Desenvolvido pelas organizações
não-governamentais WRI Brasil e Preta Terra, em parceria com a Alcoa
Foundation, 23 famílias de pequenos produtores das comunidades de Santa Maria
do Curumucuri e Mamuru, em Juruti, estão experimentando o método dos sistemas
agroflorestais e aprendendo a conciliar a produção agrícola com as riquezas da
floresta. O método se baseia em plantio que evita a queima da floresta e
permite conservação do solo, produção diversificada e sustentável.
No projeto, denominado Restauração
Compatível com Igualdade de Gênero e a Mudança de Clima, das 23 famílias, 14
são lideradas por mulheres. Entre elas, a agricultora Marliane das Chagas
Soares, que, após treinamento e capacitação, teve um Sistema Agroflorestal
(SAF) de um hectare com plantio de mandioca e floresta implantado na sua
propriedade. “Nós já queríamos ter uma produção com sustentabilidade, por isso
o projeto chegou em boa hora. É um trabalho que estamos fazendo para melhorar a
vida da nossa família”, conta.
Os Sistemas Agroflorestais são uma forma
de uso do solo que combina em uma mesma área e em um determinado tempo, o
cultivo de espécies arbóreas, frutíferas, madeireiras e ainda a produção de
animais. Em Juruti, desenhos de modelos agroflorestais estão sendo utilizados
como base junto aos produtores com três diferentes focos: mandioca, frutas e
gado. As espécies nativas também são utilizadas na composição do modelo, como
paricá, cumaru, taperebá, pau-rosa e outras.
“Meu objetivo é mostrar para as pessoas
que dá para produzir sem desmatar. Queremos levar esse trabalho para outros
agricultores, mostrar para eles que é possível”, relata a produtora rural
Fátima de Melo Lira, que teve uma unidade demonstrativa de pasto e floresta
implantado em 1/4 de hectare da sua propriedade.
SAF’s na Amazônia - O projeto apoiou a
implantação de 23 unidades demonstrativas de SAFs, um por família, totalizando
área de 10 hectares distribuídos nas duas comunidades. Também foi promovido um
workshop sobre resultados preliminares do modelo agroflorestal testado e um
debate sobre a viabilidade dos SAFs na Amazônia, contando com a presença de
representantes da Alcoa, secretarias municipais, organizações civis e
comunitários.
“Em Juruti, esta iniciativa traz aos
produtores uma visão ampla de produção diversificada, fortalecendo a vocação
agrícola e de uso da floresta pelas comunidades. Esta é uma das iniciativas da
Alcoa com foco no futuro e na sustentabilidade de Juruti, indo além dos
benefícios diretos da mineração”, destaca Rogério Ribas, Gerente de Relações
Institucionais da Alcoa Juruti. A Alcoa Foundation apoia iniciativas de
contribuição às questões das mudanças climáticas e conservação da
biodiversidade no mundo todo.
“Com apoio da Alcoa Foundation, estamos
fortalecendo as comunidades e combatendo as mudanças climáticas, enfatizando a
importância da mulher no espaço rural. Através dos SAFs, vamos diversificar as
espécies plantadas, saindo da predominância da agricultura da mandioca, para
incluir árvores com usos múltiplos e alimentos saudáveis no menu do produtor.
Além de recuperar áreas degradadas e abandonar a prática da queima, queremos
melhorar a qualidade e diversidade de bens produzidos, contribuindo para um
novo modelo de uso da terra”, destaca Rachel Biderman, diretora executiva do
WRI Brasil.
Com a implantação dos SAFs foi encerrada
a segunda fase do projeto, que incluiu a produção de mudas, o plantio de
árvores e a capacitação de produtores. Na etapa anterior foram realizados o
diagnóstico e a articulação das famílias. A partir de agora, o projeto entra em
nova fase, e os SAFs implantados serão monitorados com o apoio dos próprios
produtores. A expectativa é que em seis meses as primeiras árvores já estejam
produzindo frutos.