Com 169 anos de história, o 2º Batalhão
da Polícia Militar voltar a funcionar oficialmente na antiga sede, localizada
na esquina da avenida Assis de Vasconcelos com a rua Gaspar Viana. A unidade militar será reinaugurada na noite
de hoje pelo Comando Geral da Polícia Militar.
Para quem não sabe, a história do 2º BPM
se confunde com a história de Belém, do Pará e do Brasil. Seus capítulos iniciaram
em 1847, quando a Polícia Militar ainda era conhecida como Corpo Provincial de
Caçadores de Polícia, sediado no prédio pertencente à Ordem Terceira de São
Francisco, vinculado ao Convento e Hospital, o qual era alugado por 200 mil
réis.
Já no governo de Jeronimo Francisco
Coelho foi consignada uma verba de 5 contos de réis para a construção de um
quartel que abrigasse o Corpo de Polícia. Em maio de 1849, as obras iniciaram
nos terrenos cedidos à Fazenda Provincial por dona Francisca Rozo Cardoso, no
sítio denominado Reduto, no extremo norte da cidade. O prédio tinha de frente
240 palmos e 85 palmos de profundidade, dividido em quatro grandes coxias, além
de um pátio interno e outras disposições.
Em março de 1854 foram completados os
trabalhos de construção do quartel com o lajeamento do corpo da guarda, a
enfermaria, a secretaria do médico, a cozinha e cavalariças, tendo ao total
sendo dispendidos em toda a construção. Nesse contexto, o presidente da
província era Sebastião do Rego Barros.
Protagonista - O resgate da sede do 2º
BPM nos remete novamente à história brasileira, uma história que demostrou que
este espaço sempre foi protagonista das ações da Polícia Militar, a exemplo da
mobilização às Guerras do Paraguai, de Canudos e até para os conflitos dos anos
1930.
Assim como antes, época da movimentação
do Corpo Paraense de Voluntários da Pátria, sob o chamado das tropas pelo
governo imperial, a sede do 2º BPM ganha não apenas corpo, mas uma localização
privilegiada, que dará condições estratégicas para combater a criminalidade em
bairros como Reduto, Umarizal, Cidade Velha, Campina, Comércio, Canudos, São
Braz e Nazaré.
E nesse esforço para resgatar a
história, a nova sede do 2º Batalhão, abriga desde o dia 30 de setembro, com a
exposição de um dos grandes símbolos da Festa de Nazaré, a corda do Círio, que
poderá ser visitada até o dia 13 deste mês.
Guerra do Paraguai - O chamado Quartel
do Reduto, que reuniu grandes destacamentos, em março de 1865 embarcou o 1º
Corpo Paraense de Voluntários da Pátria, com 528 homens, para atuar na Guerra
do Paraguai, saindo do quartel e percorrendo em desfile, sob o comando do
tenente-coronel Joaquim Cavalcante de Albuquerque Bello, as ruas de Santo
Antônio, dos Mercadores até o embarque no porto da cidade. Em julho daquele
ano, o 2º Corpo Paraense de Voluntários da Pátria seguiu da mesma forma com
efetivo de 372 homens.
Canudos – No contexto da Guerra de
Canudos, em 1897, o Quartel de Reduto sediou o comando da Brigada Militar do
Estado, cujo comandante era o Coronel Sotero de Menezes, recebeu ordens do
Governador Paes de Carvalho para que preparasse a tropa, a fim de seguir àquela
guerra na região nordeste.
No mesmo ano de 1897, mas no mês de
agosto, os militares que embarcariam para Canudos fizeram, a partir do quartel
do 1º de Infantaria, um desfile pela cidade e embarcaram para Canudos com
efetivo de 547 homens, com tropa do 1ª de Infantaria, comandado por Sotero de
Menezes, e 2ª de Infantaria, comandado pelo tenente-coronel Fontoura.
República e a Revolução de 1930 –
Seguindo a história do 2º BPM, chegamos ao contexto da 1ª República. A partir
do Quartel do Reduto que a tropa da Polícia Militar, então denominada de
Brigada Militar do Estado, reorganizava as linhas de defesa da cidade,
restaurando a ordem pública quando dos ataques promovidos por sediciosos
militares que promoviam desordens e motins para em 1930 alcançarem o poder, no
conhecido capítulo histórico da Revolução de 30.
Nesse relevante fato histórico, em 27 de
julho de 1824, na tentativa de tomada desse quartel que, comandando uma tropa
amotinada do Exército, foi ferido mortalmente o capitão do EB, Augusto Assis de
Vasconcelos, tendo os sediciosos batido em retirada.
Durante as décadas de 1960/1970 o
quartel foi sede do Batalhão de Guardas da PM – BGPM e, ao final dos anos 1980,
foi gestado nele o projeto de implantação do PM-BOX, que se expandiu nos anos
1990 e 2000, chegando a ser esgotar como estratégia de policiamento.
Com o advento da mobilidade e do
radiopatrulhamento o modelo se exauriu e foi extinto, mas a partir do 2º BPM
foram pensados outros modelos como o de policiamento com bicicletas que, pelo
estrangulamento do trânsito no centro de Belém, acaba por ser eficaz e
eficiente.