Além do Dia Internacional da Mulher
(8/3), o mês de março também é marcado como o mês da Conscientização Mundial da
Endometriose. O Março Amarelo tem como principal objetivo alertar as mulheres
sobre a doença.
Trata-se de uma inflamação crônica
caracterizada pelo crescimento do tecido que reveste a cavidade uterina em
outras partes do organismo, como ovários, ligamentos uterinos, bexiga e
intestino, que pode atingir áreas como o pulmão.
Entre os sintomas da endometriose estão:
dor pélvica contínua com piora no período menstrual, dor durante a relação
sexual, dor ao urinar, ao evacuar ou ao enchimento vesical, constipação
intestinal e diarreia no período menstrual.
No Brasil, a doença afeta cerca de sete
milhões de mulheres, segundo a Associação Brasileira de Endometriose (SBE). Em
todo o mundo, de acordo com a World Endometriosis Research Foundation, entidade
que atua na pesquisa e tratamento e com presença em mais de 30 países, a
endometriose atinge cerca de 176 milhões de mulheres.
A cólica menstrual quando muito intensa
é um sinal de alerta e deve ser investigada. “Na maioria dos casos, a
endometriose se manifesta com fortes cólicas pélvicas, que ocorrem geralmente
durante o período menstrual. Com a evolução da doença, o incômodo pode
acontecer durante o mês inteiro. Cólicas leves à moderadas no período
menstrual, geralmente são comuns. Quando se percebe que a intensidade das cólicas
aumenta a cada ciclo, já é um sinal de alerta”, orienta a ginecologista Oskarla
Santana, que atua pela Pró-Saúde no Hospital Yutaka Takeda, em Parauapebas, no
Pará.
A profissional ressalta que as
complicações da endometriose podem atrapalhar os planos de mulheres que sonham
em engravidar. “Nos casos mais graves, a infertilidade pode ser uma das
consequências, pois o processo inflamatório pode levar a formação de
aderências, que resultam na obstrução das tubas uterinas e ovários”, explica.
Diagnóstico e tratamento
Como pode haver uma dificuldade na
descoberta da doença - ainda hoje, a média estimada do tempo entre o início dos
sintomas até o diagnóstico definitivo é de aproximadamente 7 anos - diante da
suspeita, o exame ginecológico clínico deve ser realizado, seguido de exames
como ultrassom endovaginal e ressonância magnética. A visualização das lesões
por laparoscopia, é padrão-ouro para o diagnóstico. As pacientes diagnosticadas
com endometriose devem realizar tratamento clínico para alívio dos sintomas,
com o uso de medicamentos para controlar a dor e minimizar a progressão da
doença.
A endometriose afeta a qualidade de vida
das mulheres devido ao quadro álgico que pode se tornar cada vez mais intenso
e, por vezes, incapacitante no período menstrual, prejudicando a rotina que
pode envolver estudos, trabalho, lazer e até a vida conjugal.
Em casos mais graves, é aconselhado o
método cirúrgico, para retirar as áreas afetadas pela endometriose, ou a
cirurgia de histerectomia, nas situações agudas. “A cirurgia é o método mais
efetivo para combater a doença e pode ser feita por videolaparoscopia, sendo
minimamente invasiva e muito eficaz”, ressalta a Oskarla.
Tipos de endometriose
A endometriose pode se apresentar em
seis tipos diferentes:
Endometriose superficial: normalmente atinge
mais o peritônio - tecido que recobre internamente os órgãos da cavidade
abdominal e pélvica;
- Endometriose no ovário: acomete os
ovários, sendo principalmente ocasionada pela formação de cistos com um
conteúdo sanguinolento dentro do ovário;
- Endometriose profunda: forma mais
agressiva da doença, caracterizada por focos de endometriose nos ligamentos
uterinos, sigmóide e septo retovaginal, podendo atingir também a bexiga e os
ureteres;
- Endometriose de parede: que acomete a
parede abdominal, notadamente em áreas submetidas previamente à cirurgia, como
cesarianas;
- Endometriose pulmonar: forma bastante
rara da doença, que ocorre quando o tecido endometrial responsivo aos hormônios
através da corrente sanguínea se desenvolve na região pulmonar;
- Endometriose peritoneal: tipo mais
comum da doença, que afeta o tecido que recobre os órgãos da região abdominal,
causando dores intensas no abdome e na região lombar.