Agência Brasil
O percentual de consumidores que se importam com a garantia e os serviços de pós-venda aumentou - Marcelo Camargo/Agência Brasil/EBC |
Entre os brasileiros com renda familiar
de até um salário mínimo, 78% costumam buscar informações sobre garantia e
serviços de pós-venda. O percentual diminui à medida que a renda familiar
cresce – 69% dos brasileiros de famílias que recebem mais de cinco salários
mínimos têm o hábito de pesquisar por esses aspectos antes da compra do item de
maior valor.
Na avaliação da CNI, uma possível
explicação para o maior interesse das pessoas de renda mais baixa é que elas
demoram mais para trocar bens de maior valor. Portanto, se importam mais com os
serviços de pós-venda, a fim de garantir que as peças estarão disponíveis
durante a vida útil do produto e que haverá mão de obra qualificada para fazer
os reparos necessários.
Os números apontam ainda que a
quantidade de consumidores que se importa com a garantia e os serviços de
pós-venda aumentou de 65%, em 2013, para 74%, em 2019.
Para o gerente-executivo de Pesquisa e
Competitividade da entidade, Renato da Fonseca, "Isso mostra toda uma
mudança que vem afetando a indústria. Não adianta só entregar o produto, é
preciso entregar o serviço do produto. E esse produto tem que funcionar por
mais tempo".
Na avaliação de Renato, com a crise
econômica, essa questão ficou ainda mais importante porque os consumidores com
dificuldade de renovar o produto estão ainda mais preocupados com a manutenção,
com o conserto e com esse serviço. "Essa deve ser uma preocupação que
precisa estar à frente das indústrias.O consumidor está mais exigente na
qualidade e no preço do produto", disse.
Pechincha
A pechincha, hábito de pesquisar preços
antes de adquirir o produto desejado, é tradição da maioria do consumidor
brasileiro, principalmente na compra de bens de maior valor. Segundo a
pesquisa, 93% dos consumidores pechincham, enquanto 80% pesquisam as
características técnicas desses produtos antes de adquiri-los.
Entre os mais jovens (16 a 24 anos), o hábito
de pechinchar é menor – chega a 73%. Outro grupo em que o hábito de pechinchar
é menos comum – 70% – é o de consumidores com renda familiar superior a cinco
salários mínimos.
Design e propaganda
De acordo com a pesquisada CNI, o preço,
a qualidade e a marca do produto são considerados os fatores mais importantes
na hora de adquirir o bem de maior valor. Entre os brasileiros com renda
familiar superior a cinco salários mínimos, 39% apontam preço e 57% apontam
qualidade entre os dois fatores mais importantes. Esse padrão se inverte para os
brasileiros de renda familiar inferior a um salário mínimo: 54% consideram
preço e 39% consideram qualidade entre os dois fatores mais importantes.
Em relação aos fatores considerados
menos importantes na aquisição de bens de maior valor, 41% dos brasileiros
apontam a propaganda, enquanto 27% citam design/aparência entre os dois fatores
menos importantes. Novidade/lançamento aparece logo em seguida, assinalado por
23% dos entrevistados como um dos dois fatores menos importantes.
Os homens valorizam a marca e o
fabricante dos produtos mais do que as mulheres. Entre eles, 37% apontaram o
fator marca/fabricante entre os dois fatores mais importantes, percentual que
cai para 31% entre as mulheres. Quanto maior a renda familiar dos brasileiros,
mais eles consideram qualidade e menos eles consideram preço entre os fatores
mais importantes na compra de bens de maior valor.
A pesquisa Retratos da Sociedade
Brasileira sobre o perfil do consumidor ouviu 2 mil pessoas em 126 municípios,
entre 19 e 22 de setembro de 2019.