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oncologista clínica Paula Sampaio |
A tecnologia proporciona o acesso rápido
a milhares de informações, na palma da mão. No celular, por meio das redes
sociais e aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, em sites e blogs. Um dos
problemas dessa enxurrada de informações é filtrar, saber o que é confiável e o
que não é. Quantas pessoas recebem postagens nos grupos de família ou de amigos
e compartilham sem se preocupar em verificar a veracidade delas? Informações
disseminadas pela internet com a rapidez de um vírus podem causar uma “epidemia
de desinformação”. E o prejuízos que podem causar são enormes, especialmente
quando são notícias falsas sobre saúde.
Não é exagero dizer que fake news podem
induzir as pessoas a erros, afetar a saúde e podem até matar. Um estudo recente
sobre o assunto comprova essa situação alarmante.
67% dos brasileiros acreditam em ao
menos uma afirmação imprecisa sobre vacinação. O dado é parte do estudo “As
Fake News estão nos deixando doentes?”, feito pela Avaaz em parceria com a
Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), com o objetivo de investigar a
associação entre a desinformação e a queda nas coberturas vacinais verificadas
nos últimos anos.
Para chegar ao resultado, as
instituições encomendaram ao IBOPE uma pesquisa com cerca de 2 mil pessoas
acima de 16 anos, em todos os estados do Brasil e Distrito Federal.
As fake news impactam diretamente na
cobertura vacinal e prevenção de doenças, como a infecção pelo papilomavírus
humano (HPV). Dos mais de 150 tipos diferentes de HPV, 40 podem contaminar a
região genital e provocar tumores malignos.
A vacina é capaz de proteger contra os
tipos mais agressivos do vírus (6, 11, 16 e 18), podendo diminuir em até 98% a
incidência de verrugas e outras doenças, como o câncer de colo de útero – o
terceiro mais incidente em mulheres no Brasil e empatado, em 1º lugar, com o câncer
de mama, no Pará, apesar de ser um dos tipos de câncer mais preveníveis.
A oncologista Paula Sampaio vê o
resultado da pesquisa como alarmante. “90% dos casos de câncer de colo de útero
são causados pelo HPV, vírus sexualmente transmissível que também pode causar
outros tipos de câncer, como cabeça e pescoço (tumores que se manifestam na
boca, na faringe e na laringe), pênis, vulva, vagina e ânus”.
Nessa época de Carnaval, a preocupação
com a transmissão do vírus aumenta. Medida fundamental é a conscientização
sobre a vacinação contra HPV, disponibilizada pelo SUS no Brasil desde 2014 e
considerada uma das maneiras mais eficazes e seguras de prevenção primária
contra o câncer, com a imunização contra o HPV em meninas e meninos.
Com a vacinação, a expectativa é o
Brasil ter as próximas gerações livres do câncer de colo de útero, porque a
vacina deve ser tomada, preferencialmente, antes do início da vida sexual. “A
outra medida de prevenção é o uso de preservativos nas relações sexuais, inclusive
para o sexo oral”, ressalta Paula Sampaio.
É importante reforçar que o HPV é um
problema de falta de prevenção, não de promiscuidade. Com conscientização e boa
informação é possível aproveitar datas festivas como o Carnaval, sem colocar a
saúde em risco.
Mais dados da pesquisa - Entre os
motivos para não vacinar, as pessoas apontaram, nesta ordem: “não achei a
vacina necessária (31%)”; “medo de ter efeitos colaterais graves após tomar uma
vacina (24%)”; “medo de contrair a doença que estava tentando prevenir com a
vacina (18%)”; “por causa das notícias, histórias ou alertas que li online (9%)
e “por causa dos alertas, notícias e histórias de líderes religiosos” (4%).
Foi pedido aos entrevistados que
apontassem até três fontes de informação nas quais mais veem ou ouvem
informações sobre vacinas. A mídia tradicional, que inclui televisão, rádio,
jornais e sites de notícias da grande imprensa, foi a mais mencionada (68%).
Mas em segundo lugar estavam as redes sociais, como o Facebook, YouTube,
Instagram, além do WhatsApp e demais aplicativos de mensagens instantâneas
(48%) — essas fontes se mostraram mais recorrentes que o Ministério da Saúde ou
médicos, por exemplo, que aparecem em quarto e quinto lugar respectivamente.