Um levantamento realizado pelo Hospital
Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), aponta que em 2019, a unidade
recebeu 4.369 pacientes vítimas de acidente de trânsito. Desse total, 1.838
foram por conta de complicações causadas por colisões de automóveis.
O HMUE é uma unidade do Governo do Pará,
gerenciado pela Pró-Saúde desde 2012. O hospital é especializado em casos de
trauma de média e alta complexidades com atendimento 100% gratuito.
De acordo com os dados do hospital, a
maioria das vítimas envolvidas neste tipo de acidente estão concentradas na
faixa etária entre 15 e 29 anos, ou seja, os mais jovens, que representam cerca
de 40% de todos os atendimentos realizados na unidade, localizada em
Ananindeua.
Para o coordenador médico do Pronto
Atendimento, José Guataçara, os números são preocupantes, e um detalhe chama a
atenção: a maior parte das vítimas são jovens do sexo masculino. “São centenas
de jovens acidentados. São situações ocorridas todos os anos, com forte impacto
social, econômico, no setor saúde e para as famílias. Então precisamos cada vez
mais conversar com os nossos jovens”, diz o médico.
O coordenador de enfermagem do HMUE,
Wellingthon Munhoz, ressalta que muitos dos acidentes de trânsito com os jovens
acaba envolvendo o excesso de velocidade e a direção de automóveis sob efeito
de bebidas alcoólicas.
“Esse mês de julho temos vários exemplos
de acidentes em nossas estradas e a maioria ficou comprovado a ingestão de
bebidas alcoólicas. Já na cidade, esse problema é presente também”, alertou.
Na madrugada da última segunda-feira,
27, um jovem de apenas 25 anos causou um acidente na rodovia PA-391, a
Belém-Mosqueiro, próximo do município de Santa Bárbara. O carro de passeio
atingiu a kombi que estava a cantora paraense Cleide Moraes, conhecida como a
“Rainha da Saudade”, que não resistiu aos ferimentos.
O músico da cantora, Miguel Marks, foi
encaminhado para o Hospital Metropolitano e teve alta horas depois do acidente,
com escoriações pelo corpo. Esse é apenas um exemplo das consequências da
negligência e imprudência de motoristas no trânsito e como afetam as vidas de
outras pessoas.
Outros fatores para acidentes envolvendo
jovens:
• Envio e recebimento de mensagens por
aplicativo de celular;
• Uso de celular para atender ligações;
• Velocidade;
• Condução sob influência de álcool e
outras substâncias;
• Não utilização de capacetes para
motociclistas e cintos de segurança;
• Direção distraída;
• Veículos inseguros.
José Guataçara chama atenção para o uso
do celular. Segundo ele, o uso do aparelho para qualquer circunstância, aumenta
25 vezes o risco de se envolver em acidentes. “Você só precisa de 2 segundos
para que o acidente aconteça. Então, o ato de baixar a cabeça para ler ou
mandar uma mensagem pode desencadear acidentes graves”, explicou.
Orientações para um trânsito melhor
Para tentar evitar que mais pessoas
sejam vítimas de acidente de trânsito, o Hospital Metropolitano de Urgência e
Emergência realiza durante todo o ano, diversas ações em relação aos riscos da
direção perigosa. Os mais conhecidos são: “Direção Viva” e o “Quero Andar de
Moto Até Morrer e Não Morrer Andando de Moto”.
Outro projeto é o “Direção Viva”, que
tem a finalidade de sensibilizar os condutores que trafegavam na Rodovia
BR-316. Aos longos dos últimos anos, o projeto se estendeu para outros locais,
como missas, caminhadas em memórias às vítimas de trânsito e exposição de
memorial. As ações já atingiram milhares de pessoas e visam contribuir com a
diminuição no número de acidentes de trânsito na Região Metropolitana de Belém
(RMB) e cidades interioranas.
Já o “Quero Andar de Moto Até Morrer e
Não Morrer Andando de Moto”, tem como foco a conscientização dos efeitos da
imprudência no trânsito, principalmente entre os motociclistas, além da redução
de custos, com otimização da assistência.
O diretor hospitalar do Hospital
Metropolitano, Itamar Monteiro, destaca que o objetivo das ações é reduzir cada
vez mais os acidentes de trânsito e o número de internações. “As campanhas,
tanto de palestras educativas nas escolas quanto panfletagem, na rodovia
BR-316, são apenas algumas das muitas iniciativas que buscam conscientizar as
pessoas quanto a segurança no trânsito”, ponderou.