O câncer de pele é o mais comum no ser
humano e também o mais fácil de evitar. Entretanto, fatores como a resistência
ao uso de protetor solar e o preço elevado do produto prejudicam a prevenção.
Dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) mostram que, em 2019,
foram notificados 158 casos, número que no ano passado chegou a 201.
Para enfatizar a importância de prevenir
a doença, a Sespa já realizou dois mutirões neste mês de dezembro, informou a
coordenadora de Atenção Oncológica da Secretaria, Patrícia Martins. "A
intenção dos eventos foi divulgar a existência desse tipo de câncer e,
principalmente, alertar a população de que deve procurar assistência médica o
quanto antes, quando detectar algum problema na pele. O serviço de referência
para o câncer de pele é o ambulatório de dermatologia da Universidade do Estado
do Pará (Uepa), de média complexidade, para fazer o diagnóstico. Em janeiro
deve ser inaugurado outro centro", anunciou Patrícia Martins.
A Uepa oferece laboratórios para
detecção e tratamento da doença no Serviço de Dermatologia Prof. Miguel Saraty
de Oliveira. De acordo com a coordenadora do espaço, dermatologista Regina
Carneiro, a faixa etária de maior incidência é a partir dos 60 anos, quando
aparecem as consequências de uma vida de exposição indevida, principalmente em
pessoas que trabalham em ambiente aberto, como lavradores e pescadores.
Maus hábitos - Mas esse cenário tem
mudado e atingido indivíduos entre 30 e 40 anos. Hábitos inadequados são
algumas das causas, como o bronzeamento artificial que cresceu com a moda da
marca de fita isolante. "A pele é trocada a cada 70 dias. Quando o
indivíduo vai além da exposição solar rotineira, as trocas de células ficam
defeituosas. É uma matemática: a exposição rotineira somada à proposital",
explicou a médica. "O sol é um amigo que é preciso respeitar. Se souber
fazer uso dele, a pessoa vai obter os benefícios. Mas se não souber, terá
também os malefícios. O protetor solar é um aliado que, infelizmente, não se
adquire o hábito desde a infância, como o creme dental ou sabonete",
frisou Regina Carneiro.
A dermatologista informou ainda que
existem três tipos de câncer de pele: os não melanomas carcinomas basocelular e
espinocelular, que são tratados com procedimentos cirúrgicos, e o melanoma, que
exige, além de cirurgia, tratamentos complementes, como quimioterapia e
radioterapia. Alguns casos podem ser curados apenas com remédios. Somente em
2019, a instituição detectou, e tratou, 220 casos, a maioria não melanoma, cuja
notificação não é obrigatória.
Atualmente, estão cadastradas quase 48
mil pessoas no Serviço, que atende de patologias simples às mais complexas,
entre as quais dermatite atópica, vitiligo, psoríase e linfomas cutâneos. A
cada semana são atendidos até 125 novos pacientes que chegam regulados de
Unidades Básicas de Saúde. "Por se tratar de um espaço de ensino e
assistência, desenvolvemos ações de educação, inclusive durante as consultas,
que são longas para que o sucesso terapêutico seja compartilhado com o
paciente", disse Regina Carneiro.