Você sabia que cada habitante da Região
Metropolitana de Belém gera, diariamente, cerca de 800 gramas de lixo? Ao final
do dia, essa quantidade totaliza 1.500 toneladas. E como cada cidadão pode
contribuir para reduzir os resíduos sólidos? Consciência ambiental e reciclagem
são caminhos que podem levar a bons resultados. É partindo desse princípio que
nasce o Centro Cultural Santa Clara, situado em Marituba. Inaugurado esta
semana, quando se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, o espaço tem o papel
de levar conhecimento, interação e aproximar a comunidade. A iniciativa é
apoiada pela Unidade de Valorização Sustentável (UVS) Guamá, Instituto Solví,
Associação Irmãs Auxiliadoras Déias do Brasil e escolas da comunidade.
No centro cultural funcionará o projeto
Uirapuru Mirim, que trabalhará a arte-educação por meio de oficinas temáticas
sobre meio ambiente, sustentabilidade, cidadania, sexualidade, família,
casamento, relacionamento humano, diversidade e drogas. Inicialmente, serão
atendidas 40 crianças e adolescentes, entre 7 e 16 anos.
Aprovado este ano pelo Ministério da
Cultura, o Uirapuru Mirim já funciona em quatro localidades em São Paulo –
Caieiras, Jaguaré, Elisa Maria e Santo Elias – e chega ao Pará, totalmente
adaptado à cultural local. “Vamos trabalhar não só o cronograma do projeto, mas
inserir todas as questões ambientais. O cenário e figurino das apresentações,
por exemplo, serão feitos a partir de materiais recicláveis. O projeto vai
oportunizar descobertas dentro da arte, fortalecer a cultura e história local”,
acredita Andrea Sargentelli, presidente da Associação Irmãs Auxiliadoras Déias
do Brasil.
Marco Antônio Cabral, presidente da
Associação de Moradores da Comunidade Santa Clara, observa que o espaço será
fundamental para tirar as crianças do ócio e oferecer a elas uma perspectiva de
futuro, além de ser um ponto de coleta de recicláveis em parceria com a
Associação dos Catadores de Marituba (Acarema). “Queremos muito que essa
parceria dê certo. Temos que fazer a nossa parte. Como cobrar do poder público
uma coisa que nós mesmos estamos contribuindo para sujar? Temos que saber onde
vamos colocar a garrafa pet do refrigerante que tomamos e a embalagem do
biscoito que comemos, por exemplo. Temos que entender que a responsabilidade
para que a rua se mantenha limpa também é nossa. Esse projeto é de grande
relevância para a comunidade e dará oportunidade de conscientização ambiental
para nossas crianças”, comenta.
Conscientização ambiental
As oficinas do Uirapuru Mirim serão
ministradas todas as terças-feiras, de 8h às 11h, pelos arte-educadores Nivaldo
Ferreira e Antônio do Rosário, que trazem na bagagem ampla experiência para
compartilhar com as crianças. Morador de Marituba há 13 anos, o professor
Nivaldo Ferreira já integrou projetos sociais de instituições de São Paulo e
Rio Janeiro, voltados para o atendimento de crianças em situação de risco e que
convivem com HIV/AIDS. “A ideia é fazer com que as crianças desenvolvam uma
consciência da realidade local em torno do reaproveitamento dos resíduos. Vamos
fazer um trabalho cultural e didático para que percebam essas necessidades e
possibilidades das coisas. Eu acredito muito nesse tipo de trabalho”, afirma.
Com 16 anos de profissão, o professor e
artista circense Antônio do Rosário vai trabalhar com o teatro e a dança,
ensinando movimentos corporais, postura, presença de palco e formas de
expressão. Rosário é formado pela Escola Nacional de Circo do Rio de Janeiro e
integra o grupo Palhaços Trovadores. “Esse trabalho será bastante desafiador.
Durante as oficinas, vou falar das oportunidades que tive e como elas foram
importantes para meu crescimento pessoal e profissional. E partir daí fazer uma
conexão de como cuidar do meio ambiente e de si mesmo. A expectativa é de que o
projeto dê frutos e ofereça novos horizontes para essa meninada”, diz.
Ana Rita Lopes, coordenadora do
Instituto Solví, braço social do Grupo Solví, explica que o trabalho do Centro
Cultural Santa Clara, incluindo as atividades do projeto Uirapuru Mirim, será
construído em conjunto com a comunidade. “Será um trabalho de formiguinha, mas
seremos incansáveis até abranger o maior número de pessoas para uma
conscientização ambiental. Além das oficinas, vamos trazer informações sobre a
diferença entre aterro e lixão e sensibilizar para que as pessoas entendam que
elas têm qualidade de vida preservada com o centro. Também vamos nos aproximar
cada vez mais da comunidade, trazendo informações sobre as operações da UVS
Guamá, administradora do aterro sanitário em Marituba”, explica.