. Esta casa é ótima para
todo mundo, sem falar da estrutura sensacional. Todo artista que vem aqui acha
lindo”, afirma.
Elias também comenta sobre sua
identificação pela profissão. “Eu gosto muito daqui. É um trabalho de muitos
anos que faço com maior prazer. Já fiz muitas amizades, até o público me
conhece. As pessoas que frequentam aqui voltam sempre, pois tem um clima muito
bom”, finaliza.
Margarida Schivasappa
Afinal, quem foi Margarida
Schivasappa? Foi essa curiosidade que levou o pesquisador e escritor Antônio
Pantoja, de 65 anos, a escrever a biografia “Margarida Schivasappa – a primeira
dama do teatro paraense”, lançada em 2015.
Além de diretora de teatro,
Margarida Schivasappa foi carnavalesca e até professora de canto e coral, onde
está o seu mais importante trabalho depois do teatro. “Ela foi uma de nossas
mais notáveis mestras, uma das responsáveis pela formação cultural da juventude
de sua época, dada a importância de seu trabalho desenvolvido junto aos
estudantes com o seu Teatro de Estudantes do Pará”, afirma Antônio Pantoja.
Para o pesquisador, o nome do
teatro faz justiça ao simbolismo de Margarida Schivasappa, que desde a década
de 40 era a figura mais importante do teatro paraense, levando o nome do estado
para além das fronteiras. “O legado da professora foi algo muito importante,
pois percebemos que na história cultural do Pará ela teve seu nome registrado.
Foi uma pessoa que deixou uma contribuição muito grande”, afirma.
Segundo ele, Margarida
Schivasappa participou de vários encontros de teatro de estudantes no Brasil
inteiro e despertou a admiração e o respeito de um dos maiores diretores
nacionais, Pascoal Carlos Magno.
Antônio Pantoja revela, ainda, a
dificuldade de Margarida Schivasappa desenvolver seu trabalho no Teatro de
Estudantes do Pará, pois não havia locais para ensaio. A solução era ensaiar no
coreto localizado atrás do Theatro da Paz, usado por muitos anos por Albertinho
Bastos. “Na marcação da cena ela utilizava caixotes que buscavam na feira do
Ver-O-Peso. Era aquilo que era a mobília dos ensaios. Ela tinha uma dedicação e
uma entrega muito grande ao teatro paraense”, finaliza.